O Otario do meu vizinho

O que eu deveria fazer quando o cara mais insuportável deste mundo é meu vizinho? E pior que isso, quando ele está no meu ciclo de amizades? É um baita karma e eu já nem sei mais o que eu deveria fazer pra gente parar de respirar o mesmo ar.

Homicídio cairia bem? Eu não sei se vale a pena gastar meu réu primário com esse filhote de avestruz.

Mas vamos por parte, meu nome é Lara e desde que eu me entendo por gente tenho que dividir minha vida com o insuportável do Gustavo, nossas mães são melhores amigas e nos forçaram a conviver juntos, o que desde sempre é uma péssima ideia. Nós poderíamos ter sido bons amigos se o cara não fosse uma peste, mas desde sempre estávamos competindo por tudo e aquilo até parou de ser saudável.

Ao contrário de mim esse infeliz é bom em muitas coisas, ele sempre foi um aluno com médias ótimas, mesmo sendo o mais bagunceiro da sala, sempre foi a estrela do interclasse na escola, pois, todos os esportes que ele se propunha a fazer ele brilhava. Aos 15 anos o cara virou o garanhão e as meninas babavam por onde ele passava, isso inclui até a minha melhor amiga o que é um saco.

E quando a chance, de nunca mais vê-lo e construir uma vida sem que ele estivesse, surgiu eu meti os pés fora e fui tombada. Pois as nossas amadas mães decidiram nos colocar para dividir o mesmo prédio. Existe alguma chance disso piorar?

Sim, a lista é infinita. Ele decidiu ser o cara legal até se infiltrar no nosso grupo de amizades e fazer todos amá-los. Como isso é possível? Eu realmente não sei, porque ele atua muito bem.

E respondendo a minha pergunta inicial, O que eu deveria fazer quando o cara mais insuportável deste mundo é meu vizinho?

eu me casei com este cara.

Sim, eu me casei com o cara que fazia da minha vida um pé no saco. Como tudo isso aconteceu? Com a clássica, o amor e o ódio andam lado a lado e se você vacilar acaba se rendendo a uma dessas premissas.

E vamos pela nossa grande e conturbada história.

Diferente das grandes histórias, a gente não se gostava mesmo e nunca existiu um "era amor incubado" ou "no fundo a gente se gostava". Nós não suportávamos um ao outro e isso se dava pela forçada de barra das nossas famílias.

Nossas mães se conheceram na escola e desde sempre foram grandes amigas, o plano delas sempre foi passar a grande amizade para nós dois, nem a coisa do "vocês deviam namorar" existia. Mas elas nos tratavam quase que como irmãos, e assim criaram a grande rivalidade entre nós.

Como eu disse, Gustavo era bom em tudo e a única coisa que eu sabia fazer era dançar e causar grandes entretenimentos para os meus amigos. De resto, eu era horrível em tudo e quase sempre estava fazendo as mesmas coisas que Gustavo, nossas mães achavam que nos tornaríamos amigos se estivéssemos juntos em todos os cantos, mas isso jamais seria possível.

Eu batia em Gustavo e ele me zoava até eu chorar, era um ciclo interminável. Até completarmos 17 anos e evitarmos qualquer interação.

Mas num belo dia, tudo mudou, pois o bendito se mudou para o meu condomínio e assim iniciou esse sentimento avassalador entre nós.