bad news, I probably die befo...

By Vshixoxo

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[CONCLUÍDA] jikook Onde Jungkook é apaixonado pelo melhor amigo e em um dia corriqueiro decide contar para Ji... More

Monólogo I - Síntese
Monólogo II - Chave
Monólogo III - Lua
Monólogo IV - Seoul
Monólogo V - Tempo
Extra: Início de um sonho/Deu tudo certo
nova fanfic: melodrama

Ápice - Boa notícia,

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By Vshixoxo

pra quem tava curioso pra saber o que acontece depois kk

palavras: 4720

por favor, dar uma ⭐, vlw!


Ápice - Boa notícia,

"Na direção do meu coração, é para lá que vou correr."


Quando acordei hoje, achei que seria um dia monótono normal.

Comer, correr para não chegar atrasado na faculdade, ir para biblioteca, ler algo e enfim poder voltar para casa.

Nada empolgante, como sempre.

Na faculdade, não conseguir fazer muitos amigos realmente, por isso acostumei a andar sozinho e de vez em quando conversar com uns colegas, nada demais. Então tudo passava vagarosamente devagar até a hora de ficar livre daquele lugar.

Da biblioteca até a entrada tive que passar por vários bloco, Educação Física, Química, Medicina Veterinária, cada um parecia ser de um outro mundo, era engraçado que em qualquer lugar do mundo sempre vai existir rivalidade entre cursos. Besteira.

O quarto semestre me estressa, porque continuava me arrastando nesse curso sem realmente gostar. Sorte que gostava do campus, ele é grande, cheio de pessoas diferentes andando, não sei bem porquê, mas eu gostava de olhar, de estar aqui.

Assim que passei por um dos blocos, alguém chamou meu nome e sua voz era familiar. Virei para procurar o dono da voz, porém haviam várias pessoas andando em volta, o campus estava lotado hoje.

Então, de longe, uma pessoa acenou e eu demorei para reconhecer Jimin com os cabelos escuros. Estava tão acostumado com seu tom loiro, que diminuir o passo em surpresa.

Aquele era o meu Jimin?

Com certeza sim. O mesmo que chamou meu nome novamente até eu, retraído, caminhar até ele sem fazer a mínima ideia do que dizer, uma vez que estava tão imerso nas minhas lembranças nostálgicas. Tão preso no passado, tão preso nos seus cabelos morenos.

Tão preso no velho sentimento confortável de tê-lo no meu coração.

Algo dentro de mim acendeu e deixou-me enjoado, como se aquela imagem na minha frente fosse assustadoramente trágica.

— Estou indo pra casa, quer dividir a corrida? — Jimin disse, quando fiquei mais próximo.

Apertei os lábios sentindo algo arrepiar minha pele.

É, moramos perto.

Ele segurava a porta aberta do carro, e esperava o dar um sinal que concordava para poder entrar.

Seu cabelo, em um preto brilhoso me tirava toda a atenção.

Desviei os olhos brevemente e fiquei me perguntando se ele fez de propósito. Claro que não, mas era coincidência demais, não é? Um dia desses me peguei cismado sobre suas madeixas e sentia-me ridículo por isso.

— Jungkook? — Ele chamou quando não respondi. — Você vem?

Balancei a cabeça sem jeito e virei de costas para começar a andar na direção contrária a ele.

Meus olhos ainda arregalados tentava focar no percurso de volta a biblioteca.

— Ei. — Ele gritou para eu não ir. — Jungkook?

— Esqueci meu livro na biblioteca. Pode ir, eu vou andando. — Respondi, mesmo já estando meio longe.

Foi estranho, ele com certeza reparou. Mas meu corpo estava estranho também, como se eu pudesse chorar a qualquer momento.

O lado ruim dele me conhecer bem, é saber que aquela não era uma atitude normal minha.

Puxei o ar pela boca e apertei a alça da mochila. Nossa, o que foi isso?

Foi como se eu tivesse voltado no tempo, como sentir um djavu, era demais, entende?

Seu cabelo despertou coisas que eu havia tentado enterrar. Sensações que eu evitava sentir, conversas que eu sufocava antes de falar.

Algo tão simples como seu cabelo, me afetou como um terremoto. Tudo balançava dentro de mim, tudo fora do lugar.

