Malu Lopez/20 de fevereiro
O despertador tocou, mas Malu já estava acordada, olhando para o teto, com a pulseira antiga no pulso. Aquilo pesava. Não só pelo valor sentimental, mas pela confusão que a história toda envolvia.
Ela suspirou, passou a mão no rosto e se sentou na cama. Pegou o celular, abriu a conversa com o Henrique... mas não teve coragem de mandar mensagem. Ele tava estranho ontem. Ela sentiu.
Foi até o banheiro, se olhou no espelho e falou baixinho:
- Hoje eu resolvo isso. Ele merece saber tudo. Sem mais enrolação.
Vestiu um look confortável, mas caprichou no cabelo e passou uma make leve. Queria estar bem quando olhasse nos olhos dele. Desceu pra tomar café, mas nem conseguiu comer. Melissa e Mateus estavam brigando por alguma besteira, como sempre, e ela apenas pegou uma maçã e saiu.
CENA: ESCOLA - INTERVALO
No grupo das meninas, o assunto era outro, mas a cabeça da Malu só pensava no Henrique. Ele tava distante. Frio. Isso nunca foi do jeito dele com ela.
Ela olhava pra ele de longe no pátio, e seu coração apertava. A culpa, o nervosismo e o medo se misturavam. A pulseira tava escondida pelo moletom, mas ela sentia como se todo mundo pudesse ver. E que o Henrique também já sabia de tudo.
Quando o sinal tocou anunciando o fim do intervalo, ela respirou fundo. Ela sabia que mais tarde teria que enfrentar essa conversa. De verdade.
Mas antes disso... ela ainda precisava encontrar forças.
A professora anuncia, empolgada:
- Trabalho em dupla, turma! Quero que escolham logo e comecem a planejar, porque a apresentação é na sexta.
Malu se vira com um sorrisinho animado no rosto, os olhos procurando o de Henrique:
- Amor, vamos fazer juntos?
Henrique hesita por um segundo. Ele não encara ela direito e responde com a voz baixa:
- Desculpa, Malu. Vou fazer com a Natália... a gente já tinha combinado antes.
Aquele sorriso no rosto da Malu desmoronou. Ela tentou forçar um "tudo bem", mas a garganta travou. Só assentiu, o coração apertando forte. Viu Henrique trocando palavras com Natália, os dois em sintonia.
Ela levanta meio atordoada, segurando o choro:
- Professora, posso ir no banheiro?
Sem esperar resposta, ela saiu da sala. Correu até o banheiro, trancou a porta da cabine e encostou as costas na parede fria. Lágrimas silenciosas começaram a rolar. Os olhos dela ardiam, o coração estava despedaçado.
As lembranças vieram como um soco no peito.
O show do Orochi... as luzes vibrando, a música alta, os dois colados no meio da multidão. Ele segurando a mão dela, puxando pra mais perto. Aquele beijo inesperado, quente, cheio de nervosismo e emoção. O primeiro beijo. O momento que ela achava que ia durar pra sempre.
Ela se olhou no espelho e murmurou pra si mesma, com a voz embargada:
- Como ele teve coragem...
Ficou ali até o sinal bater, esperando todo mundo ir embora. Saiu sem olhar pra ninguém. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia como se estivesse sozinha de verdade.
Malu chegou em casa com o coração pesado. Subiu direto pro quarto, largou a mochila no canto e se jogou na cama. Passou uns minutos encarando o teto, sem coragem de fazer nada. As palavras do Henrique ecoavam na mente dela como se tivessem sido ditas mil vezes: "Vou fazer com a Natália..."
Pegou o celular. A tela ainda tinha uma foto dos dois como fundo. A mão tremia levemente enquanto ela abria a conversa com ele. Digitou, apagou. Respirou fundo, e escreveu de novo:
Malu:
"A gente precisa conversar, Henrique. Quando você puder, me chama. De verdade."
Ela ficou ali, olhando pro celular, esperando aqueles três pontinhos aparecerem. Nada. O silêncio agora doía mais do que qualquer resposta.
