— Alguém pode estar olhando! — repreendi Jisung, que havia tentado roubar um selinho. Ele resmungou, visivelmente frustrado, e eu não pude deixar de rir. — O que foi isso?
— Meu descontentamento com a situação. — ele respondeu com sinceridade, cruzando os braços de maneira infantil.
Estávamos no auditório, ajudando o professor Jackson a arrumar as coisas para a primeira prova de figurino, que aconteceria no dia seguinte. O Sr. Wang tinha saído para atender uma ligação, Jeongin e Seungmin estavam passeando pelo pátio da escola, Jaemin tinha sido liberado há alguns minutos, e Haeri havia ido ao banheiro, mas já estava demorando um bom tempo para voltar.
— Mas é só um beijinho... — ele choramingou, fazendo um biquinho que me fez rir ainda mais. A mesma cena de dois dias atrás no cinema passava pela minha cabeça. Será que eu tinha o acostumado mal?
— Oppa... — murmurei, ainda me sentindo envergonhada de chamá-lo assim. Minhas bochechas coraram instantaneamente, e Jisung fez um barulho com a boca, algo entre um resmungo e um suspiro. — Alguém pode nos ver. Imagina se o professor entra aqui e nos pega juntos?
Jisung soltou uma risada suave e ergueu as mãos dramaticamente, como se estivesse encenando. — Ele vai olhar para nós dois e dizer 'Ah, finalmente!' — sua imitação do professor Jackson era exagerada e engraçada, e não pude deixar de rir também.
— E por que ele falaria isso? — perguntei, arqueando uma sobrancelha, tentando parecer cética, mas meu sorriso entregava minha diversão.
Jisung hesitou por um momento, coçando a nuca de maneira nervosa. — É que... talvez... ele já saiba desde o início.
Fiquei boquiaberta, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. — Jisung! Como nosso professor sabe disso?
Ele deu de ombros, parecendo um pouco envergonhado. — Não é minha culpa. Ele é amigo do Yugyeom sunbae e do Chan, então ele acabou entrando na conversa...
A revelação me pegou de surpresa. O coração começou a bater mais rápido, um misto de nervosismo e curiosidade. — E o que mais eles sabem? — perguntei, minha voz saindo um pouco mais alta do que eu pretendia.
Jisung deu um passo para mais perto, colocando as mãos nos meus ombros de forma reconfortante. — Eles só sabem que estamos juntos, mais nada. Prometo. — ele disse, olhando diretamente nos meus olhos, tentando me acalmar.
Suspirei, tentando absorver a informação. — Isso é... um pouco embaraçoso. — admiti, abaixando a cabeça.
— Ei, não precisa ficar assim. — ele disse suavemente, levantando meu queixo com um dedo. — Eles não vão fazer nada de ruim. Na verdade, acho que estão felizes por nós.
Olhei para ele, sentindo uma onda de ternura. Era difícil continuar preocupada quando Jisung estava ao meu lado, sempre tão positivo e carinhoso. — Eu só... não quero que todos fiquem sabendo. Pelo menos, não ainda. — falei, tentando manter a voz firme.
— Eu entendo. — ele respondeu, sorrindo gentilmente. — Podemos manter isso entre nós por mais um tempo. Mas só porque eu não posso te beijar aqui, não significa que eu não vou tentar em outro lugar. — ele piscou, voltando a ser o Jisung brincalhão de sempre.
Ri, sentindo a tensão diminuir. — Você é impossível. — rio e então percebo que Jisung falou eles ao invés de ele. — Oppa... Mais algum professor sabe? — perguntei, minha voz tingida de preocupação.
Jisung fez uma pausa, mais questionando do que afirmando. — Jinyoung? — ele passou as mãos pelos cabelos, um gesto nervoso, e pensou por mais alguns segundos. — Eu acho que o professor Mark também...
Senti um calor subir pelo meu rosto, minhas bochechas queimando de vergonha. — Que vergonha. — murmurei, escondendo meu rosto nos braços de Jisung, como se nossos professores estivessem ali, nos observando.
Jisung riu, sua mão acariciando suavemente minhas costas. — Você ficou vermelha! — ele olhou para mim, os olhos brilhando com diversão. — É adorável.
