Tu mirada

Penélope

Quarta-feira

Um mês. Exatamente um mês desde aquela noite na casa de Anthony. Desde que Colin me amou como nunca antes, durante uma noite inteira. Desde que ele jurou que me amaria para sempre, prometendo que, não importa o que acontecesse, ficaríamos bem.

Agora, faltando pouco menos de uma semana para que ele embarque em um ônibus e me deixe aqui, sinto uma dor física, como se meu corpo reagisse à ausência antecipada. O ar parece faltar quando penso no vazio que ele deixará. É estranho, porque sei que ele ainda vai me ligar todos os dias. Mas isso não impede que a saudade já se instale, como uma sombra constante. Nunca pensei que sentir falta de alguém, mesmo antes de sua partida, pudesse machucar tanto.

O último fim de semana de Colin antes da universidade será na casa de campo dos Bridgertons. O lugar onde tantas memórias foram criadas agora seria palco de um adeus temporário, mas doloroso. O clima de festa era reconfortante, mas a nostalgia permeava cada momento.

No carro, Colin segurava minha mão com força, seu polegar desenhando círculos suaves na minha pele. O silêncio entre nós era confortável, mas carregado de tensão. Cada segundo parecia precioso demais para ser desperdiçado.

Chegamos à casa de campo, e o ambiente familiar parecia ainda mais acolhedor. Contudo, havia algo diferente. Talvez fosse a consciência de que estávamos vivendo momentos que logo se tornariam memórias.

Assim que todos começaram a se acomodar, Colin me puxou para o jardim, longe do burburinho da família. A brisa fresca acariciava meu rosto, mas o calor dos braços dele me envolvia de um jeito que eu sabia que sentiria falta.

- Vai ficar tudo bem, ruivinha. — ele disse, com a voz baixa e suave, tentando me convencer, mas também a si mesmo.

Deitei a cabeça contra o peito dele, sentindo o nó queimar na garganta.

- Não quero que vá, Col... — admiti, minha voz abafada pelo tecido da camisa dele.

- Eu também não quero ir, mas... — Ele suspirou, beijando meus cabelos. — Vou voltar sempre que puder. E você pode me visitar, sempre que quiser. Não é tão longe amor.

Eu só balancei a cabeça, incapaz de responder.

- Vou sentir sua falta todos os dias — sussurrei, sentindo as lágrimas ameaçarem cair. — Mesmo que não seja tão longe, ainda assim, é longe demais pra te ver todos os dias...

Colin me apertou mais forte, como se não quisesse me soltar. Fechei os olhos, tentando guardar aquele momento para sempre, como uma fotografia gravada na alma.

- Eu prometo, Pen — ele disse, sua voz agora firme, mas cheia de emoção. — O que temos... vai continuar, mesmo longe.

Olhei para ele, tentando absorver cada palavra, acreditando em cada promessa, mesmo que minha garganta ardesse de tanto segurar o choro.

- Eu acredito em você, Colin... e eu te amo.

Ele pressionou a testa contra a minha, e por alguns instantes, éramos só nós dois.

- Eu te amo, meu amor — ele murmurou, acariciando meu rosto. — Vou te ligar o tempo todo. Você vai enjoar de mim.

Ele riu, e a leveza no som me fez sorrir, mesmo que meu coração estivesse pesado.

- Eu sei que sim, mas... — Respirei fundo, tentando conter as lágrimas. — Vou sentir falta do seu abraço, do seu calor... de você, Col. Me desculpe, eu tentei ser forte, mas isso me assusta tanto.