Era assim que eu me sentia, fora do lugar. Porque eu tentava tanto ficar no lugar que Jimin escolheu para mim, mas eu simplesmente não me encaixava mais.

Por um segundo, eu era o Jungkook de dezesseis anos que suspirava quando via Jimin sorrir. Por um segundo, o mundo não era tão rápido para lentos como eu, e enfim eu pudesse fechar meus olhos e sentir o cheiro da colônia antiga que ele usava. Porque sim, minhas memórias carinhosas tem sua presença.

Nesse segundo, eu não sentia a saudade das nossas brincadeiras internas, da sua mão no meu cabelo e no jeito que ele misturava palavras tão bem, sempre sabendo o que falar.

Porque estava tudo muito palpável na minha frente. Seus cabelos no tom que eu lembrava, exatamente quando ele tinha treze e começará com esse costume de passar as mãos pelos fios.

Não precisava me esforçar para lembrar, estava ali, na minha frente.

Eu sei que tenho essa mania de transformar um sentimento em memória, por isso lembro também dele me abraçando no aeroporto na sua despedida, dizendo que me esperaria.

Desde aquele dia, sinto sua falta, porque a vida nunca mais foi a mesma, mesmo ele continuando sendo o amor da minha vida.

Aquilo me era Lethobenthos, o hábito de esquecer o quão importante uma pessoa é para você, até o momento em que você a encontra pessoalmente.

A saudade veio quando eu o reencontrei. Enquanto via os fios loiros gritarem para mim "ele é um novo alguém", porém isso era só uma sensação, coisas que invento na minha cabeça.

Eu não posso culpá-lo por nada disso, já que tudo que sinto é apenas meu.

"Os laços que unem outra pessoa a nós só existem na nossa mente."

Eu morria de medo de estar criando um amor ilusório, que só existe porque eu alimento, que só dói porque eu não consigo me contentar em não ser o único, o escolhido. Dele.

Esse comportamento de incerteza, de carregar esse segredo a tanto tempo, refletia o quanto inseguro, imaturo e com dificuldades emocionais eu era.

Rejeitado, esquecido, vulnerável, infantil e impulsivo.

Sinto como se eu sempre tivesse a mesma conversa comigo mesmo, sempre dizendo as mesmas coisas e nunca fazendo nada a respeito.

Porque algo me faltava para resolver esse problema.

"Quem ama deseja algo que não tem.", logo amar é uma carência.

Sinto falta o tempo todo de algo, dele.

Por causa dele, sou afetado por objetos, olhares, memórias. Tudo borbulhando e querendo explodir dentro do meu peito. Ele era a causa da minha desordem, de sempre querer mais da vida, de continuar mesmo quando quero desistir. E eu não controlava meus desejos, a vontade de chegar mais perto, fazê-lo mais feliz, mostrar o que ele não ver. Eu queria tanto tantas coisas com ele.

Platão se questionava se amor era ou não um deus, fez O banquete com discussões, mas eu tenho a resposta.

O amor não é um deus, é Park Jimin de cabelos escuros acenando para mim.

Ele era Eros, a força mediadora entre a dimensão sensível e a inteligível.

E eu apenas o seguia, sempre tão condescendente, se ele pedisse eu faria. E agora não parecia certo.

Não dizer as coisas que acontecem dentro de mim, desde os treze anos, era mentir, fingir, atuar. Eu era um maldito mentiroso. Negando a mentira e me fazendo acreditar que estava tudo bem.

Se ele soubesse metade do que eu sinto... mas meu deus, eu mal consigo encarar sua face, parecia ser o momento certo, mas a circunstância errada.

Estou me questionando tantas coisas ao mesmo tempo, preso nas perguntas erradas. Porque não é culpa dele.

Ele não tem culpa de pintar o cabelo e me deixa emotivo.

Não tem culpa de eu pegar um momento e transformar em efeitos sensoriais particulares.

Esperei um tempo até voltar para a entrada do campus novamente, e dessa vez, não o encontrando. Eu geralmente pegaria um ônibus, entretanto, quis caminhar para pensar um pouco mais.

Estava cheio de devaneios.

Olho para o pôr do sol no fim de tarde, que deixava as ruas com essa cor de laranja amarelado bonito, e penso que eu daria tudo para ser o sol. Sumir por umas horinhas antes de voltar mais iluminado que antes.