— Han Jisung! — exclamei, tentando manter a compostura, mas não consegui evitar um sorriso. O jeito que ele sempre conseguia transformar qualquer situação embaraçosa em algo leve e divertido era uma das coisas que eu mais amava nele.
— Sério, não precisa se preocupar tanto. — ele disse, sua voz suave e tranquilizadora. — Eles não vão fazer nada além de nos apoiar. O professor Jinyoung até nos deu algumas dicas sobre como lidar com relacionamentos na escola.
Olhei para ele, surpresa. — Ele fez isso?
*
— Vocês fazem isso na escola também? — ouço Jeongin perguntar quando ele entra no auditório com Seungmin, nós dois estávamos deitados no chão do palco e eu estava acariciando o cabelo de Jisung, que era muito macio.
E meu colega havia gravado isso.
— Já está na hora de irmos pra casa, fomos liberados. — diz Seungmin.
— Já avisaram os outros? — pergunto e os dois negam.
— Vamos embora então. — Jisung se levanta e me ajuda, pegamos as nossas coisas e saímos do auditório.
— Eu vou passar no banheiro, encontro vocês lá fora. — aviso.
— Tudo bem. — Jisung me dá um selinho.
Os três seguem para fora da escola e eu sigo para o banheiro, alguns minutos depois saio e na porta dou de cara com Haeri, que não estava com uma cara muito boa.
— Vocês fazem isso na escola também? — ouvi Jeongin perguntar, fingindo nojo, enquanto ele e Seungmin entravam no auditório de surpresa. Nós estávamos deitados no chão do palco, e eu acariciava o cabelo de Jisung, que era incrivelmente macio.
A surpresa foi substituída por um sobressalto quando vi que Jeongin havia gravado a cena no celular.
— Já está na hora de irmos para casa, fomos liberados. — disse Seungmin, interrompendo o momento.
Sentei-me rapidamente, tentando disfarçar a vergonha. — Já avisaram os outros? — perguntei, tentando parecer natural.
Eles assentiram com a cabeça. — Vamos embora, então. — disse Jisung, levantando-se e estendendo a mão para me ajudar. Pegamos nossas coisas e começamos a sair do auditório.
— Eu vou passar no banheiro, encontro vocês lá fora. — avisei.
— Tudo bem. — Jisung respondeu, inclinando-se para me dar um selinho rápido. O gesto foi tão natural e carinhoso que meu coração acelerou um pouco.
Eles seguiram em direção à saída da escola enquanto eu me dirigia ao banheiro. Alguns minutos depois, saí e, na porta, dei de cara com Haeri. Seu rosto estava sério, e havia uma intensidade em seus olhos que me fez hesitar.
— Haeri... — comecei, mas as palavras ficaram presas na minha garganta ao ver sua expressão.
— Você é uma mentirosa, Park Soomi. — Haeri disse, olhando diretamente nos meus olhos. Suas palavras me atingiram como uma bofetada, e meu coração acelerou.
Mentirosa? Eu nunca havia mentido para ela.
— Você me disse três dias atrás que Han Jisung era apenas um amigo, e hoje eu vejo vocês aos beijos e abraços no auditório. — ela continuou, seus olhos cheios de indignação. Senti meu rosto empalidecer.
— Você... viu? — perguntei, prendendo a respiração, sentindo uma mistura de choque e pânico.
— Qualquer pessoa poderia ter visto, e que sorte que fui eu. — ela disse, e eu soltei a respiração que estava segurando. Pelo menos, ela não faria nada... — Sorte porque agora eu serei a Julieta. — ela sorriu, um sorriso que não alcançava seus olhos.
— O quê? — perguntei, sentindo-me ainda mais confusa. — eu fiquei sem palavras, tentando processar o que ela estava dizendo. — Você nunca me contou que gostava dele.
— E você nunca me contou que estava com ele! — ela retrucou, a voz se elevando com emoção. — Eu confiei em você, Soomi. Achei que éramos amigas.
O peso de suas palavras me fez sentir um aperto no peito. — Haeri, eu não sabia... — comecei, tentando encontrar as palavras certas. — Jisung e eu... as coisas aconteceram tão rápido. Eu não queria esconder de você, eu só... não sabia como dizer.
