Chegamos no Ministério da Magia voando em testrálios. Eu senti o vento no meu rosto cortando como navalha, a preocupação com Sirius se consumia e eu tremia de ansiedade para saber se meu pai estava bem.
Descemos de elevador até o Departamento de Mistérios e Harry teve certeza que estava no lugar certo.
O seguimos por um corredor estreito e passamos pela porta azul ao fundo sendo iluminados apenas pela luz de nossas varinhas, mergulhados no silêncio. A nossa volta haviam centenas de prateleiras altíssimas formando corredores enormes, e eu reconheci o que haviam nas prateleiras como bolas de cristal.
Eram profecias.
Luna estava segurando minha mão tentando me acalmar do nervosismo, mas eu não parei de tremer nem por um segundo.
Harry andou contando as prateleiras. 93...94...95... Mas nós não o seguimos.
— Devia estar aqui.- ele falou ao longe.
—Harry, tem seu nome no globo.- Neville falou olhando para o lado.
Ele se aproximou cauteloso, os olhos de Luna e Gina se arregalaram ao meu lado, de curiosidade e medo. Eu cerrei a mandíbula quando Potter pegou a bola de cristal em suas mãos.
—Aquele com o poder de derrotar o Lorde das Trevas se proxima, e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual mas ele terá o poder que o Lorde das Trevas desconhece.- o globo começou a falar.- Pois um não pode viver enquanto o outro for vivo.
Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e Gina apertou meu braço com força.
—Harry!- eu desviei a atenção como Hermione o chamou.
Ao fundo do corredor havia uma figura mascarada se aproximando cada vez mais, e por reflexo eu puxei Gina e Luna para trás de mim.
—Cade o Sirius?- Harry perguntou.
—Sabe, você precisa aprender a diferença entre sonho e realidade.- eu reconheci a voz, mas só tive certeza de que era Lucius Malfoy quando o mesmo tirou a máscara.- Você viu só o que o Lorde das Trevas queria que você visse, agora me de a profecia.
—Se você fizer alguma coisa eu quebro.- Harry retrucou.
Ouvimos uma risada ao fundo, uma risada que se estivesse mais próxima seria capaz de furar meus tímpanos de tão aguda.
—Ele sabe brincar.- reconheci Bellatrix Lestrange atrás de Lucius.- Tolo, tolo, bebezinho, Potter.
—Bellatrix Lestrange...-Neville balbuciou e eu quase pude sentir seu coração bater mais forte.
—Neville Longbottom, como vão seus pais?- ela perguntou com um sorriso de canto.
—Melhor agora que vão ser vingados!- eu o segurei. Eu não fazia ideia de que ela havia matado os pais de Neville, agora eu entendia o nervosismo.
Me coloquei na frente de Neville no mesmo momento que apontei a varinha para Bellatrix.
—Se aproxime de qualquer um de nós e eu te reduzo à cinzas.- falei firme e ela me analisou da cabeça aos pés.
—Vamos todos ficar calmos, por favor.- Lucius fez sinal de redenção.- Nós só queremos a profecia.
—Por que Voldemort precisou que eu viesse pegar.- Harry concluiu.
—Ousa falar o nome dele? Seu mestiço imundo!- Bellatrix gritou.
—Profecias só podem ser retiradas por aqueles de quem elas falam, é muita sorte sua, mesmo.- Lucius começou.
Outros Comensais da Morte estavam nos cercando de todos os lados enquanto Lucius vinha se aproximando. E pensar que eu passava as férias na casa desse homem...
—Nunca se perguntou o motivo de uma conexão entre você e o Lorde das Trevas? Por que ele não pode mata-lo quando era apenas um bebê? Você não quer saber o segredo da cicatriz?- Lucius continuou.- As respostas estão ai Potter, na sua mão. É só você entregar e eu lhe mostro tudo.
—Eu esperei catorze anos, e posso esperar um pouco mais.- Harry respondeu.- Agora!
—Estupefatus!- falamos em couro atingindo os comensais e dando o fora dali.
Corremos no meio dos corredores até o momento em que me vi sozinha com Lestrange. Ela me analisou sorrindo mas eu não baixei a guarda.
—Triste por ver outra Black lutando contra você?- falei o sorriso se apagou.
—Não vai lutar se eu te matar.- ela riu.
—Expelliarmus!- ela voou longe e eu corri o mais rápido possível até me encontrar com todos meus amigos de novo.
Mal prestei atenção quando Gina provocou uma explosão fazendo os globos de cristal caírem formando uma avalanche que vinha em nossa direção.