Infelizmente sou apenas Jeon Jungkook.

Mas se eu pudesse mudar as coisas agora, antes que passe mais um dia preso nessa angústia de nunca fazer nada... queria saber o que fazer, o que dizer.

Minha caminhada não foi longa o suficiente para clarear minha mente e me dizer o que fazer, tudo ainda continuava o mesmo enquanto eu me depreciava mentalmente.

No prédio, subir as escadas, dessa vez, sem precisar esperar uma música acabar. Assim que entrei em casa, meu celular tremeu com as mensagens que chegaram. Era Jimin.

jiminie hyung

jungkook

tá tudo bem?

aconteceu algo?

[17:13]

E eu não pensei muito, sabe? Apenas fui sincero.

Ele queria saber a verdade? As coisas que conto apenas para meu travesseiro antes de dormir? Ok. Não posso escapar da sensação de me sentir exagerado sobre meus sentimentos, de nunca parecer suficiente para algo, de sempre estar esperando algo que não sei o que é.

Eu não quero fazer um drama, eu só quero contar como eu me sinto, entende?

Odiava administração e queria mais do que tudo que Park Jimin soubesse que o adoro profundamente.

Então mandei meus textos, os que eu escondo com mais chaves do que o meu amor por ele. Os que nunca ninguém leu, os que eu guardo só pra mim.

Dividir minhas palavras com ele não era só assustador, era estar numa posição de vulnerabilidade. Nunca estive tão indefeso, descoberto de tantos murros pela qual me escondi. Seja minha sexualidade, meus medos, minhas decepções, nossa amizade, tudo que nunca falei tão abertamente estava sendo exposto.

Digitei mais algumas coisas na hora, aproveitando que estava transbordando e enviei.

Meu coração batia como um louco, mas não me arrependo, não ainda pelo menos.

Eu sei que provavelmente eu tenha feito besteira, que o Jimin está agora me xingando e que nunca o terei como meu.

As chances dele retribuir são mínimas, mas as chances de eu me recuperar são altas, então é isso, finalmente me declarei, do jeito mais idiota possível.

Minha mochila ainda estava nas costas e a respiração presa por ansiedade, percebi por isso, que eu estava paralisado com o celular na mão.

Completamente incrédulo pela minha coragem repentina.

Vi suas mensagens preocupado e pensei "foda-se, eu o amo, o que tem de mal em contar?", por isso copiei meus textos secretos e colei na nossa conversa.

Puta que pariu, o que eu fiz?

✔✅

[Visto]

Meu deus...

Ele recebeu, ele viu, ele está lendo.

Apaguei o visor e deitei as costas no encosto do sofá.

O que ele responderia? O que eu faria a partir de agora?

Um embrulho na minha barriga me fez encolher o corpo, e meus olhos já davam sinal de querer transbordar.

Apertei minhas mãos com força e tentei respirar fundo. Meus sentimentos, apenas eu tenho controle deles.

Isso não precisa virar um drama, meu amor existe independente do dele.

Ouvir uma batida na porta, o que era sinal de que meu colega de quarto havia chegado, Min Yoongi.

Yoongi não era tão ruim, mas eu sentia que ele me odiava, de verdade. Ele deve achar que eu sou um garotinho mimado ridículo que faz faculdade só pra agradar os pais.

Bom, ele não estava enganado.

Não tinha porque desgostar dele, sabe?

— Vou fazer lamen. — Ele disse quando passou por mim para ir a cozinha, que era separada da sala por uma bancada no estilo americano.

— Pra mim também? — Perguntei inocente.

— Não, estou falando porque hoje é seu dia de lavar a louça. — Ele respondeu simplesmente, sem olhar para mim, apenas tirando as coisas da sacola de plástico que trouxe.

— Ah.

Ele não facilitava, mas não era de todo mal depois que se acostuma. De algum jeito, eu sentia que ele cuidava de mim, principalmente depois dos primeiros meses.

Era difícil morar com um estranho, imagino que ele pense o mesmo que eu. Deve existir um grande esforço de ambas as partes, tanto por termos diferentes personalidades, tanto por precisarmos fazer isso para viver em uma cidade cara como Seoul.

O celular tremeu novamente e por segundos eu havia esquecido que evitava o contato de Jimin.

