Eleanor Whitmore nasceu para seguir regras. Filha de uma família aristocrata inglesa, sempre foi impecável, elegante e discreta. Como advogada de um dos maiores escritórios de Londres, sua especialidade era negociar contratos multimilionários sem ja...
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O apartamento de Eleanor, naquela manhã de domingo, estava silencioso. O sol atravessava as cortinas com preguiça, lançando feixes dourados sobre os móveis claros. A cidade além das janelas parecia desacelerada, como se o mundo também tirasse uma pausa. A cozinha exalava o cheiro de café recém-passado, e, sentada à mesa com uma xícara nas mãos e o notebook aberto à sua frente, Eleanor revisava uma cláusula complexa de um contrato, embora sua concentração estivesse por um fio.
Ela rabiscava observações à margem de um arquivo impresso quando o celular vibrou ao lado da xícara. O nome "Mãe" surgiu na tela. Ela hesitou por um instante antes de atender — não por falta de afeto, mas pelo desgaste inevitável de ligações assim.
— Alô?
— Finalmente — disse a voz elegante e comedida do outro lado. — Eu já estava prestes a ligar para o escritório. Vocês advogados sempre parecem ocupados demais para suas mães.
Eleanor sorriu de forma contida, apoiando o cotovelo na mesa.
— Bom dia pra você também.
— Aqui já é quase hora do almoço, querida. E seu pai ainda está aborrecido com sua mudança repentina. Mônaco? Ainda acho que foi uma escolha impulsiva.
Eleanor girou a xícara entre os dedos.
— Foi a melhor decisão para mim.
— Claro. Mas você sabe que não é o que ele esperava. — Houve uma pausa mais longa dessa vez. — E Edward perguntou de você. De novo.
O nome caiu como uma pedra sobre a mesa.
— Ele precisa parar com isso.
— Está apenas preocupado. Você sumiu. E depois de tudo que vocês viveram juntos...
— Tudo o que vivemos foi uma preparação para eu perceber que aquela vida não era minha. — O tom de Eleanor endureceu levemente. — Eu estou bem aqui. De verdade.
Do outro lado da linha, um suspiro.
— Só espero que você não esteja se isolando.
Eleanor encarou a xícara por alguns segundos, como se procurasse uma resposta no fundo do líquido escuro.
— Eu estou exatamente onde eu quero estar.
A despedida foi polida, mas tensa. Quando desligou, Eleanor ficou imóvel por alguns instantes, os olhos fixos no cursor piscando no notebook. Ela tentava retomar a concentração, mas os pensamentos estavam em outro lugar — em Londres, no passado, nos jantares engessados e nas conversas sobre tradição e dever.
Respirou fundo, levantou-se, levou a xícara para a pia. Lavou a louça com gestos automáticos, como se quisesse purgar a conversa, lavar o incômodo da pele. Só então pegou o celular para responder a uma mensagem de Max, enviada horas antes: