Rae e Kori saíram do portal e perceberam que a vantagem que detinham sobre as irmãs havia diminuído consideravelmente, chegando ao ponto que poderia ser interpretado como desesperador. Dedicaram uma semana inteira, exigindo de seus soldados o limite de seus corpos e concentração, permitindo que descansassem, no máximo, 8 horas, que deveriam ser bem distribuídas entre sono e alimentação, pois estariam em menor número e o elemento surpresa, somado à habilidade e empenho desses primeiros homens seria o que faria alguns dos inimigos desertarem e serem mortos por imprudência ao se perderem no banho de sangue ou mesmo de pavor. Porém, nas duas horas que ficaram ausentes, Nasu ou Komand'r perceberam isso e aumentaram os números de suas linhas e massacraram quase metade dos aliados das irmãs mais novas. Rae e Kori ainda reservavam a maior parte do poder para a batalha que certamente viria no momento que os exércitos extras chegassem ao campo de batalha e o ódio das primogênitas ficasse descontrolado ao ponto em que ambas sairiam de seus esconderijos e entrassem no embate caçando as caçulas.
Kori sacou a espada que estava presa às suas costas e empunhando, também, uma espada sobressalente que havia pegado no quarto da amiga, deu uma última olhada na luta que se deflagrava poucos metros à frente e virou-se para Rae:
- Faça o que tem fazer. - e com um sorriso travesso acrescentou - Irei na frente e abrirei caminho
- Não se divirta demais, quero alguns para mim - respondeu espelhando o sorriso
- Se demorar demais, não posso prometer
- Irei encontrá-la o mais rápido possível então - disse Rae piscando um olho
Kori tomou um fôlego e se precipitou sob os soldados abaixo e, antes que dessem por sua presença, já havia decaptado 10 em meio a golpes das espadas e rajadas verdes lançadas de seus olhos. Rae pousou ambas as mãos na grama da Floresta Sombria e uma onda de seu poder se espalhou em direção aos castelos das irmãs fazendo a terra toda tremer, com isso, Rachel sacou a espada de lâmina negra, conjurou o chicote de poder que empunhara no início do confronto e alçou aos céus. Lançando o chicote com rapidez e precisão, ela destroçava os adversários mais distantes, quebrando pescoços e dilacerando costas, peitos e abdomens e, para aqueles que se encontravam ao seu alcance, a espada estava pronta e era manejada com destreza e brutalidade. Logo, ela e Kori lutavam quase em uma linha vertical e levavam consigo qualquer um que se atrevesse a cruzar seus caminhos em direção aos generais que lutavam lado a lado no canto direito e estavam sendo encurralados pelos inimigos para morrerem em seguida. As duas faziam chover sangue no chão do campo estéril. Frias e calculistas aproximavam-se com rapidez do casal que lutava bravamente, agora, 100 metros à frente.
Assim que atingiram a parte de trás das linhas inimigas que avançavam sobre aqueles homens, Rae pousou e ela e Kori eram um furacão de lâminas e morte enquanto avançavam cada vez mais. Diversos dos soldados inimigos correram para longe dali, para morrerem mais tarde, elas prometeram em silêncio. Avançado com rapidez pelo amontoado de corpos e lâminas, as duas sentiram que os músculos de seus braços dominantes vacilaram, mas não deixaram transparecer tal momento de fragilidade para os inimigos, reduzindo o manejo de uma das armas que portavam, elas atacaram com mais violência com as armas extras e os poderes, até que a rigidez se tornou uma leve dormência e puderam utilizar ambas as mãos novamente. Ao chegarem aos generais, os quatro juntos conseguiram quase eliminar todos os combatentes inimigos, mas Rae, sabendo que era apenas questão de tempo para que a barreira rompesse, se a dormência de minutos atrás era algum indicativo, e elas sentissem os braços extremamente pesados deu a ordem de retirada. Cada uma pegou um dos generais, que estavam feridos em inúmeros lugares, porém nenhum era fatal, ainda que houvessem ferimentos mais sérios, e levantaram voo. Porém, ao pegar impulso, Rachel bateu o pé direito no chão e, lançando uma breve onda de poder, reduziu o restante do exército que as cercava a cinzas. Ao pousarem no acampamento que haviam montado e depois de se certificarem que os dois soldados estavam recebendo a assistência necessária em seus ferimentos, as duas se afastaram levemente do grupo e Kori indagou:
- A barreira?
- Sim. Está muito danificada - respondeu Rae sem olhar nos olhos verdes da melhor amiga
- Muito quanto? - perguntou Kori arrastando a última palavra e erguendo uma sobrancelha
- Mais um golpe e ela vem abaixo - disse e depois suspirou
- Como isso é possível? - questionou a ruiva pressionando a ponte do nariz com o indicador e o polegar
- Não sei. - afirma Rae e passa a mão no rosto - Só sei que elas ampliaram os próprios poderes porque elas nunca conseguiriam esse feito tão rápido assim. O primeiro golpe eu até entendo, a barreira não estava esperando, mas esse segundo?! O feitiço estava pronto pra revidar e não permitir que a rachadura aumentasse. Kori, elas trincaram a barreira - completou exasperada
- Quanto tempo até eles entrarem aqui? - pergunta a ruiva
- Uma hora, no máximo
- Então vamos dobrar esse lugar, eles não podem chegar antes de conseguirmos, ao menos equilibrar as coisas
- Não irão. Vamos liberar o inferno sobre esses soldados e, quando minhas irmãs chegarem, e elas chegarão antes deles, teremos a vantagem
- Ótimo. - comentou Kori sem humor
- Eu vou matar todos eles - disseram juntas
As duas retornaram à tenda de guerra e fizeram o último planejamento com os homens e mulheres de mais alta patente, incluindo os dois generais que agora tinham os ferimentos fechados e enfaixados pelos curandeiros. Não deram mais que 10 minutos de descanso antes de ordenarem o retorno, pois o golpe de Rae os havia desestruturado, mas, quem quer que estivesse no comando daquele gigantesco exército ja urrava ordens para que as linhas se recompusessem e foi ali, onde os soldados ainda tentavam se organizar que Rae abriu um portal para que os soldados menos experientes atacassem. As duas rainhas lutavam no centro da batalha, ainda no chão, mantendo o foco do inimigo majoritariamente nelas e somente quando 4 cornetas soaram no horizonte foi que Rae e Kori levantaram voo e viram as irmãs de Rae, com surpreendente contingente militar, irromperem sobre os soldados inimigos, dando início à carnificina que, certamente, atrairia Nasu e Estrela Negra para fora. No meio do campo de batalha aéreo as duas perderam a noção do tempo enquanto empunhavam as espadas fazendo com que os adversários caíssem aos montes no chão, depois do que poderiam ser minutos ou horas, o braço dominante das duas torrou-se um peso morto, obrigando-as a, mais uma vez, disfarçar tal fraqueza e utilizarem de outros meios de combate: Kori passou a lançar rajadas de energia os olhos, enquanto Rae conjurou mais uma vez o chicote, cortando os inimigos ao meio. Porém, o braço de ambas logo voltou à sensibilidade e ume breve troca de olhares indicou às duas o que ocorrera: a barreira havia sido destruída e em breve seus amigos estariam ali.
Perdidas em meio ao frenesi da batalha, as duas amigas estavam apenas levemente cientes que seus amigos, naquele momento, as encaravam boquiabertos no alto de um penhasco. Temendo que qualquer desgarrado pudesse atacá-los ou que alguma das criaturas que circulavam pela Floresta Sombria os visse como aperitivo, Rae e Kori lançaram uma onde de poder conjunta que pulverizou o exército inimigo em um raio de 500 metros, mantendo seus aliados intocados e embasbacados com o ocorrido. Gritando ordens sobre deveriam atacar, as duas voaram em direção aos amigos que ainda estavam chocados demais para fazer qualquer coisa que não encara-las, pois, por mais que já as tenham visto lutar inúmeras vezes, nunca haviam presenciado a extensão das habilidades das duas, tampouco vislumbraram a brutalidade que estava tão presente tanto na postura quanto no manuseio das armas. Kori pousou primeiro e a expressão em seu belo rosto foi suficiente para fazer com todos dessem um passo para trás, pouco depois Rae pousou ao lado da amiga e sua expressão era gêmea àquela estampado por Kori.
