Enemies with Benefits ˢᵖʳᵒᵘˢᵉ...

By bughcitou

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O colegial foi a pior fase para Lili, que era um ê perfeito da nerd com poucos ou nenhum amigo que vivia... More

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By bughcitou

Cole Sprouse

Saí de casa perto do horário definido por Lili. A esperei na frente do seu prédio, encostado contra o carro. E mais uma vez a cena de mais cedo aconteceu. Eu a observei andar até mim quase como se estivesse em câmera lenta. Agora ela usava um vestido amarelo com flores brancas, alças finas e bem soltinho, de um jeito que parecia que o tecido dançava ao redor de suas pernas a cada passo que ela dava.

Ela parou em minha frente, sorridente. O perfume dela era adocicado e suave e o cabelo estava preso na lateral com uma presilha de brilhantes em formato de borboleta.

— Uau. — soltei involuntariamente, tão baixo que que ela nem ouviu.

— Animado? — perguntou.

— Não mais que você. E agora pode me dizer onde vai ser o meu abate?

— Por que acha que os meus hobbys são tão horríveis?

— Porque você é a Lili e a Lili é chata.

— Não pensou assim quando estava com a cabeça no meio das minhas pernas. — retrucou.

— Fala logo. — ri.

— Vamos ver um show de jazz em um lugar especial.

— Jazz? Você gosta de jazz? — arqueei as sobrancelhas.

— Surpreso?

— Não. Acho que é disso que os nerds e os idosos gostam.

— Você vai ter que morder a língua no final da noite. — deu a volta, indo até a porta do carona.

Entramos no carro e antes mesmo que eu pedisse, ela colocou o endereço no gps. Eu não sabia que lugar era aquele, então seria uma coisa genuinamente nova.

Paramos em frente à um casarão e eu consegui achar uma vaga em meio a tantos carros estacionados. Quando saímos, li a fachada em voz alta.

— Casa de repouso Sunflower.

— Tchanrãm! — cantarolou.

— Foi você quem deu o nome? — brinquei.

— Sim.

Olhei para ela surpreso.

— Foi mesmo você?

— Meu avô fundou o lugar quando eu tinha cinco anos e pediu que eu desse o nome de alguma coisa que eu gostava.

— Girassol. — afirmei e ela assentiu. — Ok, um show de jazz em um asilo. — suspirei.

— Não errou quando disse que idosos gostam de jazz. É o passatempo favorito deles.

Caminhamos pela estrada de pedras até chegarmos às portas, que estavam totalmente abertas para quem quisesse entrar. Uma moça estava recebendo as pessoas gentilmente e quando avistou Lili, abriu seus braços e a abraçou apertado.

— É tão bom te ver! — ela disse após as duas se afastarem.

— Desculpe não vir aqui mais vezes, há tanta coisa nova na minha vida profissional que eu ainda não consegui conciliar tudo. — Lili explicou.

— Tudo bem. Pelo menos não faltou à noite de Jazz. A senhora Page ficaria bastante chateada se você não viesse. Ela está testando um novo sabor de torta e quer que você prove.

— Eu vou adorar! — Lili sorriu. — Esse é o meu amigo Cole. E Cole, essa é a Lucy, ela é diretora do lugar.

— Seja muito bem-vindo, Cole. — estendeu a mão para mim.

— Obrigado. — sorri gentilmente ao apertar a mão dela.

— É melhor vocês entrarem, o show já começou. — deu espaço para nós. — Divirtam-se!

Eu e Lili passamos pelo hall de entrada e chegamos até o salão de festas. A música estava mais alta do que eu esperava e os músicos tocavam algo muito animado. Tinha uma mesa com comes e bebes, um lugar com cenário e acessórios para tirar fotos com um fotógrafo e mais na lateral, mesas para quem quisesse ficar sentado.

O que me deixou surpreso era que a maioria dos idosos estava de pé, dançando pelo salão sozinhos ou em casal. E eles não dançavam devagar nem nada do tipo, balançavam com animação de um lado para o outro, sorrindo e conversando alegremente.

— O que acha? — Lili olhou para mim esperançosa.

— Parece um baile de formatura, porém com idosos.

— E isso é ruim?

— Não.

— Quer comer alguma coisa?

Sem me deixar responder, agarrou minha mão e me puxou até a mesa com a comida. Estávamos segurando demais a mão um do outro ultimamente, mas eu não sabia se deveria reclamar ou não. Nunca achei que segurar a mão de alguém fosse uma coisa tão íntima, afinal, Lili estava apenas me guiando para um local determinado. Mas eu não sabia se significava a mesma coisa para ela. Mulheres se importam com pequenos detalhes, certo? E se aquele fosse um pequeno detalhe?

