— Eu arranjo tempo pra você, Taehyung.
— Arranja só pra me bajular com o mesmo monólogo de sempre, pai! — exclamei, contendo a voz. A dificuldade para respirar começava a dar as caras. Respiro profundamente uma, duas, três vezes...
Meu pai ia rebater, porém, o garçom chegou com os pedidos. Ele mordeu o lado de dentro da bochecha e esperou o garçom sair.
— Eu te dei tudo pra você poder estar aqui, um apartamento, um carro! O mínimo que poderia fazer é retribuir o favor e fazer o que eu tanto peço. — sua voz saiu firme, seus olhos cravaram em mim.
Sua expressão dura ficou embaçada. Meus olhos inundaram-se de lágrimas solitárias. Meu coração apertava mais a cada lufada de ar que eu puxava. Respirei fundo mais uma vez.
— Retribuir seu favor? — murmurei suas palavras de forma amarga.
— Sim.
Suspirei com certa dificuldade.
— Bem, se eu estou aqui apenas pra isso e não estou te agradando, porque não pede ao seu outro investimento, pai?
Ele franziu o cenho.
— Que outro investimento?
— Meu irmão. Você age como se ele não existisse. Se eu não quero assumir essa droga, por que não pede pra ele? — minha garganta já começava a doer do tanto de força que eu fazia para não gritar.
— Você é o mais velho. É você quem tem que fazer isso, Taehyung.
Estou cansado. Cansado. Cansado. O que ele pensa que eu sou? O que eu sou para ele?
— Se é assim, pode ficar com os seus favores. Eu não preciso deles.
Levantei e saí. Quase correndo pelas calçadas da rua, soltei tudo o que segurei enquanto estava em sua presença. O choro veio silencioso, a falta de ar crescia a cada passo, a ardência no meu peito tomava conta de tudo. De tudo... tomava conta de tudo...
Com a visão turva, entrei em um lugar familiar. Acho que era um parque... Talvez fosse aquele que fui com Jeongguk. Eu não sei, estava tudo tão confuso, as pessoas se moviam numa lentidão... Tudo passava de forma lenta. Os pássaros batiam suas asas lentamente, as crianças corriam devagarinho... isso é estranho, crianças são tão energéticas, por que corriam tão devagar?
Me sentei no primeiro banco que vi. Tentei puxar o ar para os pulmões, mas não chegava, não entrava ar algum.
Inspira. Expira.
Meu peito arde. Está ardendo muito.
Abracei meu corpo. Abracei forte. Apertei os olhos.
Inspira. Expira.
Um toque chamou minha atenção, um som que ecoava ao longe. Era meu celular...? Meu celular estava tocando.
Mal consegui pegá-lo entre os dedos, tremiam muito. Era Jeongguk. Ele estava me ligando.
Meus dedos agiram por conta própria, no instante seguinte ele já estava em linha.
— Tae?
Não consegui responder.
Minha voz não sai. Quero respondê-lo. Quero dizer oi. Mas eu não consigo. Por que eu não consigo?
— Tae? Você está aí?
— O-oi... Oi. — minha voz saiu em um engasgo.
— Tae, o que foi? — sua voz parecia tensa.

VOC? EST? LENDO
até o último suspiro
Fanfictiontaekook | ?? Jungkook nunca foi o tipo de garoto que aproveitava a vida da maneira que devia. Acomodou-se tendo poucos amigos e uma família unida o suficiente para fazê-lo se sentir amado. Ent?o, quando seus dias passam a ser contados a parti...