- Que merda vieram fazer aqui? - ralhou Rae
- Ajudar, oras - respondeu Gar, que diante do olhar de Rae transformou-se em um gatinho e correu para trás de Victor
- A barreira não foi indicativo o suficiente de que não precisamos de vocês aqui? - perguntou Kori lutando para controlar o temperamento
- Pelo que eu to vendo, vocês estão, sim, precisando de nossa ajuda - retrucou Luke, o que foi a coisa errada a se fazer, já que ambas olharam de esguelha o campo abaixo e fixaram suas atenções nele
- Vou mudar a frase de Kori: - disse Rae com uma doce que assustou a todos muito mais do que expressão de fúria que ela estampou momentos antes - não queremos a ajuda de vocês. E... pelo o que eu estou vendo, claramente não precisamos de vocês aqui, uma vez que temos mais quatro exércitos combatendo e um quinto pronto para entrar assim que eu o convocar
- Vocês não conseguem vencê-los sozinhas - disse Jinx
- Suas irmãs nem estão aqui - completou Zatanna
- E eu tenho certeza que tampouco o exército delas está completo - reiterou Bárbara
- Pedi por uma opinião? - perguntou Rae piscando os olhos ametista
- Acho que não. - respondeu Kori e acrescentou - Vocês são burros demais se não perceberam o risco que correm aqui
- E você duas não? - contra atacou Vic
- Não - responderam em uníssono
- Pois terão nossa ajuda quer vocês queiram quer não - retrucou Dick
- E eu acho que estão dispostas a aceitá-la, pois se não estou enganado, aquilo é o resto dos exércitos de suas irmãs - completou Garth
Diante disso, as duas viraram-se novamente para trás e viram o que estavam para se chocar contra seus exércitos e, ambas, praguejaram ao vislumbrarem a desvantagem a que seriam submetidas. Imediatamente, Rae ergueu os braços e abriu um portal na diagonal de trás de ambos os lados daquele exército e Iffrite com seus homens e mulheres armados até os dentes, irromperam bradando um grito de guerra que cruzou o campo de batalha. O choque dos exércitos foi estrondoso e ambas as partes agora lutavam com armas e magia fazendo céu e terra tremerem diante daquele confronto. Dando-se por vencidas, Kori e Rae voltaram-se uma última vez para os amigos
- Uma dupla será posicionada em cada exército aliado, não tenho tempo de montá-las, mas PRECISO que Zatanna, Jinx, Victor e Luke formem duplas, sei que foram os quatro que romperam aquela barreira e quero essa ampliação de poder mais uma vez. - instruiu Rae
- Dru e Cassie, vocês também não ficarão juntas, a força de vocês TEM que estar em conjunto com a habilidade de outro, não me interessa quem - completou Kori e adiantou: - Dick e Garth, vocês dois FICARÃO juntos
Os dois notando que uma réplica não seria bem recebida concordaram assim como os demais que rapidamente montaram as duplas. Assim que se viraram para as amigas, Rae não mais estava em sua forma humana, como ela havia mantido todo o tempo até então, sua pele assumira o tom de vinho, os olhos duplicaram tornando-se vermelhos e as orelhas ficaram pontudas, um olhar para Kori revelou uma coluna de fogo com os contornos da mulher e antes que pudessem perguntar o que as fizeram se transformar, eles viram duas figuras se elevarem da fortaleza que se encontrava bem ao longe no horizonte, uma envolta em uma luz alaranjada e outra em chamas roxas: Nasu e Komand'r finalmente decidiram ser a hora de enfrentar as caçulas. Rae abriu os portais onde os Titãs seriam posicionados e as duas, mais uma vez, lançaram uma onda de poder sobre o exército inimigo por cada um dos portais, dizimando centenas. Sem quaisquer despedidas ou desejos de boa sorte, as duas rainhas tomaram os céus em direção às irmãs que tentavam usurpar seus tronos. Os Titãs deram uma última olhada para as duas silhuetas que disparavam para o horizonte, desejaram-lhes boa sorte, mesmo sabendo que não seriam ouvidos, voltaram-se uns para os outros repetindo as mesmas palavras e se lançaram na batalha.
