Don't Forget Me ???????????

27 - Divergência

— Você está parecendo o Cole. — ela volta a rir. — Vou pegar algo pra beber. Você vem, amor?

— Num minuto. Preciso conversar algo com a Lili. — ele dá um beijo nela e nós ficamos em silêncio até que ela se afaste o bastante. — Ok, é o seguinte...

— Não, eu não vou voltar. — fico séria.

— Não é nada disso. — rola os olhos. — Eu também não quero voltar. Uma semana aqui valeu muito mais do que os últimos dez anos na outra singularidade.

— Então qual o problema?

— Eu descobri algumas coisas interessantes enquanto fazia alguns experimentos.

— Tipo o que?

— A gente não pulou pra outro universo. Meio que eu resetei tudo e agora só temos uma raiz, uma realidade. Não existe uma raiz paralela a essa.

— Isso é ótimo, não? — sorrio.

— Talvez. Não sei. O fato é que eu resetei as memórias de todo mundo, menos as nossas. Lembramos do que aconteceu na outra raiz e não lembramos do que aconteceu nessa antes do momento em que acordamos aqui. Acho que é porque fomos atingidos diretamente pela radiação.

— Eu estou me virando bem sem lembranças. As pessoas acham que estou diferente, mas acham que isso é bom, porque parece que eu virei uma chata no último ano por causa do lance da gravidez.

— Depois de tentar absorver todo o trabalho que tenho feito, acho que também estou me saindo bem. A Linn só acha que de repente eu fiquei mais apaixonado do que era, mas ela gosta disso. Deve ser porque eu não a tive antes.

— Exatamente o que está acontecendo comigo. O Cole não estava sendo devidamente valorizado, mas agora ele é.

— Que bom que isso não é um problema... — mordisca o lábio inferior.

— Mas...?

— Mas o que?

— Sempre tem um mas. — suspiro.

— Talvez eu conseguisse resetar a gente também. Assim esqueceríamos da outra vida e lembraríamos só dessa.

— Eu não quero esquecer da outra vida.

— Não? — franze o cenho. — Se não me falha a memória, você odiava viver lá.

— Mas é por causa dessas lembranças que eu valorizo o que tenho aqui. Não quero voltar a ser uma esposa fria e uma mãe que só pensa no filho que nem existe ainda. Eles merecem que eu tenha essas memórias, que eu saiba o que estava perdendo.

— E se um dia perceberem que tem um espaço de tempo vazio entre o que eles sabem dessa vida e o que você sabe?

— Finjo amnésia e deixo que médicos me examinem. — dou de ombros. — Quanto mais o tempo passar, mais fácil fica.

— Tudo bem. — ele assente com a cabeça devagar. — De qualquer forma, isso seria mesmo só um talvez. Acho que seria mais fácil eu fazer o reset do reset e nos jogar de volta na outra raiz. — ri.