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6. A paix?o do corta-manga

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Nota da autora: Hey meus amores! O capítulo de hoje é bem pequeno e está saindo mais cedo pra compensar o atraso do de ontem. O próximo será o último e irei postá-lo de manhã, pois amanhã minhas aulas recomeçam. Espero que tenham curtido a fic até aqui, vou tentar não demorar mais a postar traduções no futuro <3

Naquela noite, Lan Wangji fecha os olhos após voltar e trancar o jingshi. Ele tenta meditar porque não consegue dormir, mas os pensamentos consomem sua mente e ele é forçado a reconhecer como cada um é sobre Wei Wuxian.

Wei Ying o mudou, isso está claro. Lan Wangji tem estado menos rígido e mais animado. Na aula, ele passara a antecipar mais do que as lições de seu tio. Ainda comia em silêncio no almoço, mas trocava olhares com Wei Wuxian, que de vez em quando era repreendido por Jiang Wanyin por chamar Lan Wangji e rir quando ele também deveria ficar em silêncio.

Ele se sentava na biblioteca e não se concentrava em nada, esperando que Wei Ying passasse correndo pela porta. Saía para cultivar na Fonte Fria, mas acabava passando o tempo com os coelhos que Wei Wuxian deu-lhe em seu último dia de punição. Lan Wangji os alimentava com alface e fala sobre Wei Ying porque eles ouviam e nunca julgavam.

E à noite, é claro, ele tomava banho e subia no telhado que se tornou seu porto-seguro. Mesmo quando ia dormir, seu coração permanecia entorpecido de felicidade por estar na presença do amigo.

Às vezes, Lan Wangji podia vê-lo em seus sonhos também. Wei Wuxian segurando sua mão, dizendo que ele é lindo e tão bom, acariciando seu rosto e rindo de algo que ele disse. Às vezes, eles chegavam tão perto que ele quase podia sentir...

Lan Wangji suspira. Ele não é ignorante. Sabia muito bem que não pensava mais em Wei Wuxian como um amigo.

Você entenderá quando encontrar alguém como a mamãe, Wangji. As palavras de seu irmão ecoam em seus ouvidos e Lan Wangji sabe que ele está certo.

Wei Ying é um espírito livre, ousado, bonito e muito provocador. É exatamente assim que ele lembra que sua mãe era. Ele se lembra de como ela o abraçava com força, ria e puxava suas orelhas porque ele ficava vermelho com o menor elogio.

Lan Wangji entende, pela primeira vez, porque seu pai não poderia suportar vê-la morrer. Ele pensa naquele momento terrível quando Wei Wuxian tentou salvar Su She do abismo aquático e quase foi arrastado para dentro dele. Naquela época, Lan Wangji reagiu rapidamente e o puxou pelo colarinho, mas e se ele não tivesse conseguido?

E se Wei Ying tivesse se machucado ou... morrido?

Lan Wangji imagina um mundo sem o sorriso de Wei Ying, imagina nunca mais poder vê-lo novamente. Tem um nó na sua garganta. Ele abraça o travesseiro com mais força.

Dormir, eu preciso dormir, ele implora a si mesmo, mas antes que perceba a manhã já se aproxima e ele tem que passar por uma nova rotina, uma em que vai para a aula de cabeça baixa e escreve anotações sem sentido.

Onde vai ao hanshi e come em silêncio com o irmão, sob seu olhar preocupado. Senta na grama, enterrado em uma montanha de coelhos, mas quanto mais confessa para eles, mais seu coração se aperta. Até mesmo seu cultivo parece afetado.

Uma rotina em que quando é noite, ele usa dois talismãs para trancar suas portas por dentro até de manhã e fecha os olhos, mas isso não impede que sua mente divague.

Antes que ele perceba, três dias se passam assim e Lan Wangji não quer mais nada além de se afogar no lago de sua seita. Seus dias são monótonos sem Wei Wuxian e ele se sente horrível por evitar seu único amigo. Ele desvia os olhos quando Wei Ying olha em sua direção, muda de caminho quando eles se cruzam no pátio e depois de não aparecer por três noites seguidas, Wei Wuxian finalmente desiste de procurá-lo.

Isso deveria ser bom, mas não é. Lan Wangji deseja estar com ele, mas não tem certeza se Wei Ying iria querer depois de saber o que Lan Wangji agora sabe sobre si mesmo.

"Eu sou um corta-manga." Ele conta para seus coelhos e suspira, aliviado. É a primeira vez que fala isso em voz alta.