—Voltem pra porta!- Harry berrou e eu puxei Gina que ficou apenas parada observando.
Corremos o mais rápido de podíamos até atravessar a porta e cairmos em um lugar que eu nunca havia visto antes.
Ainda era o Ministério, era o mesmo piso e paredes, mas havia um arco de pedra no centro que com certeza era um portal.
—Eu ouço vozes, entendem o que dizem?- Harry falou sobre o portal.
—Não são vozes Harry, vamos sair daqui.- eu concordei com Hermione, agora que sabíamos que meu pai estava bem, tínhamos que sair dali o mais rápido que podíamos. Mas Luna concordou com Harry.
—É só um portal vazio, Harry.- falei tentando o encorajar a irmos embora.
—Atra de mim!- ele falou e nós obedecemos.
Os comensais vieram como nuvens negras voando ao nosso redor. Nos confundiram, e eu não via mais ninguém no meio de tanta névoa preta. Em poucos segundos eu me vi sendo feita de refém por um dos comensais, assim como todos, e estávamos em um grande círculo ao redor de Potter e Lucius.
Me senti fraca naquele momento, apenas olhando Harry falar com Lucius Malfoy, sem poder fazer nada.
—Eu vou ser bem claro com você, Potter, entregue a profecia agora ou veja seus amigos morrerem.- meus punhos se fecharam com força.
Harry foi ingênuo e entregou o globo na mão de Lucius, e eu fechei os olhos com força. Eu sabia que iriam nos matar com ou sem profecia e não queria ver meus amigos morrerem, mas abri os olhos quando ouvi a voz de Sirius.
—Fique longe do meu afilhado.- ele falou entre dentes e socou o rosto de Malfoy com tanta força que o fez derrubar a profecia e a quebrar.
A Ordem chegou como nuvens brilhantes despistando os comensais, e assim que me soltaram eu fui correndo até meu pai e Harry.
Ele nos abraçou e eu nunca fiquei tão aliviada por ele estar realmente bem agora que eu tive certeza disso.
—Pai, temos que sair daqui agora.- disse segurando firme em sua mão.
—Preciso proteger vocês primeiro, vamos ter que lutar.- ele respondeu e respirei fundo com preocupação.
O som dos gritos e explosões colidiam contra minha cabeça enquanto Sirius nos protegia de um comensal e nos levava para atrás de uma pedra.
—Preciso que peguem os outros e saiam daqui.- Sirius falou sério.
—O que? eu quero ficar com você.- Harry falou com a voz confusa.
—Queremos te ajudar, pai, não nos mande embora.- eu pedi e ele sorriu.
—Voces se saíram muito bem, deixem que eu assumo daqui.- ele soltou minha mão.
—Black!- Lucius Malfoy o chamou tirando a varinha de seu bastão inútil.
Éramos eu, Sirius e Harry duelando com Lucius e outro comensal. Trocávamos golpes e a luz que saia de nossas varinhas estava me deixando tonta.
Sirius derrubou um deles e eu derrubei outro que vinha por trás.
—Isso foi ótimo, filha!- ele exclamou sem perder o foco.
Foi quando Harry desarmou Lucius que perdemos o foco.
—Muito bem, James.- Sirius falou fazendo eu e Harry nos entreolharmos.
A última visão que tive de Sirius foi ele derrotando Lucius Malfoy, antes de eu ouvir um "Avada Kedavra" vir de Bellatrix logo atrás de nós.
Sirius encarou eu e Harry antes de se desfazer em vapor e ser sugado pelo portal logo atrás dele.
Eu cai de joelhos no chão, o nó na minha garganta não se desfazia de jeito nenhum. Eu ouvi um grito ensurdecedor vir de Harry, mas era tanta dor que eu não consegui gritar, só sentia as lágrimas caírem molhando o chão.
Havia perdido tudo, foi como se eu tivesse morrido junto com ele, e eu só consegui gritar quando alguém me atingiu com a Maldição Cruciatus.
A dor foi infernal, insuportável. Meus olhos queimaram como se minhas lágrimas fossem pimenta e meu corpo doeu inexplicavelmente.
Se eu tentasse explicar, diria que era como se tivessem cortado meu corpo todo e me mergulhado em ácido, depois talvez quebrado todos os meus ossos com um martelo de carne.
Eu gritei de agonia, mas ainda não era uma dor maior que a de perder meu pai. Minha visão ficou turva, e eu só vi escuridão depois de dar meu último grito.