Rae e Kori, voando lado a lado, observaram as irmãs se afastarem, seguindo direções totalmente opostas, então, as duas amigas se deram um último aceno, bem como um enorme sorriso que não poderia ser descrito de outra forma que não fosse predatório, e seguiram suas respectivas irmãs mais velhas. Rae farejou Nasu facilmente e, sabendo que a irmã provavelmente planejara uma armadilha para ela decidiu jogar o jogo e se permitiu segui-la sem se importar com possíveis truques que tivessem sido posicionados em seu caminho. Nasu pousou e Rae imediatamente reconheceu o campo de batalha escolhido pela irmã: a planície na qual ela matara Trigon sete anos atrás, com um sorriso de escárnio repuxando os lábios, Rachel também pousou
- Poético não acha? - refletiu Nasu, tocando teatralmente o queixo e inclinando a cabeça de lado de modo que os cabelos loiros platinados deslizassem sobre o ombro estreito - Aqui, onde você ceifou a vida de nosso pai, eu porei um fim à sua
- Não sabia que dada a poesias, irmã. - desdenhou Rae - Se bem que, de todas nós, você sempre foi a que mais teve inclinação para o drama
- Drama? - questionou Nasu erguendo uma sobrancelha
- Como se refere a essa palhaçada?
- Retomada do que é meu por direito
- Desde quando? - debochou Rae
- Desde sempre
Rae gargalhou e a irmã, que nunca foi alguém de muita paciência, partiu para cima da caçula conjurando a espada de lâmina negra, feita do mesmo material que a da própria Rae. Rachel sabia que não poderia subestimar Nasu em um combate e tinha ciência que a irmã não lutaria de forma limpa, portanto, não se deu ao trabalho de fazer o mesmo. Os dois demônios cruzaram lâminas, punhos, chutes e poderes e a cada golpe a terra ao redor estremecia, tendo como resposta rompantes de poder das demais que batalhavam há 1 quilômetro dali. Apesar da compleição magra, Nasu era forte e Rae teve dificuldade de aparar alguns golpes da irmã, porém, para a grande satisfação de Rae, Nasu também não era capaz de bloquear todos os seus ataques. As duas, durante a batalha, se permitiram crescer até a altura verdadeira que possuíam naquela dimensão e Rachel sabia que todos os envolvidos poderiam vê-las, isto é, se os dois pilares de chamas no extremo oposto da planície em que elas se encontravam não tomassem os olhos. Rae se permitiu uma última olhadela para onde Kori, os amigos e as demais irmãs batalhavam antes de se voltar inteiramente para sua adversária e, simplesmente, se desligar o resto do mundo.
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Kori observava Estrela Negra se afastar para a clareira que ficava a 1 quilômetro da lateral direita do campo de batalha. Atenta a quaisquer armadilhas mágicas ou físicas que Komand'r pudesse ter colocado em seu caminho, a regente de Tamaran seguiu a irmã mais velha até o centro daquele que seria o local do último embate que ambas teriam suas vidas. Assim que a primogênita estacou no centro daquela planície, Kori parou a alguns metros e disse:
- Última chance, desista dessa idiotice
- Idiotice? - desdenhou Komand'r - A minha própria irmã usurpa o meu trono, nega a minha entrada no meu planeta e ainda por cima me declara inimiga pública
- Aquela trono nunca foi seu
- Por que apresentei meus poderes tarde?
- Porque é uma tirana violenta que não se importa com mais ninguém além de si mesma
- Assim você me machuca irmãzinha - disse a mais velha com inocência
- Farei muito pior se der continuidade a isso
- Acha que me assusta?
- Depois de todos esses anos, você ainda me subestima - riu Kori
- Prove que estou errada
Kori avançou na irmã, as chamas mais altas do que se permitiu expressar, tirando as amarras do poder e a espada se inflamou como o resto do corpo da guerreira. Komand'r também liberou todo o poder que possuía nas veias e ambas se tornaram um emaranhado de chamas e lâminas. O ar reverberava a cada golpe das espadas e do poder das duas. Kori sabia o contingente de poder que a irmã possuía, assim como tinha conhecimento que o seu era maior, ainda assim, Estrela Negra buscou os mais brutais e violentos professores que encontrou em seus anos de exílio e de fuga, de modo que compensava a disparidade do poder, em relação ao da irmã mais nova, com uma enorme destreza em empunha-lo. Kori não se permitiu uma última olhadela na direção de Rae, do noivo ou dos amigos, apenas se concentrou na mulher à sua frente e atacou com toda a ferocidade e adrenalina que fervilhavam em seu corpo.