Jiminie hyung

jungkook...

precisamos conversar

Respirei fundo e tirei a mochila das costas. Me sentia pesado, como se prendessem algo em mim.

Yoongi esquentava água na cozinha e eu passei direto para o meu quarto.

Queria chorar um pouco, botar pra fora o que venho prendido, porém o pensamento de que estou sendo um idiota sensível não me deixa lidar com isso do jeito emocional.

Troquei de roupa para algo mais leve e enfim deitei na cama, derrotado.

Eu não sabia o que responder a Jimin. Ele queria conversar? Ok, eu imaginei que ele não fingiria que não viu, não era do seu feitio fugir dos assuntos. Isso quem faz sou eu.

— Jungkook? — Yoongi chamou, depois de bater leve na porta. Respondi com "hum" e ele abriu uma brecha. — Acabei fazendo muito, estou cheio. Deixei um pouco para você na panela.

Eu sabia que ele havia deixado especialmente para mim, mas ele nunca admitiria isso.

— Obrigado, hyung. Eu já vou comer.

— Ok.

Yoongi logo saiu, me deixando sozinho novamente. Eu queria perguntá-lo sobre uma situação hipotética para ele me dizer o que fazer, sem saber que a situação era a minha.

Entretanto, era apenas eu ali, eu que deveria fazer algo a respeito sobre o que comecei.

Você

vc pode vir amanhã aqui

se quiser

Jimin hyung

irei

amanhã de manhã, ok?

Você

ok

Eu, sem dúvida, não dormir a noite. Fiquei revirando na cama por horas, dormindo um sono perturbado. Passando horas de olhos fechados, sem realmente dormir.

Ficava no escuro, passando toda a nossa história na mente, tentando entender meus próprios sentimentos, como eles cresceram a esse ponto.

A partir de que momento virou essa grande bola de neve, como eu havia acordado sabendo que sentia mais do que amizade?

Não havia uma resposta certa, não existia diário da minha juventude que me fizesse ter uma ordem clara para os acontecimentos. Eu apenas sabia, sentia. Eu não era o mesmo depois dos quinze anos, quando aceitei secretamente que ele era o dona da minha afeição.

Se ele me perguntasse como aconteceu... não existia explicação, eu simplesmente o adorava.

Quando levantei, era cedo. Yoongi assistia algo na TV enquanto comia uma tigela de cereais despreocupado. Falamos "bom dia" por hábito e seguir para a cozinha beber água.

Vendo ele ali no sofá, percebi que não poderia estar aqui quando eu conversasse com Jimin. A situação era muito pessoal e humilhante ao mesmo tempo para isso ser visto por uma terceira pessoa.

Cheguei mais perto de Yoongi, com calma, para lhe pedir um favor.

— O Jimin vem aqui hoje. — Comecei, tirando sua atenção. — Tem como você sair por umas duas horas, por favor?

Yoongi parou de mastigar e me olhou sem demonstrar emoção.

— Eu não vou sair só pra você ficar com seu namorado. — Ele respondeu, voltando a comer o cereal.

— Ele não é meu namorado... — Disse baixinho, já derrotado por seu comentário. Bem que eu queria que fosse.

— Com seu amigo, tanto faz.

— Por favor, Yoongi. Isso é importante pra mim. — Eu estava quase implorando, porque eu realmente queria estar sozinho com Jimin para conversarmos. Não queria plateia.

— Garoto? Eu não 'tô a fim de sair de casa, que saco.

Por que ele tinha que ser tão difícil?

Um bolo se forçou na minha garganta e eu acho que acordei sensível, reparei nisso após lágrimas molharem minhas bochechas em poucos segundos. Tentei virar o rosto e seca-las rápido, porém sei que ele as viu.

— Hyung, por favor. — Pedi mais uma vez, controlando a voz cortada.

— Ok, ok, agora pare de chorar. — Ele levantou apressado para deixar a tigela vazia na pia. — Vou no cinema depois da aula, quando eu voltar não quero chororô, 'tá ouvindo?

— Obrigado, Yoongi hyung. — Agradeci, grato o bastante para lhe mostrar um sorriso pequeno.

Era uma quinta-feira normal. Hoje eu tinha aula, mas decidi faltar. Existia um trabalho para terminar até segunda, tempo o suficiente para adiar e deixar para o fim de semana, ou não fazer. Estava desistindo do curso mesmo, foda-se.