Ela se encolheu debaixo do cobertor, com a pulseira no pulso apertando de leve, como um lembrete cruel do que ela mesma não sabia como explicar. Tudo o que queria era contar a verdade. Mas e se ele nem quiser mais ouvir?
Malu estava jogada no sofá, com o olhar perdido na TV, mas sem realmente prestar atenção. Estava com o coração apertado, esperando alguma resposta do Henrique, até que a porta se abriu de repente. Letícia entrou correndo, seguida de Lucas, o irmão do Henrique. Os dois estavam rindo, suados de tanto brincar, e foram direto pra cozinha pegar água.
Minutos depois, Melissa e Mateus entraram em casa e, ao ver a cena, o caos começou.
Melissa (já alterada):
- Malu, deitada aí enquanto tua irmã nem avisou onde ia! Tu não sabe cuidar dela, não?
Mateus (exaltado):
- Tu não ajuda em nada nessa casa! Acha que tua obrigação é só existir?
Malu (se levantando, irritada e triste):
- Eu tava aqui! A culpa é minha agora por ela ter ido brincar? Vocês nem sabiam onde ela tava!
Melissa:
- Tu tem que nos respeitar, menina! Somos teus pais!
Malu (com os olhos marejados):
- Então comecem a agir como pais! Só sabem gritar, me culpar por tudo...
Mateus (com ódio nos olhos):
- Talvez porque a vida inteira a gente tentou ser pais de verdade, mas tu nunca colaborou! Até a Letícia, que tem 7 anos, é melhor filha que tu!
Melissa (descontrolada):
- Sinceramente? Preferia nunca ter te roubado daquele casal. Não valeu a pena ter uma filha como você!
Malu parou. Um silêncio mortal tomou conta da sala. Ela olhou fixo para os dois, com a respiração presa no peito.
Malu (com a voz trêmula):
- O... quê?
Mateus abaixou a cabeça. Melissa sorriu de canto, cruel.
Melissa:
- É isso mesmo que ouviu. Eu te roubei da maternidade. Adorei ver os pais chorando por achar que a filha tinha morrido. Mal sabem eles que a filha morta... era a minha.
Malu (gritando em desespero):
- VOCÊS TÃO MENTINDO! PARA! PARA COM ISSO!
Melissa:
- Nunca te amei. E sabe por quê? Porque cada vez que olho pra você, eu lembro do quão fácil foi destruir uma família.
Malu caiu de joelhos, com o rosto banhado em lágrimas. A pulseira no pulso brilhava sob a luz da sala, como uma lembrança de tudo que tinha sido roubado dela. Ela soluçava, o peito apertado, sentindo que seu mundo inteiro estava desmoronando.
As palavras de Melissa e Mateus ainda ecoavam na cabeça de Malu. Ela estava em choque, com o rosto banhado em lágrimas, sentindo o coração despedaçar.
Malu (gritando):
- VOCÊS ARRUINARAM A MINHA VIDA! COMO TIVERAM CORAGEM?!
Melissa (com desprezo):
- Cresce, Malu. Já passou da hora.
Mateus (sem paciência):
- A gente devia ter deixado você naquele hospital...
Malu não respondeu. Subiu as escadas correndo, o coração batendo forte de raiva e tristeza. Chegou no quarto e começou a encher as malas. Pegou todas as roupas, produtos de beleza, livros, objetos pessoais, até roupa de cama, toalhas, maquiagem... Tudo. Encheu quatro malas grandes. O quarto foi ficando vazio, impessoal. Como se ela nunca tivesse existido ali.
Malu (sussurrando, com a voz trêmula):
- Eu não volto mais.
No meio da confusão, Lucas, o irmãozinho do Henrique, que estava passando a tarde brincando com a Letícia, apareceu na porta do quarto. Ele estava com um carrinho na mão e olhou para Malu confuso.
Lucas (assustado):
- Malu... você tá indo embora?
Malu olhou pra ele com o coração apertado, mas não quis assustá-lo.
Malu (ajoelhando-se):
- Tô sim, Luquinhas... mas tu vai comigo, tá bom? Vamos pra tua casa, lá com o Henrique. Eu não posso ficar aqui.
Lucas assentiu sem entender direito, mas confiava nela. Malu pegou as malas e, com dificuldade, desceu com tudo. Letícia veio correndo da sala.
