Para meu inimigo, com amor

|Capítulo 30|

Aperto os olhos e depois de alguns segundos consigo ver quem está caído desacordado no gramado. Fico parada esperando que ele abra os olhos, se sente e grite para pararem com briga, por que não é assim que o time dele ganha um jogo.

Mas Christopher continua com os olhos fechados quando o treinador e meu irmão o tiram de campo, praticamente correndo em direção ao vestiário. A confusão no campo parece ainda maior agora e posso ver Thomas no momento em que da um soco no adversário.

Sem pensar muito desço do banco e ando em direção a saída, empurrando as pessoas da minha frente e quase caindo em outras quando sou empurrada. Quando finalmente consigo chegar ao portão de saída, penso em dar a volta para entrar no vestiário, mas então vejo meu irmão e o Treinador entrando em um carro e saindo do estacionamento antes que eu consiga chegar até eles.

Não sei o que esta acontecendo. Christopher sempre me disse que as pancadas de jogo eram normais e, por mais que as vezes ficassem roxas por alguns dias, não era nada sério. Porque ele não acordou?

– Isabella!

Me viro na direção do meu nome alguns minutos depois que ainda estou parada no mesmo lugar. Thomas trocou de roupa apesar de ainda estar soado do jogo, seus passos são largos e rápidos para chegar até mim enquanto digita algo no celular.

– O que aconteceu? – pergunto baixo quando ele para na minha frente.

– Chris levou uma pancada na cabeça. – ele conta com raiva nos direcionando para algum lugar do estacionamento – Ficou desacordado alguns segundos no campo e estava tonto quando acordou no vestiário. Levaram ele para o hospital para garantir que esta tudo bem.

– Você esta indo para lá? – pergunto e ele concorda com a cabeça quando para em frente ao Jipe preto do amigo – Posso ir também? Por favor.

– Bella...

– Por favor, eu só quero ver se ele está bem. – ele parece notar minha voz embargada e que estou quase implorando, então concorda e abre a porta para eu entrar no carro.

Durante o caminho até o hospital, Thomas conta que meu irmão provavelmente está ligando para os pais do amigo para contar o que aconteceu e que é para eu ficar calma, por que não foi nada sério.

Mesmo assim, meu coração esta acelerado e eu preciso arregalar os olhos para não deixar as lágrimas caírem. Fiz tudo errado. Eu sei. Me afastei do Christopher e deixei que pensasse o que há de pior em mim, deixei o medo me vencer e as inseguranças tomarem conta de mim. Mas não posso deixar de ir ver com meus próprios olhos que está bem. Porque sou egoísta.

Quando chegamos ao hospital, Thomas e eu praticamente corremos porta adentro, parando no balcão apenas para pedir informação. Somos levados até um corredor, ao lado do quarto onde Christopher está internado e realizando alguns exames.

– O que ela está fazendo aqui? – a voz do meu irmão preenche meus ouvidos antes que eu consigo erguer os olhos para o encarar.

Peter está de pé no meio do corredor, colocou uma calça jeans, mas a camisa do time ainda está no corpo. Lili está ali, sentada nos bancos, agarrada a cintura do meu irmão, seus olhos se arregalam quando me veem, mas ela continua abraçada a ele. É a primeira vez que os vejo juntos assim. É como um soco em mim.

– Que porra você veio fazer aqui, Isabella? – ele pergunta novamente, as palavras são outro soco bem no meu estômago.

– Peter! – Thomas chama a atenção do amigo, mas pouco adianta.

– Não, Thomas. Eu quero saber. – meu irmão nunca esteve tão bravo comigo, nem mesmo quando eu estragava seus brinquedos quando éramos crianças ou contava seus segredinhos para as namoradinhas dele quando as trazia para casa no ensino médio – Vamos, Isabella. Perdeu a língua igual perdeu a noção?