É libertador.

Após a segunda noite sonhando acordado em beijar Wei Wuxian, Lan Wangji entrou na câmara secreta da biblioteca e encontrou em um armário onde seu clã escondia todos os livros proibidos confiscados de outras seitas. Afinal, GusuLan tinha o melhor arquivo.

Entre antigos manuscritos sobre técnicas não ortodoxas, havia um livro chamado "O pêssego mordido e o corta-manga". O livro era sobre dois casais homossexuais distintos.

Tudo começa com a história de um duque e um cortesão. O duque Ling, apesar de casado, estava perdidamente apaixonado por seu cortesão, Mizi Xia. Ao contrário da maioria dos homens poderosos, ele não tinha medo de mostrar seu amor pelo outro homem. Ele se gabava disso, mimava seu amante com presentes e desculpava suas ações reconhecendo a bondade do coração de Xia.

As pessoas consideravam tal relacionamento não natural, mas também perdoável, desde que mantivessem seus "deveres" dentro de um relacionamento heterossexual, como, por exemplo, produzir herdeiros, no caso do Duque.

Lan Wangji leu a história deles e a absorveu enquanto examinava as páginas mais importantes, os maiores momentos da vida do casal. Um deles era a vez em que a mãe do cortesão adoeceu e o homem falsificou a assinatura do duque para visitá-la. Foi destacado como, apesar da desobediência de seu amante, o Duque não o puniu e, em vez disso, elogiou sua lealdade para com sua família.

O segundo contava a história do Pêssego Mordido, em que Xia colheu um pêssego e deu uma única mordida enquanto caminhavam juntos pelo jardim. Quando percebeu que o sabor era doce, não continuou comendo e o entregou ao duque, que descobriu que o amor de Xia era sincero o suficiente para esquecer seu próprio apetite para lhe dar coisas boas.

Apesar de ser uma história tão sincera no início, eventualmente tomou um rumo diferente. O duque se cansou de Mizi Xia quando ficou mais velho e os momentos mais doces de seu amor se tornaram lembranças amargas. O duque o acusou das ações pelas quais o elogiava antes e a mudança em sua atitude fez com que sua narrativa se tornasse um exemplo para que os outros não caíssem nas graças de pessoas poderosas.

Lan Wangji engoliu em seco, mas, felizmente, a segunda história era um pouco melhor. Ela explicava a origem do termo corta-manga falando sobre o imperador Ai, o mais efusivo imperador homossexual da dinastia Han. Ele também tinha um amante, o comandante de suas forças armadas, Dong Xian.

O imperador Ai era apaixonado e corajoso. Ele desconsiderou as críticas sobre sua vida amorosa e suas escolhas políticas, então, não importa o que os outros falassem sobre o relacionamento deles, ele passou a vida inteira amando Xian, até o dia em que morreu.

Eles têm apenas um conto famoso que fez sua história ser caracterizada como "A Paixão do Corta-manga" (斷 袖 之 癖).

Uma tarde, após acordar de uma soneca que tiravam na mesma cama, o Imperador percebeu que seu amante ainda dormia e antes de se levantar cortou a manga, para não acordá-lo. O episódio ainda é lembrado como referência nas relações homossexuais pela consideração e devoção do Imperador Ai.

Infelizmente, eles não tiveram um final feliz. Antes de o imperador Ai morrer, ele exigiu que seu amante herdasse seu trono e todos os seus privilégios, mas assim que seu corpo esfriou, seus desejos foram desconsiderados. Todos os títulos de Dong Xian foram retirados dele e ele acabou matando a si mesmo e a sua esposa em desespero. No final, para homenageá-lo, as pessoas da região cortaram as mangas, como uma espécie de tributo.

"Sem finais felizes," Lan Wangji conta ao coelho preto que o lembra Wei Wuxian. "Se eu andar por este caminho, não haverá felicidade para mim. É melhor manter distância."

Ele havia lido o livro em busca de um sinal de que ainda poderia ter esperança de escapar de um final trágico, mas depois se sentiu condenado e se trancou com quatro talismãs em suas portas.

"Wei Ying merece algo melhor." Ele diz, suspirando. Wei Wuxian merece todas as coisas boas que a vida pode oferecer e se ele puder ter isso em uma esposa, Lan Wangji enterrará seu amor por ele.

Continua...

Shout It From The Rooftops (WangXian) Onde histórias criam vida. Descubra agora