Pensar que essa é a primeira coisa que desisto desde que cheguei em Seoul me agonia, faz pensar que eu me segurei por muito tempo para começar a abrir mão das coisas novamente.

Eu estava sempre desistindo de algo.

Suspirei.

Ansioso, comecei a me perguntar o que oferecer quando Jimin chegasse, o que era ridículo, já que eu deveria pensar no que falaria.

Provavelmente ele teria muitas dúvidas ou apenas me olharia com pena, não sei, estou me preparando psicologicamente para qualquer reação.

Por isso, decidi improvisar minhas respostas, até porque eu sempre esquecia as palavras que quero dizer quando estou sozinho com ele.

Uma breve olhada na geladeira e soube que precisava fazer compras. Dei um leve suspiro e Yoongi veio até mim pondo uma mão no meu ombro.

— Estou saindo. — Ele disse, parecendo querer falar mais. — Não vou demorar, mas você pode me ligar qualquer coisa. — Franzi o cenho, ele percebeu a atitude por isso balbuciou algo sobre compras para mudar de assunto. — 'Tá, tchau. — Ele bateu de novo no meu ombro e não esperou resposta antes de sair.

O hyung não era ruim, eu que tinha o humor péssimo a tempos.

Decidi assar uns pãezinhos no forno para comer no café da manhã e começar a adiantar o almoço logo agora.

Um tempo depois, campainha tocou e eu soube que era Jimin.

Queria poder me arrepender, mas só sentia uma ansiedade crescente importunar meus pulmões e me fazer ter dificuldades para respirar.

Deixaria essa sensação me dominar depois, tinha que abrir a porta para ele.

Assim que abri, vi seus gloriosos cabelos serem escondidos por um boné, ele escondia as mãos no bolso da calça e só levantou a cabeça quando percebeu minha presença.

— Oi. — Ele disse baixo, sem olhar para mim, e sim para algo atrás. Respondi simpático e dei espaço para ele passar. — Yoongi saiu? — Ele olhou ao redor procurando meu colega de apartamento.

— Foi ao cinema.

— Numa quinta? — Acho que ele entendeu pelo meu silêncio que eu gostaria de ter essa conversa em particular. — Você não tinha aula hoje?

— Tinha, mas faltei.

Um gosto ruim me veio na boca, mas tentei ignorar o refluxo.

— Hum... você está realmente pensando em mudar de curso? — Ele puxou um assunto delicado, porque aquilo não era simples, mudava o percurso do meu futuro e do que eu faria daqui a cinco anos. Também era como perder dois anos da minha vida fazendo algo que nunca irei usar.

— Estou. — Havia dúvida na minha voz, mas nunca disse algo tão certo antes. Eu detestava fazer administração e foi fácil dizer isso por mensagem para Jimin.

— Ah. — Ele fez uma pausa pensativo. — Espero que você se der bem no novo curso. O que pretende fazer? Coreano?

— É, eu acho. — Esse assunto me deixava triste tão rapidamente, comecei a reparar nele.

Seus jeans de sempre e um moletom preto, os anéis que ele sempre usa não estavam nos dedos e me distrair com isso, pensando o porque que ele os tirou para vim falar comigo.

— Hum, seus textos me lembraram quando você escrevia peças para a escola.

A menção aos textos me travou. Eu sempre escrevia pensando nele.

— Não sou tão bom, mas quero tentar.

— Acho que você vai gostar muito. Tenho amigos de lá, eles são ótimos e inteligentes, você vai se encontrar. — Ele garantiu, mas eu estava desesperançoso.

— Hum, não tenho tanta certeza. Você quer café? Eu já ia fazer. — Desconversei querendo sair desse assunto.

Agora que estava sozinho com ele, as coisas pareciam mais reais.

Enquanto caminhamos para a bancada me fixei a fazer o café.

Jimin não tirava os olhos de mim, não sabia se me analisando ou apenas me vendo. Querendo notar alguma diferença em mim pôs confissão.

— Jungkookie? — Ele chamou, depois que coloquei a água para esquentar.

Jimin continuava me encarando estranho, a testa franzida e as mãos cruzadas.

— Hum? — Disse simples, ainda o olhando por canto do olho.