Letícia (quase chorando):
- Tu vai embora?
Malu (abraçando forte):
- Vou, minha pequena... mas nunca esquece que eu te amo muito, tá? Tu é uma das melhores coisas da minha vida.
Letícia chorava em silêncio, agarrada a ela.
Malu:
- Me desculpa por não poder te levar... mas promete que vai ser forte.
Ela deu um beijo na testa da menina, respirou fundo, e puxou Lucas pela mão.
Malu (sussurrando):
- Vamos, Luquinhas... a gente não pertence mais a esse lugar.
E sem olhar para trás, ela saiu da casa. As malas arrastando no chão, o coração apertado, e a certeza de que nunca mais voltaria.
A porta se abriu lentamente. Bárbara, mãe do Henrique, viu a cena que cortou seu coração: Malu parada com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar, carregando quatro malas e puxando o pequeno Lucas pela mão.
BÁRBARA (assustada):
- Meu Deus, Malu... o que aconteceu, meu amor?
Sem responder, Malu apenas desabou. Bárbara largou tudo e correu para ajudar com as malas, mandou Lucas subir pro banho e sentou no sofá com a menina.
MALU (chorando nos braços dela):
- Eles disseram que eu não sou filha deles... que me roubaram da maternidade... que preferiam a filha morta do que eu...
Bárbara ouviu tudo em silêncio, furiosa. Sentiu um nó na garganta e passou a mão nas costas da menina, tentando acalmá-la.
BÁRBARA (indignada):
- Isso é um absurdo! Malu, a partir de hoje, você mora aqui com a gente. Você é da família, ouviu? Vou cuidar de você como uma filha, como você merece.
Ela enxugou o rosto de Malu com carinho.
BÁRBARA (com calma):
- O Henrique tá lá em cima fazendo um trabalho. Vai lá conversar com ele... talvez te faça bem.
Malu assentiu. Subiu devagar as escadas, tentando respirar fundo. Mas, ao chegar na porta do quarto, que estava entreaberta, parou.
Seu mundo caiu de novo.
Cena dentro do quarto: Henrique e Natália estavam se beijando.
Natália tinha puxado ele, e Henrique não recuou. Correspondia. Só depois de alguns segundos se afastou.
HENRIQUE (confuso):
- Nath... isso não é certo... eu ainda namoro a Malu...
Nesse momento, Malu engasgou num soluço alto. Henrique virou o rosto assustado ao ouvir o choro.
HENRIQUE (assustado):
- Amor?! Não é o que tu tá pensando!
MALU (gritando e chorando):
- Não é o que eu tô pensando? Tu tá com a tua boca grudada na minha "amiga" e ainda tem coragem de mentir?
Ela tirou a aliança do dedo e atirou com força contra o peito dele.
MALU:
- Porra, Henrique! Eu te amei com tudo que eu tinha! Me entreguei inteira... e tu me trai desse jeito?! Bem que me avisaram que tu era um canalha!
HENRIQUE (tentando alcançar ela):
- Me escuta, por favor! Malu, deixa eu explicar...
MALU (descendo as escadas, aos prantos):
- Explicar o quê? Que tu beijou ela na cama onde a gente dormia junto?! Onde tu dizia que me amava?!
HENRIQUE (gritando):
- E tu acha que eu não sei do Otávio?! Tu foi encontrar ele ontem, eu vi ele te abraçando! Tu também me traiu, Malu!
MALU (vira e dá um tapa na cara dele):
- EU IA TE CONTAR, HENRIQUE!
Otávio me procurou porque... porque ele tava com a minha pulseira! Aquela que eu achei quando era criança! Aquela com o nome Malu G. que eu não sabia o que significava! A MINHA mãe mandou ele BOTAR FOGO NELA, HENRIQUE! E ele não teve coragem! Eu nunca beijei ele, nunca traí teu amor!
Ela soluçava, descontrolada.
MALU:
- Eu nunca fui tão filha da puta quanto você...
Sabe o que é pior? Eu te amava tanto que doía. Tu destruiu tudo, Henrique. Tudo.
