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Uma sátiro mentirosa ➴➵➶➴➵➶➴➵➶
Acordei em um lugar onde eu não lembro de ter dormido.
Identifiquei Amy — com suas pernas de bode — levantando da cadeira ao lado da cama e vindo até mim.
– Finalmente você acordou! Achei que tinha morrido de vez. Inclusive, você tem que começar a fazer mais exercícios físicos, só de subir aquele morro você já quase teve um colapso.
– Ei! Foi apenas veneno de basílico, não é sedentarismo. – Justifiquei.
A morena me entregou a comida e quando me sentei para pegar senti todos os meus músculos contraírem e o ardor de alguns cortes nas costas, provavelmente da hora que me joguei da janela.
Soltei um grunhido de dor e Amelie me olhou preocupada.
– Coma isso. É ambrósia, manjar dos deuses. Mortal para seres humanos normais. Mas na quantidade certa, extremamente útil para os semideuses. Resumindo, vai te ajudar com os machucados.
A aparência não era lá a das melhores, já o gosto era do sorvete de menta com chocolate que eu comprava no Walmart para as noites de filme com o papai, definitivamente gosto de infância.
Me senti instantaneamente melhor e olhei para a sátiro surpresa que deu risada da minha reação.
Amelie olhou para o relógio na parede e sua expressão mudou, aparentemente estava atrasada para algo.
– Preciso ir! Reunião do Conselho dos Anciãos de Casco Fendido. – Olhei confusa para a morena. – Coisas de sátiro. Vou chamar alguém para te dar um tour do acampamento.
Fiquei sozinha na enfermaria até uma menina loira dos olhos acinzentados — muito bonita, por sinal — aparecer na porta.
– Eai! Sou Annabeth. Amy me pediu para te mostrar o acampamento.
Nossa, a desconhecida Amelie da Yancy parece ser popular por aqui.
Ela falou sobre todas as coisas surpreendentes que o acampamento oferecia — arco e flecha mágico, equitação de pégaso, a parede de lava, luta com monstros —. Ela apontou o pavilhão de jantar ao ar livre que contemplava do alto o Estreito de Long Island. Annabeth explicou que o Acampamento Meio-Sangue era na maior parte um acampamento de verão, mas alguns garotos ficavam aqui quase um ano, e eles tinham adicionado tantos campistas que sempre estava cheio agora, até no inverno.
Quando subimos uma colina na beira do acampamento, tive uma incrível visão do vale — uma grande extensão de florestas ao noroeste, uma linda praia, o riacho, o lago de canoagem, magníficos campos verdes, e a amostra completa dos chalés — um bizarro agrupamento de construções, arranjados como um ômega grego, Ω, com um laço de chalés ao redor de um campo central, e duas asas ressaltando a base em cada lado. Contei vinte chalés ao total. Um brilhava a ouro, outro a prata. Um tinha grama no telhado. Outro era vermelho vivo com trincheiras de arame farpado. Um chalé era preto com ardentes tochas verdes na frente.
– O vale é protegido dos olhos mortais. – Annabeth disse. – Cada chalé representa um deus grego. Um lugar para o filho daquele deus viver.
– Acho que depois do choque de realidade que tomei nessa manhã, as coisas estão mais fáceis de acreditar. Então, quem é minha mãe?
– Devemos saber logo, – Annabeth disse. – Você tem o quê? Dezesseis anos? Os deuses deviam reclamar você quando tivesse treze. Esse foi o acordo.
– O acordo?
– Eles fizeram uma promessa no último verão... Bem longa história... mas eles prometeram não ignorar seus filhos semideuses, não mais, reclamá-los na hora que fizessem treze. Às vezes demora um pouco. Deve acontecer com você em breve. De noite na fogueira, aposto que teremos um sinal.
Quem quer que minha mãe seja, não tem razão para pensar que ela estaria orgulhosa de reclamar uma filha com hipertimesia e cheia de problemas psicológicos.
– Por que treze anos?
– O mais velho que você chega, – Annabeth disse, – o mais velho que os monstros lhe notam, até tentarem te matar. Por volta dos treze anos é geralmente quando começa. É por isso que mandamos protetores nas escolas para encontrar vocês, trazê-los ao acampamento antes que seja tarde demais.
– Como Amelie?
Annabeth assentiu. – Sátiros trabalham para o acampamento, encontrando semideuses, os protegendo, trazendo-os enquanto ainda tem tempo.
– Agora vamos para a parte mais legal, escolher suas armas! – A loira disse entusiasmada.
– Sem querer falar nada, mas isso não é ilegal ou coisa do tipo?
– No mundo lá fora sim, mas nós — semideuses — somos exceção.
Assenti e fomos em direção a um galpão.
– Uau! Isso aqui é uma máquina fazedora de crimes, gostei.
Annabeth riu e começamos a procurar algum objeto — que deve ser proibido em no mínimo dez países — que eu me adaptasse.
– Temos espadas, lanças, facas, chicotes, adagas, arcos. Algum interessa? – A loira pergunta com normalidade.
– Definitivamente espadas!
Sempre gostei de esgrima, não acho que seja muito parecido mas quando eu era menor pretendia levar esse talento a frente, mas depois achei que seria melhor torná-lo apenas um hobby.
Após algum tempo procurando, uma me chamou a atenção, tinha o cabo vinho e a lâmina de bronze celestial, com algo escrito em grego antigo — o que eu não sabia o que significava —.
– Essa aqui é perfeita! Obrigada pela ajuda, Annabeth.
– Foi um prazer. Nos vemos na fogueira, então.
Com toda essa coisa de semideus nem percebi o quanto estava cansada. Enquanto não tinha um quarto decidi voltar para a enfermaria e tirar um cochilo.
(...)
Acordei com o barulho dos campistas passando em frente a enfermaria correndo para algum lugar, provavelmente a fogueira.
Decidi seguir o fluxo. Quando cheguei lá, acenei para Annabeth e avistei Amy.
– Já fez amizade? Não vai demorar muito para me trocar por uma qualquer. – Amelie fingiu estar magoada.
– Acho que não vou te trocar tão rápido assim.
Ela revirou os olhos e mais campistas continuaram chegando.
Quando todos estavam reunidos em volta da fogueira comecei a reparar nos diversos tipos de pessoas que tinham lá, e o quanto seus pais influenciavam tanto na aparência quanto na personalidade dos filhos. Poderia dizer facilmente quem eram os filhos de Ares, Afrodite, Hefesto.
Continuei passando meu olhar por todos até que vi um rosto conhecido.
– Ei, Amy! Aquele ali não é..
– Não é ninguém! Você não conhece nenhuma pessoa daqui. – Ela parecia nervosa. – Preciso ir ver meu primo, nos vemos amanhã!