— Você mentiu para mim, sabendo que eu gosto do Jisung. — ela disse, sua voz se tornando ainda mais acusadora. — Como minha amiga, você vai entender o que eu vou fazer agora. — ela sorriu, e eu estremeci.
— O que? — minha voz saiu trêmula, cheia de apreensão.
— Vou te chantagear, bobinha. — Haeri continuou sorrindo, um brilho cruel nos olhos. — Quero que você saia do teatro e que termine sei lá o que você tem com Han Jisung.
Meu coração quase parou. — Haeri, você não pode estar falando sério.
— Ah, mas eu estou. — ela disse, sua voz cheia de certeza. — Você vai sair da peça e terminar com Jisung, ou eu conto para todos o que você e Jisung estavam fazendo no auditório. E quem sabe, talvez eu também espalhe o que seu pai realmente pensa de você. — ela deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós, e eu me senti presa, sem saída.
Minha mente estava a mil, tentando encontrar uma forma de sair daquela situação. — Haeri, por favor. — minha voz tremia, meus olhos começando a se encher de lágrimas. — Eu nunca quis te magoar. Jisung e eu... isso só aconteceu.
Ela revirou os olhos, sua expressão mostrando claramente que ela não se importava com meus sentimentos. — Não me interessa, Soomi. Eu só quero o que é meu por direito. E você vai me dar isso.
— Você não pode falar isso para mim. — respondi, minha voz cheia de desesperança.
— Claro que eu posso. Eu sei dos seus segredos e quero algo em troca. — ela retrucou, tirando o celular do bolso. — Se você não fizer o que estou pedindo como amiga, seu pai... Ele vai adorar saber que sua filha o desobedeceu e ainda está namorando escondido. — ela disse, mostrando uma mensagem aberta com o número do meu pai.
— Não estou namorando escondido. — tentei me defender, mas minha voz soou fraca. — E você não faria isso se realmente fossemos amigas.
— Claro que somos. — ela sorriu de forma debochada, apertando minha bochecha. — Melhores amigas. Seu segredo está guardado comigo... — Haeri piscou. — Desde que você faça o que estou pedindo. Seria muito chato e trabalhoso ter que espalhar para todo mundo que Park Soomi rouba o namorado da melhor amiga... E que é uma grande mentirosa.
— Jisung nunca foi seu namorado.
— Mas ia ser! Eu gostei dele primeiro! — ela quase gritou, sua voz cheia de frustração. — Você tem uma hora para pensar bem no que eu te disse, mas escolha bem para saber lidar com as consequências. Imagina contar para o seu pai? — ela riu, uma risada cruel. — Sabe que eu o conheço muito bem, né? Imagino até ele tirando a força da escola e te levando para um internato só para garotas.
— Você não teria coragem!
— Acha que não? Será que não seria o mais fácil de fazer? — ela voltou a mexer no celular, seus dedos dançando rapidamente sobre a tela.
— Espera! — eu me desesperei. E, num timing perfeito, Jisung me ligou. — Oi, Jisung.
— Coloca no viva-voz. — Haeri pediu com um sorriso maldoso, e eu obedeci sem questionar.
— Está tudo bem aí? — Jisung perguntou, sua voz cheia de preocupação. Olhei para Haeri, que me encarava com a sobrancelha arqueada.
— Estou te esperando aqui no portão.
— Está tudo bem sim. — engoli em seco, tentando manter a calma. — E-eu lembrei que preciso fazer umas coisas antes de ir... Você pode ir para casa. — menti enquanto encarava Haeri, que estava com um sorriso de satisfação no rosto, e senti uma lágrima cair.
— Tem certeza? — ele perguntou, claramente preocupado.
— Sim. — respondi, a dor em minha voz evidente, mas desliguei antes de mudar de ideia. — Satisfeita?
— Claro. — disse Haeri, e me abraçou, um gesto que deveria ser reconfortante, mas que me fez sentir ainda mais traída. — Obrigada, melhor amiga!
QUEM QUER SOCAR A CARA DA HAERI?
eu disse que a paz ia acabar, felicidade de pobre dura pouco sjsjjs
o diálogo da Haeri com a Soomi tá meio merda, porque eu tinha o diálogo perfeito na cabeça mas não consegui escrever
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