VIZINHOS [COMPLETO]

★ TUDO O QUE EU TENHO É CIÚME ★

JADE

— Eu queria comprar aquelas botas que te mostrei semana passada, Jay.

Estava procurando meu celular enquanto falava com Anne sobre ir ao shopping no dia seguinte. Na verdade, eu queria ir hoje, mas tinha prometido assistir o ensaio da banda, e seria vacilo com o meu irmão se eu não fosse.

Ele estava animado para que a gente conhecesse a irmã do Max. Bom, já conhecíamos a Mia, mas na época da escola ela não aparecia muito lá em casa. Estava sempre com os amigos dela, então falamos pouco com ela.

— Jade, você ouviu o que eu disse? — Anne perguntou estalando os dedos na frente do meu rosto —

— Sobre as botas? Sim, se você quer tanto devíamos aproveitar e comprar amanhã.

— Sério?

— Claro, você está de olho nessa bota há tanto tempo e tem trabalhado tanto que merece.

— Amo que você incentiva meus gastos.

— Sempre bebê, trabalhar tanto para não comprar o que quer? Sou totalmente contra.

Depois de conseguir achar meu celular, fomos para o prédio do lado, bem na hora que Sam estava terminando de estacionar o carro.

— Ai, que bom que não vou chegar sozinha. — ela parecia inquieta —

— Tudo bem, Sam?

— Sim. Peguei trânsito, aí me estressou um pouco.

— Então vamos aproveitar para tirar o estresse.

Quando entramos no apartamento, senti o cheiro maravilhoso de hambúrguer, e pelo aroma de temperos, eu sabia que era caseiro.

— Dan está cozinhando?

— Sim, a vantagem do nosso baixista é ser estudante de gastronomia.

E era verdade. Meu irmão tinha uma mão maravilhosa para comida, então eu amava quando ele decidia inovar e me usar de cobaia.

Parei de falar com o Max e percebi duas garotas no sofá. Uma era loira, muito parecida com o Max, e a outra era ruiva. A mesma ruiva que vi com Killian naquele dia.

— Ah, olá!

— Certo, desculpa meninas! Jade e Anne, essa é a minha gêmea Mia, acho que vocês já conheciam da época da escola.

— Como é bom ver vocês de novo. — ela deu um abraço bem apertado em nós duas — E você, deve ser a Sam.

— É um prazer.

— E essa aqui é a Kayla. Ela veio de Seattle, está passando a semana por aqui.

— Tudo bem? É um prazer meninas! Eu ouvi muito falar de você, Jade.

— É mesmo? — falei com suspeita —

— Sim. Sei que você é irmã do Dan, mas quem fala bastante de você é o Killi.

Meu coração deu umas batidinhas erradas.

Sentamos na sala, e Max disse que ia terminar de ajudar os meninos e que podíamos ficar à vontade.

— Então Jade, você faz psicologia, não é isso? — Kayla tentou puxar assunto —

— Isso. Acho que eu me apaixonei muito pelo curso e por tudo que ele envolve, e com o apoio da minha família é ainda melhor.

— Acho isso legal, gosto quando as pessoas fazem o que gostam. É difícil às vezes quando não se tem aceitação da família.

— Sua família não aceita o que você está fazendo?

— Minha mãe não liga muito, meu pai queria que eu fosse médica, mas eu não tenho a menor vocação. — ela suspirou — Não queria nem ter saído de Nova York pra falar a verdade. Sinto falta daqui.

— Deve ser ruim. Que bom que você e o Killian conseguem manter o relacionamento à distância. — fiquei quieta assim que escutei o que tinha acabado de falar —

Depois que eu terminei a frase Kayla me encarou como se eu a tivesse chutado, e depois começou a rir, descontroladamente.

Mia que estava falando com Sam também prestou atenção na conversa e começou a rir também.

— Eu disse alguma coisa errada?

— Não é só que... — Kayla tomou fôlego para continuar, seu rosto já estava bem vermelho — ... às vezes eu esqueço que nem todo mundo sabe que eu sou lésbica. Mas é a primeira vez que eu escuto alguém dizer que eu e o Killian somos um casal.

Ah meu Deus.

Eu sou patética.

— Eu devia sumir depois dessa! — falei colocando as mãos no rosto para tentar esconder toda a vergonha que tinha tomado conta do meu corpo — Desculpa Kayla, de verdade.

— Tudo bem, mas foi engraçado. — ela já tinha recuperado o fôlego — Por que você pensou isso?

— Eu vi vocês outro dia no restaurante.

— Sério? Aí, ia adorar ter almoçado com você.

— Eu estava com pressa, precisava ir para a aula.

— Mas que bom que pude te conhecer antes de ter que voltar, e o Killian tem razão, você é uma graça.

— Ele disse que eu sou uma graça? — minhas bochechas estavam ardendo —

Eu precisava controlar mais a minha boca. Mas apesar de tudo acabou sendo muito agradável, e o melhor, foi que os meninos não tinhaM escutado aquela minha vergonha.