抖阴社区

34 - Preciso de você

Come?ar do início
                                        

Então, o celular vibra de novo. Outro alerta. Outro nome na tela. Mas desta vez, tudo em mim muda. É Kiara.

Meu peito aperta, e aquele calor familiar, que só ela consegue despertar, se espalha como fogo. Não é ansiedade, não dessa vez. É algo mais. Algo que me impulsiona a abrir a mensagem antes mesmo de terminar de pensar. Porque, se existe algo que aprendi nesses últimos meses, é que Kiara sempre será a mensagem mais importante.

Kiara: Você não deveria estar dormindo?

A mensagem ilumina a tela do celular, e um sorriso suave escapa antes que eu possa me conter. É quase automático, tão natural quanto respirar, porque qualquer coisa que venha dela tem esse efeito em mim.

Eu: Provavelmente. E você também deveria.

A resposta chega quase instantaneamente, como se ela já estivesse com os dedos prontos para digitar.

Kiara: Sem sono :(

Meu peito aperta. Não de um jeito ruim, mas com aquele peso familiar de quem sabe exatamente como ela se sente. Porque eu também estou sem sono. Porque, droga, ela faz falta. O tipo de falta que não dá para ignorar.

Eu: Falta de mim?

A provocação sai com um sorriso, mesmo que ela não possa vê-lo. Talvez seja o cansaço falando, ou talvez só o fato de que conversar com Kiara é a coisa mais natural do mundo.

A resposta demora um pouco dessa vez, o que só me faz imaginar o que está se passando na cabeça dela. Posso vê-la tão claramente quanto se estivesse na minha frente: os olhos âmbar semicerrados, aquele meio sorriso de quem acha graça, mas não vai admitir tão fácil. 

Kiara: Convencido.

Minha risada preenche o quarto vazio, mas, dessa vez, há algo mais por trás dela. Uma coragem, ou quem sabe uma exaustão da constante luta comigo mesmo. Antes que eu pense duas vezes, deixo os dedos digitarem as palavras que tenho guardado há dias.

Eu: Não consigo dormir longe de você.

É simples, direto. Mas é a verdade. E, nesse momento, não há nada mais que eu queira do que ser honesto com ela.

Os três pontinhos aparecem na tela. Meu coração acelera, um reflexo traiçoeiro que não consigo controlar. Ela está digitando. E parando. E digitando de novo. Quase consigo vê-la mordendo o lábio, hesitando, pesando as palavras como sempre faz quando algo realmente importa. Essa espera, esse suspense, é quase uma tortura. Mas, quando a mensagem finalmente chega, tudo muda.

É um número.

Puta merda!

Um número de quarto.

Meu coração dispara como se estivesse no grid de largada, esperando o sinal verde. Antes que eu perceba, já estou pulando da cama, os pés descalços encontrando o chão frio enquanto procuro às cegas por qualquer camiseta que esteja ao meu alcance. O mundo ao meu redor se dissolve, reduzido àquele pequeno número na tela. Minhas mãos tremem levemente enquanto digito de volta.

Eu: Estou indo.

O corredor está mergulhado em um silêncio quase absoluto enquanto caminho em direção ao quarto dela. Meu coração bate pesado no peito, rápido demais, como se eu estivesse prestes a enfrentar a volta mais decisiva da minha vida. Não consigo evitar de me perguntar se ela vai se arrepender de ter me mandado aquele número. Se vai me mandar embora. Se eu vou conseguir convencê-la a me deixar ficar.

Sete passos para se livrar de uma assistenteOnde histórias criam vida. Descubra agora