HENRIQUE (com a voz falhando):
- Eu tava mal, Malu... eu me senti traído, inseguro... foi por isso...
MALU (olhando com desprezo):
- Se toda vez que eu me sentisse triste eu te traísse, tu teria um chifre tão grande que não passava na porta! Tu não tem desculpa, Henrique. Porque quem ama, não trai.
Henrique caiu de joelhos, chorando.
HENRIQUE:
- Eu te amo, Maria Luiza...
MALU (antes de sair pela porta):
- Quem ama... não machuca desse jeito. Tia Bárbara, depois eu pego minhas coisas.
E saiu correndo. Andou pelas ruas sem rumo, com o coração em pedaços, até que um carro preto parou ao seu lado.
ROGER GUEDES (baixando o vidro):
- Meu bem...? Por que tu tá chorando assim? Entra aqui, vem comigo. Vou te levar pra minha casa, você não pode ficar sozinha assim.
Malu entrou no carro, e ali mesmo desabou. Chorava com toda a dor que sentia, sem saber se um dia o coração dela voltaria a ser inteiro.
O carro parou em frente à casa. Roger saiu rápido, deu a volta e abriu a porta do carro pra Malu, que ainda chorava baixinho. Quando chegaram na porta, Sindy, esposa de Roger, abriu e correu até eles ao ver o estado de Malu.
SINDY (assustada):
- Meu Deus, Roger... o que aconteceu com ela?
ROGER (abraçando Malu):
- Ela passou por coisa demais. Depois eu te explico direitinho, amor. Mas agora... ela só precisa de carinho e um lugar seguro.
Sindy puxou Malu pra um abraço apertado, acolhedor, como de mãe.
SINDY (carinhosa):
- Vem, minha linda... você tá em casa agora. Aqui ninguém vai te machucar.
Malu entrou devagar, sentindo o calor de um lar de verdade pela primeira vez em muito tempo. Sentou no sofá, Roger ao lado e Sindy segurando suas mãos. Então ela contou tudo - a revelação terrível de que foi roubada da maternidade, o jeito cruel que foi tratada, e por fim a traição de Henrique.
Quando terminou, Sindy já chorava também, segurando as mãos da menina.
SINDY:
- Malu... como alguém consegue fazer isso com uma criança? Com você? Isso é cruel demais...
ROGER (olhando com raiva contida):
- Esses dois nunca foram pais de verdade. Mas agora você tem a gente.
SINDY (determinada):
- Vai pro quarto, toma um banho quente. Eu deixei uma roupa separada pra você. Depois desce, a gente janta junto.
Malu assentiu e subiu. No banho, as lágrimas continuaram caindo - agora de dor, alívio e cansaço. Depois de vestir a roupa que Sindy havia deixado, desceu com os cabelos ainda úmidos.
Sindy e Roger estavam à mesa, jantando. O cheiro era acolhedor, o ambiente tranquilo. Malu sentou em silêncio.
Antes de pegar o garfo, ela levantou os olhos devagar e olhou pra Roger.
MALU (voz baixa e cansada):
- Tio Roger... será que amanhã o senhor pode buscar minhas malas na casa da tia Bárbara?
ROGER (prontamente):
- Claro que sim, Maluzinha. Eu vou lá pessoalmente. Pode deixar tudo comigo, tá?
SINDY (doce):
- Agora come, amor. Aqui é teu lar. E a gente vai cuidar de você direitinho.
Malu deu um leve sorriso e, pela primeira vez em muito tempo... se sentiu em paz.
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*lembrando que não sou boa escrevendo fanfic então critica vai ser bem vinda mas também não precisa humilhar a autora
*eu tenho respeito total aos personagens
Porque,Afinal tudo é imaginação
*vai ter vários gatilhos cuidado
*desculpa qualquer erro de português,não sou muito acostumada a escrever assim então desculpa
*essa fanfic vai começar em 2024 em logo da fanfic eles vão pra 2025
* coitada da nossa Malu,Henrique foi muito pau no cu que ódio da Melissa e do Matheus e também da Natália
*graças a Deus a Malu têm o Roger e Sindy,mal sabe ela que eles são os pais dela
Beijos da Mary 😘
de estrelinhas e comentem