— Framboesa com amora. — saí dos meus pensamentos quando ouvi a voz dela ao descrever o sabor da fatia de torta que acabara de colocar em um prato. — Vamos ver se você é boa em tudo, senhora Page. — deu uma garfada. — Hum... excelente! — sorriu. — Você deveria provar.

— Vejamos. — passei o dedo no canto da boca dela, que estava sujo com um pouco de recheio e pus em minha boca. — Muito bom, mesmo.

— Engraçadinho. Come um pedaço de torta. — ofereceu-me o garfo cheio.

— Não sou fã de doces. — recusei. — Bom, da maioria deles. — sorri maliciosamente.

— Cole, come a torta ou vai se arrepender. — riu, praticamente enfiando o garfo na minha cara.

— Eu não quero. — afastei meu rosto.

— Quem está recusando a minha torta? — uma senhorinha perguntou ao chegar perto de nós.

— Eu não como doces. — expliquei, tentando me controlar para não completar com uma piada maliciosa na frente de uma idosa.

— Cole, esta é Shirley Page e ela é uma cozinheira de mão cheia. — Lili disse, entornando a senhorinha com um dos braços. — Eu adorei o novo sabor de torta.

— Eu sabia que ia gostar. — sorriu, acentuando as maçãs avermelhadas do rosto. — E o seu amigo? Ele tem que provar também.

— Eu disse. — Lili sussurrou.

— Ok. Eu posso comer um pouco. — peguei o prato de Lili e comi um pedaço. — Ah, meu Deus! — proferi ao sentir minhas papilas gustativas dançarem com a nova sensação. — Isso é perfeito! — comi mais umas três garfadas de uma vez.

— Vai com calma, rapaz. — Shirley riu, dando um tapinha em meu ombro.

— Lili, querida! — outra senhora se aproximou.

— Olá, senhora Smith! — Lili sorriu. — Adorei o seu vestido e o seu penteado está um luxo!

— Ah, querida, sabe que eu prefiro que me chame de Grace. — a mulher disse, passando as mãos pelos cabelos.

— Sempre querendo ser mais jovem do que é. — Shirley sussurrou para mim, me dando uma cotovelada de leve e me causando uma risada.

— E quem é o seu amigo? — Grace se aproximou de mim e tocou meu rosto com uma das mãos. — Você é a cara do meu falecido marido quando jovem.

— Ah, é mesmo? — sorri.

— Sim. E cá entre nós, ele é o homem mais lindo que eu já conheci. — deu uma piscadela.

— Sendo assim, obrigado. — ri.

— Você poderia ser avó dele, Grace. — Shirley a repreendeu.

— Não estou dando em cima do garoto, afinal, ele está acompanhado da namorada. — acenou com a cabeça em direção a Lili.

— O nome dele é Cole e eu não sou namorada dele. — Lili explicou.

— Bom, então retiro o que eu disse. — Grace enlaçou seu braço ao meu. — Não vai me convidar para dançar? — sorriu.

— Dançar jazz? — arqueei a sobrancelha.

— Ele adoraria. — Lili respondeu por mim, rindo com leveza.

Grace me puxou para o meio do salão e nós começamos a dançar. Ela começou a falar sobre sua vida, as coisas que gostava de fazer no asilo e claro, coisas que gostava nos homens. Apesar de já ser idosa, ela parecia não querer aceitar a velhice e era muito vaidosa e engraçada. Eu admirava pessoas assim e queria poder manter o meu espírito jovem tanto quanto ela.

Outras senhorinhas quiseram dançar comigo e eu virei a atração do lugar, ouvindo as diferentes histórias e me divertindo com a forma fácil que eu as encantava.

Agora eu estava dançando com Mary Green, que me contou sobre sua juventude atlética e os lugares que já visitou pelo mundo. Ouvi tudo com muita atenção e fiquei bastante interessado.

— Sua garota está dançando com o Paul. — Mary comentou.

— Ah — olhei para o lado e vi Lili dançando com um senhor. — Ela não é minha garota. — voltei minha atenção para Mary.

— Do jeito que você olha pra ela? — franziu o cenho. — Se ainda não é, vai ser.

Resolvi não contestar e apenas sorri, olhando de relance para Lili mais uma vez.

— Por que não dança com ela? — Mary sugeriu. — Eu estou mesmo de olho no Paul. — sussurrou.

— Então eu acho que deveria ajudar você. — sussurrei de volta, guiando Mary para perto de Lili e Paul. — Hey, Paul, que tal se trocarmos de parceiras?

— Algo me diz que uma certa pessoa estava esperando você sugerir isso. — ele respondeu em tom de brincadeira, acenando para Lili. — Mary? — estendeu a mão para ela.

— Paul — colocou a mão sobre a dele e piscou uma única vez para mim antes de ambos se afastarem.

— Doutora? — ofereci minha mão para Lili.

— Babaca — respondeu no mesmo tom cordial, pousando sua mão dentro da minha.