— Com treze anos? — Ele perguntou, querendo ter certeza de algo.

De primeira não entendi, mas logo compreendi o que ele quis saber.

— Sim. — Balancei a cabeça concordando. Ele mordeu o lábio e abaixou a cabeça.

A conversa já começou humilhante, não esperava menos.

— Eu passei a noite pensando no que falar pra você.

— Jimin, nada precisa mudar, se isso for melhor pra você. — Eu o amo, é um fato, com ou sem romance, com ou sem sua permissão.

Se ele não me quisesse... eu nunca obrigaria alguém a me amar.

— As coisas já mudaram. — Ele parecia incrédulo com minhas palavras, me olhava com os olhos arregalados. — Você nem está me chamando de hyung. — Eu sabia que isso não era o que realmente o incomodava.

Não respondi, apenas me concentrei em terminar o café, mexer o pó na água e esperar ali em pé.

O choro ficava preso na minha garganta e se manteria lá até ele ir embora com o meu coração.

Não vou chorar na frente dele.

— Jungkook... — Com os olhos concentrados no líquido escuro, o escutei sussurrar meu nome. — Se eu soubesse... — Balancei a cabeça negativamente. Não sabia o que ele falaria, mas seria algo piedoso comigo. — Se eu soubesse que você me amava assim, eu nunca teria perdido tempo com outros caras.

Eu inspirei com força, surpreso.

— O que? — Sussurrei em dúvida, desacreditado com o que disse.

Jimin não parecia disposta a repetir, até porque não precisava, eu havia escutado muito bem.

— Eu venho procurando a tanto tempo alguém que me veja desse jeito, e você estava aqui o tempo todo. — Continuou, olhando para as mãos cruzadas na bancada.

Acho que me perdi em suas palavras, divagando sobre elas por segundos.

— Primeiro, eu preciso entender algumas coisas. — Imaginei, havia me preparado para aquilo. — Como eu nunca vi meu nome na sua cama?

Nós rimos em meio a tensão.

— Eu escondia, dava uma atenção a mais sempre que você ia lá em casa. — Respondi ainda com vontade de sorrir.

— Isso é... engraçado. — Ele abriu um sorriso lindo. — Você... nossa, wow, Jungkook. Isso é tão estranho.

— Você tem que escolher um dos dois. Engraçado ou estranho?

— Você... falou sobre segurar as mãos e das minha roupas, eu chorei tanto lendo. Eu nunca imaginei que tivesse um admirador secreto.

Admirador secreto, é isso que sou agora?

Apaguei o fogo e prestei atenção na hora de coar o café.

— Você é muito desligado, todo mundo te adora.

— Com certeza, não como você. — Não conseguir controlar o avermelhado nas minhas bochechas. — Aquela briga no nono ano foi por causa disso?

— Eu ainda não entendia o que sentia.

— E agora você entende?

Hum? Ele tinha dúvidas sobre isso?

— Jimin, eu com certeza amo você. Isso não é uma fase, uma descoberta repentina, algo que vai passar. Eu te amo desde os treze, que parte disso não entendeu? — Eu falei um pouco mais alto a última frase e percebi o quão fácil é dizer isso agora, ele já sabia de tudo mesmo.

Joguei o coador na pia e me virei pra ele.

— Antes eu tinha medo de te perder.

Jimin não se escorava mais na bancada e parecia mais tenso. Ele pensou por uns segundos antes de dizer:

— Se por acaso o "nós" acontecer e não der certo, o que faríamos?

Ele também estava com medo de me perder?

— Eu não sei. — Respondi sincero. Queria dar alguma certeza para ele. — Mas vai ser bem difícil se livrar de mim.

Não que ele tivesse preocupado com isso, me aguentou a vida toda.

Estendi para Jimin uma xícara de café recém feito, fumegando e enchendo nossos narizes com seu cheiro característico.

— Por que você parece triste? Não queria me contar? — Jimin aceitou o líquido, contudo não bebeu, esperaria esfriar, eu sabia.

Se eu não quisesse contar, não teria mandando textos piegas para ele.

— Não, eu quero te contar a muito tempo.

— E por que não fez?

— Além do medo da sua reação? Bom, você estava namorando e eu não sou um idiota. — Não totalmente pelo menos.

