Silent aftermath

"Fia voce sabe que o pai ti ama, eu to errado e vou dar um jeito. Desculpa o pai nao queria que a vida fosse assim mais você sabe que o pai ti ama sua lida. Você é a única coisa boa que o pai tem só que nao sei cuidar.
Ti amo sua lida fica com Deus".

Eu não consigo esquecer. Eu só queria esquecer. Só isso. Apagar da minha cabeça essa maldita mensagem. Esquecer essa merda como se essas palavras nunca tivessem sido ditas, como se essa história nunca tivesse sido minha. Mas não dá. Nunca dá.
Elas voltam, sempre voltam. No meio da noite, durante o dia, no meio do sorriso que morre antes de existir de verdade. O gosto amargo da memória que ainda é tão presente. Me sinto sufocada, não consigo respirar, fico presa na mensagem, ainda sinto o choque de ter recebido, a raiva, o medo. Eu não consigo respirar, sinto a minha pele arder, e a angústia tomar conta de mim.
E eu odeio isso. Odeio que ainda machuca, odeio que ainda importa, odeio que uma parte de mim ainda tenta encontrar uma justificativa, de aliviar, de fazer caber dentro de alguma explicação que não me destrua junto. Mas não cabe. E a única coisa que eu queria que coubesse na minha vida e dentro do meu coração é o perdão.
E eu me arrependo, de todas as tentativas, todas as justificativas que um dia eu inventei e de ter acreditado nelas, de ter amado alguém que nunca me amou. Proteger alguém que nunca me protegeu. Eu perdi muito tempo esperando que ele mudasse e ele nunca teve coragem de fazer essa merda, eu nunca fui o suficiente.
Meu pai não deveria ter me deixado assim, quebrada, exausta, sozinha. Guardando uma maldita mensagem que eu queria poder apagar da minha vida. Meu pai não deveria ser assim. Mas pra mim, ele sempre foi.