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Soraya Thronicke sempre acreditou que seu destino seria simples, uma vida no campo, o som do vento entre as árvores, os pés na terra e o coração livre. Mas quando sua família, sufocada por dívidas e pressionada pelas normas de uma sociedade que não perdoa a pobreza nem a rebeldia, a entrega em casamento à enigmática Baronesa Simone N. de Vauclaire, tudo muda. A Baronesa, que vive isolada em um castelo antigo e tomado pelo tempo, é uma figura cercada por rumores. Dizem que nunca envelhece. Que ninguém a vê sob a luz do sol. Que seus olhos escuros como o abismo veem através da alma. Para os moradores do vilarejo, ela é uma lenda viva. Para Soraya, uma sentença. A chegada ao castelo é como cruzar o limiar entre o mundo dos vivos e o dos esquecidos. A convivência entre as duas mulheres é marcada por silêncios carregados, palavras afiadas e um jogo constante de resistência. Simone mantém sua fachada fria, elegante e distante, uma mulher acostumada a ser temida, não amada. Soraya, impulsiva, desconfiada e corajosa, se recusa a se submeter à vontade de uma mulher que parece ter esquecido como é viver de verdade. Mas com o passar dos dias, o que era apenas convivência forçada começa a se transformar. Um toque acidental. Um olhar prolongado. Um segredo revelado em meio à noite. Soraya descobre a verdade por trás da imortalidade da baronesa e, ao invés de fugir, se vê enredada em uma teia de dor, solidão e desejo. Enquanto forças externas ameaçam desmascarar Simone e destruí-las, as duas mulheres se veem diante de uma escolha impossível: proteger uma à outra ou aceitar o destino que o mundo lhes impôs. Em meio a caçadores, espelhos partidos e pactos de sangue, Soraya percebe que há mais vida no olhar sombrio da baronesa do que em todo o mundo que conheceu. E que talvez, no escuro daqueles olhos insondáveis, esteja o destino que nunca ousou sonhar.