— Você sumia, não conversava comigo.

— Desculpe, Jimin, às vezes era difícil até te escutar falando "boa noite".

Eu não sabia o que se passava dentro de Jimin, ele ficava refletindo a cada frase que eu falava.

De alguma maneira, me sentia aliviado por falar tão abertamente sobre isso.

— Eu sou bom pra você? — Ele perguntou de repente quando eu dava meu primeiro gole no café.

— Como assim?

— Eu sou um bom amigo?

Isso me entristeceu.

Quantas vezes ele tentou adivinhar meus sentimentos e falhando? Quantas vezes eu me fechei sem perguntar se podia me abrir? As vezes fecho meus olhos pro fato dele ser meu melhor amigo, e isso me machuca, porque o pensamento de ter rejeitado o que ele me ofereceu — sua amizade — me deprime.

Ele sempre foi bom para mim. Em Busan, Seoul, com ou sem namorado...

— Claro, hyung.

Você é tudo, acrescentei na minha mente.

— Voltou com o hyung. — Comentou sorrindo.

— Você está reparando demais nessas coisas pequenas.

— Eu tenho, não via nada antes.

— Hyung... — Comecei, incerto se quero retomar a esse assunto. — Sobre aquilo de que se você soubesse...

Ele desviou os olhos do meu e sorriu engraçado. Ele demorou uns segundos para responder, parecia pensar sobre as palavras que falaria.

— Eu quero muito retribuir, Jungkookie, demais. Quero te ver como você me ver, quero sentir isso.

Isso era muito mais do que eu esperava.

— Jimin? — Eu poderia chorar a qualquer momento, sinceramente.

Meus olhos, por segundos, nublam-se pela emoção.

Jimin saiu de trás da bancada e ficou ao meu lado. Não me mexi, só de tê-lo próximo meu corpo se arrepiava inteiro. Isso acontecia ocasionalmente, quando deixava meu coração controlar minha mente.

Sempre fomos próximos, e a neutralidade e intimidade era presente desde criança, mas existem vezes, como essa, que meu interior não conseguia se controlar.

Era ele, meu Jimin.

— Eu não posso dizer que já te vejo dessa forma, mas definitivamente eu estou aberto para um "nós".

Eu sempre fui um escravo das palavras, usando-as para descrever as tortuosas formas dos meus sentimentos e emoções. Dentre todas as palavras que conhecia, nenhuma caberia nesse momento.

Se algum dia alguém alcançasse a mesma euforia que eu sentir agora, talvez explodisse, porque Jimin acabou de atingir um alto nível de borboletas dentro de mim, voando por todas as direções.

Talvez eu seja só um poeta apaixonado, ou uma flor que esperava que alguém regasse meu sentimento.

Jimin acabou de me fazer chover e a inundação me afogava.

Ele me queria, ele queria tentar.

Uma chance, era só o que importava.

Naquele momento eu estava muito afetado para conseguir respondê-lo, então o olhei com meus olhos expressivos, querendo mostrar um pouco do que não falava.

Ele entenderia meus olhos?

Jimin segurou minhas mãos, roubando toda a minha atenção e me fazendo parar de pensar demais.

— E você tem uma grande vantagem. — Ele disse, escondendo um sorriso nos lábios. Se eu pudesse ter poderes gostaria de saber o que ele pensava, porque ele parecia nem se esforçar para me manter tão enfeitiçado, sabia exatamente o que fazer, o que falar. Queria saber o deixar enfeitiçado também, no mesmo nível, com as mesma intensidade.

— Tenho? — Foi tudo o que conseguir articular. Ele rouba todas as palavras que um dia pensei em dizer e me fazia parecer um bobo idiota.

— Aham. — Acenou com a cabeça antes de entrelaçar nossos dedos. — Eu já te amo.

Sim, eu já ouvira isso antes, Jimin sempre foi carinhoso. Mas agora, agora... era diferente, finalmente as coisas não continuariam as mesmas.

Me amaldiçoei por ser um maldito covarde e não ter feito isso antes.

Guardei suas palavras e molhei meus lábios, ansioso por um futuro próximo.

Ele deu uma risada, bagunçou meus cabelos, inclinando para me agarrar em um abraço caloroso.

— Se você me quiser, então é isso: boa notícia, provavelmente morremos de amor.

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