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Dick e Garth foram posicionados no pelotão de Abbadon e a mulher demônio não permitiu que eles ficassem na primeira de combate nos primeiros momentos desde que haviam chegado, por ter medo da represália da irmã mais nova e de Kori caso um deles fosse gravemente ferido ou por não achar que eles seriam capazes de aguentar o primeiro impacto ou, simplesmente, por não confiar neles, sendo a última a opção mais plausível, Dick não sabia. Fato é que, ele é Garth foram posicionados na quarta linha. Porém à medida que a luta transcorria, os dois foram se aproximando da linha de frente, ainda que não tivessem planejado tal coisa, e Abbadon não os forçou a recuarem para as posições iniciais quando os percebeu ali.
Em dado momento, o chão tremeu de forma tão violenta que todos foram obrigados a parar o embate a fim de se manterem de pé, para logo em seguida serem atingidos por uma lufada de ar quase escaldante que por pouco não os queimou até os ossos, e Dick nunca ficou tão grato a um feitiço em toda a sua vida. Porém, o momento que tanto ele quanto Garth demoraram para se recompor foi o suficiente para que 5 figuras se elevassem acima do campo de batalha, as irmãs de Rae, como se aquilo tivesse sido uma espécie de sinal e juntas, lançassem um único e poderoso golpe em todo o exército inimigo que, Dick percebeu espantado, estava literalmente cercado pelos aliados das duas rainhas, e imediatamente reduzisse todos, tanto em terra quanto no ar, a meras cinzas. Enquanto os aliados comemoravam a vitória, as 5 mulheres demônio, que naquele momento estavam medindo, no mínimo, 5 metros de altura, se voltaram para o horizonte onde uma intensa e violenta luta se seguia em dois pontos quase equidistantes da posição em que Asa Noturna se encontrava. O restante dos Titãs atravessou os portais que as irmãs de Rae abriram e, assim como Dick e Garth, não olharam uma vez sequer uns para os outros, todos tinham os olhos voltados para as quatro figuras que tomavam o horizonte.
Era impossível não ficar hipnotizado com a cena que transcorria: de um lado, Rae e Nasu, ambas gigantes e envolvidas em um emaranhado de lâminas e feitiços que era, para dizer o mínimo, aterrorizante e ao mesmo tempo fascinante; do outro lado estavam Kori e Estrela Negra em um emaranhado de chamas que tornava impossível discernir onde uma começava e a outra terminava, bem como era impossível saber se elas estavam lutando com as armas ou com os próprios punhos. E ali, assistindo àquele espetáculo apavorante que se desenrolava à sua frente, Dick soube porque nenhuma das duas queria que os amigos presentes naquela guerra: ali, lutando, não estavam Rachel e Kori, Dick não reconhecia aquelas mulheres que guerreavam, pois não havia como negar, nenhum deles tivera um vislumbre sequer do que espreitava abaixo da pele de suas amigas: ali eram duas monarcas defendendo suas respectivas coroas; ali eram duas guerreiras extremamente habilidosas, ferozes e brutais que lutavam contra suas adversárias; mas, principalmente, eram duas mulheres que deram vazão ao monstro que sabiam que habitava a parte mais sombria de si mesmas e reprimiram durante anos e que agora se permitiam liberar para defender aquilo que conquistaram com cada gota de determinação, vingança e amor próprio ou ao povo que jurara governar. E Dick sabia, Nasu e Komand'r não sairiam com vida daquele embate e tanto quanto Rae quanto Kori não perderiam uma noite sono devido a qualquer arrependimento, ambas matariam as irmãs e o fariam com satisfação, pois ambas, naquele momento eram duas predatórias que estavam, descaradamente, brincando com suas presas.