Puxei Lili para perto de mim, enquanto segurava sua cintura. Ela enlaçou meus ombros com os braços e me olhou fixamente, enquanto eu fazia o mesmo. Uma música mais lenta começou a tocar e as luzes ficaram mais baixas. Com aquele clima, algo estranho e novo começou a acontecer comigo. Por alguma razão, eu fiquei nervoso, mas não quis sair da situação. Eu queria mesmo dançar com ela daquele jeito.

— O que está achando? — perguntou.

— Mais divertido do que imaginei que seria. — admiti. — Isso funciona como um trabalho pra você?

— Não. Eu não ganho nada vindo aqui. Todo o lucro do lugar é da minha avó. Mas eu sempre visitei desde criança e os idosos sempre gostaram de mim. Eu não me dava bem com as crianças da minha idade, mas me dava bem com eles.

— Você deve ter sido uma criança muito esquisita. — brinquei.

— Pode ser. — deu de ombros. — Esse lugar fez parte da minha evolução como pessoa, sabe? Aqui eu tive o primeiro contato com a amizade e também tive que lidar com o falecimento de alguns desses meus amigos. Eu aprendi muito cedo que as pessoas não são eternas.

— Isso é... meio sombrio.

— Não é. — negou com a cabeça. — É bom ter noção da realidade desde cedo. Quando o meu avô se foi, ninguém precisava encontrar um jeito ameno de me dizer isso. Eu sabia o que era a morte e sabia que era inevitável.

— A gente pode parar de falar sobre morte? — sorri sem jeito.

— Claro. — sorriu também. — E o jazz? Gosta do jazz?

— Até que é agradável.

— Sim. — suspirou.

Lili encostou sua testa na minha e ambos fechamos os olhos, ainda balançando no ritmo da música. Com muita naturalidade, aproximei meu rosto do dela e lhe dei um beijo, que foi devolvido no mesmo instante. Outra coisa que estava se tornando comum eram os beijos. Antes eles eram apenas um combo do sexo, a cereja do bolo para uma noite de transa. Agora eram quase rotineiros.

Pensar sobre isso despertou um bloqueio em mim. Parei de beija-la e também parei a dança.

— Algum problema? — Lili perguntou confusa.

— Eu só... fiquei com um pouco de dor de cabeça. — menti.

— Eu posso pegar um remédio pra você, tem remédio pra tudo aqui. — ela fez menção de se afastar, mas eu segurei seu braço.

— Não, eu não me automedico.

— Cole, eu sou médica. Posso te dizer que remédio tomar.

— Remédios não funcionam muito para as minhas dores de cabeça. Eu preciso mesmo é de um banho gelado e um cochilo.

— Você quer ir embora agora?

— Vai ficar chateada? — o que eu estava fazendo? E daí se a Lili se chateasse comigo?

— Não. Tudo bem. — sorriu fraco.

Droga, fique com raiva de mim, não seja compreensiva!

Eu vou pegar a minha bolsa e a gente pode ir. — falou.

— Não precisa ir embora por minha causa.

— É que eu prefiro ir também.

[•••]

Quando chegamos ao prédio dela, ela insistiu que eu a acompanhasse até seu apartamento.

— Não quer ficar até a dor de cabeça amenizar um pouco? — perguntou depois de abrir a porta.

— Não. — fui curto.

— Tem certeza? Eu posso te fazer uma massagem e... — chegou mais perto, dedilhando o meu peito e falando de um jeito mais sedutor. — te fazer uma massagem. Se a dor passar, nós podemos... — aproximou seus lábios dos meus, mas eu a parei.

— Não, Lili. Eu vou pra casa. — fiquei sério.

O resquício de sorriso que ela tinha no rosto morreu. Lili se afastou de mim e ficou bem séria.

— O que deu em você?

— Eu só quero ir pra casa. Qual parte disso você não entendeu? — falei com impaciência, podendo ter soado até um pouco grosso.

— Tá. — arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços.

— Boa noite, Lili.

— Boa noite, babaca. — fechou a porta na minha cara.

Agora sim ela estava brava.

Alguma coisa em mim me fez querer tocar a campainha, pedir desculpas por algo que eu nem sei o que era e depois agarra-la, mas eu optei por dar as costas e seguir o meu caminho.

Dentro do meu carro, enquanto dirigia para casa, eu fiquei pensando sobre o que eu senti. Poderia ser um sinal vermelho para algo que eu nunca quis e nunca me permiti sentir antes, ou poderia ser apenas a parte de mim que a detestava sumindo e dando lugar a uma parte que a via como uma amiga.

Minhas amizades femininas não eram tão íntimas e eu não sabia como deveria funcionar isso. Talvez funcionasse da forma como estava sendo com Lili e o meu consciente ainda não tenha entendido.

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