Fechei os olhos, segurando a mão de Felipe com um misto de curiosidade e ansiedade.
- Pronta? - ele perguntou, com um tom de voz suave.
- Pronta - respondi, tentando não sorrir.
Felipe me guiou pela casa, dando passos lentos e cuidadosos. Depois de alguns segundos, paramos.
- Pode abrir os olhos agora - ele disse, soltando minha mão gentilmente.
Abri os olhos e me deparei com uma pequena mesa na varanda, iluminada por luzes de fadas, com uma caixa de presente no centro.
- O que é isso, Felipe? - perguntei, surpresa.
- Um presente para você - ele respondeu, olhando nos meus olhos.
Peguei a caixa com cuidado e a abri. Dentro, havia um colar delicado com um pingente em forma de coração, gravado com as iniciais "N" e "L".
- É lindo - sussurrei, emocionada. - Mas... por quê?
- Porque, apesar de tudo, você é uma parte importante da minha vida - ele disse. - E queria te dar algo para lembrar sempre disso, não importa o que aconteça.
Coloquei o colar, sentindo um nó na garganta.
- Felipe, eu... - comecei, mas as palavras faltaram.
Ele se aproximou e me deu um abraço caloroso.
- Não precisa dizer nada - ele murmurou. - Só quero que saiba que estou aqui, sempre estarei.
- Obrigada por tudo, de verdade não sei como estaria se não fosse você - disse, minha voz trêmula com a emoção.
- Ei, antes de tudo éramos amigos - ele respondeu, fazendo carinho no meu rosto.
Fechei os olhos, deixando-me levar pelo toque suave de sua mão. Uma sensação de paz tomou conta de mim, uma rara tranquilidade em meio ao caos dos últimos dias. Abri os olhos lentamente e nossos olhares se encontraram, cheios de significado e de todas as palavras não ditas. Ficamos ali, abraçados, enquanto a noite avançava, encontrando conforto na presença um do outro.
- Felipe... - comecei a falar, mas ele colocou um dedo nos meus lábios.
- Shh, não precisa dizer nada agora - ele murmurou, sua voz baixa e reconfortante.
- Mas eu preciso - insisti, segurando sua mão. - Preciso que você saiba o quanto significa para mim. Mesmo com tudo o que aconteceu, você sempre esteve lá. E eu não sei como agradecer por isso.
Felipe sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto de um jeito que eu não via há muito tempo.
- Naty, você não precisa agradecer. Eu faço porque me importo com você, com a Laura. Sempre vou estar aqui, não importa o que aconteça.
O silêncio que se seguiu foi confortável, cheio de compreensão mútua. Ficamos ali, na varanda, sob as luzes de fadas, com o barulho distante da cidade ao nosso redor. Naquele momento, senti que, apesar de tudo, haveria dias melhores pela frente. E que, de alguma forma, tudo ficaria bem.
Olho para Felipe querendo perguntar uma coisa, mas estava tentando criar coragem.
- Felipe, você não está ficando com ninguém?
Felipe riu, segurando minha mão suavemente.
- Sabe, Naty, depois de você, foi difícil encontrar alguém que realmente me fizesse feliz - ele admitiu, seu olhar se tornando sério. - Tentei conhecer outras pessoas, mas nenhuma delas me fazia sentir o que sentia por você.
Meu coração deu um salto. As palavras dele ecoaram dentro de mim, trazendo à tona todas as emoções que eu tentava reprimir.
- E você? - ele perguntou, seus olhos buscando os meus. - Ainda pensa em nós dois?