抖阴社区

Capítulo 10

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O domingo começara cedo. O tipo de cedo que nem parecia real. Cedo de fuso horário bagunçado, de estômago desregulado e de sono interrompido por notificações sobre clima, tráfego e alteração na ordem das entrevistas pós-GP.

Isa despertou antes do despertador. Ainda havia escuridão do lado de fora, com o céu tingido de um azul profundo cortado por postes e luzes de emergência. Ela ficou alguns segundos deitada, encarando o teto do quarto de hotel, antes de finalmente jogar as pernas para fora da cama.

Chuveiro quente. Café forte. Cabelo preso de qualquer jeito. Jeans escuro, camiseta com o logo da Red Bull. Nada além do necessário — ela era prática em dias de corrida. O batom nude estava ali apenas para manter a ilusão de dignidade. O crachá, pendurado no pescoço como uma coleira invisível.

No saguão do hotel, Maya já a esperava.

— Tá pronta pra mais um episódio de "eu mando e o Verstappen ignora"?

— Sempre — respondeu Isa.

No carro da equipe, durante o caminho até o circuito, Isa respondeu e-mails, organizou arquivos e, discretamente, revisou pela terceira vez a planilha com os vídeos programados para a próxima etapa — uma etapa que, se tudo desse certo, ela comandaria com Max sendo o funcionário do mês, seguindo cada roteiro como um bom menino domado.

Mas isso, claro, se ele não fizesse uma tempestade quando perdesse.

O paddock estava mais agitado que o normal. A luz australiana refletia com força nas lonas brancas e nos capacetes coloridos dos mecânicos. Havia mais câmeras do que o usual. Mais tensão no ar. Isa adorava essa parte. O pré-corrida tinha uma energia específica, como se todos respirassem no mesmo ritmo, ainda que por motivos completamente diferentes.

Ela passou pela garagem da Red Bull, conferindo os últimos ajustes com a equipe de comunicação. Pierre Gasly cruzou por ela e deu um aceno educado. Lando passou segundos depois, sorrindo largo e soltando um "bom dia, Krier!"

Max não estava ali.

O que não era surpresa — ele sempre surgia no último segundo possível antes de qualquer coisa pública.

Isa organizou os bastidores das entrevistas, conferiu posicionamento de fotógrafos, passou instruções para a equipe de vídeo e discutiu com Maya sobre a ordem dos clipes para as redes sociais. Tudo isso com a eficácia de uma profissional que já fazia aquilo há anos, mesmo estando ali há apenas algumas semanas.

Algum tempo depois Max finalmente apareceu. Vestindo o uniforme da Red Bull e os óculos escuros que usava quando não queria conversar com ninguém.

— Bom dia — disse Isa, em tom neutro. Ela era educada, mas não excessivamente simpática. Sabia o tipo de humor que ele carregava nos dias de corrida.

Max apenas assentiu, sem parar.

Ela revirou os olhos e continuou o que estava fazendo.

O tempo foi passando, a movimentação se intensificando. Os carros alinhados, o barulho dos motores aquecendo, o zunido constante dos drones, o público lotando as arquibancadas. O sol já estava alto, mas não excessivo. Um dia perfeito para corrida. E, com sorte, um dia perfeito para Isa vencer a aposta mais estúpida — e mais satisfatória — da temporada.

Quando o hino nacional começou a tocar, Isa ficou na lateral da pista, observando os pilotos perfilados. A câmera oficial fez uma panorâmica lenta, e ela se perguntou quantas pessoas estavam assistindo aquilo em casa, sem nem imaginar o caos logístico que acontecia por trás.

Ao final do hino, ela recebeu o sinal do rádio: Max e os outros estavam a caminho dos carros.

Isa observou de longe quando Max subiu no carro, ajustou o capacete e fez o gesto rápido para fechar a viseira. Parecia concentrado. Muito mais do que ela estava acostumada a ver. Um tipo de concentração que flertava perigosamente com a irritação contida.

The Hating Game | Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora