14 de julho de 2021 — Parte 1
O dia começou ensolarado e os pássaros já miragravam para o sul para escapar do inverno que se aproximava. Surgiu como um lampejo de esperança em meio ao oceano, um navio comandado por apenas um garoto e seus amigos, que passaram o fim do dia anterior a limpar a embarcação. Carter ainda carregava consigo pequenas frutas que levou consigo na ilha, elas satisfaziam a fome temporariamente, mas logo voltavam a fazer falta, contudo, racionar era necessário. Sua experiência em pilotar um navio era praticamente nula além do que ele sabia nos videogames, mas ainda sim segurou o leme e comandou com bravura o navio. Se ele tivesse uma bússola, seria tudo mais fácil, mas conseguiu se guiar bem baseando-se na direção dos ventos. Alan sentiu nojo a cada segundo apenas pensando em limpar o navio e tirar os cadáveres de lá, preferindo apenas passar o esfregão no convés, o que era melhor do que nada. O navio avançava com toda pompa e glória atravessando os mares.
Um pouco antes de partirem da ilha, enquanto Clara cuidava de arrumar os dormitórios, Alan voltou ao navio e subiu pela prancha com roupas diferentes. Ele não estava usando o seu traje verde habitual, mas estava uniformizado com a túnica branca dos soldados da realeza. Alan sentou-se ao lado de Carter em um barril próximo a cabine do capitão, ambos com receio de entrar e se depararem com o cadáver de John Silver, que ainda pesava muito em suas mentes.
— Bonita roupa, amigo. Veio me prender? — disse Carter puxando um barril para se sentar.
— O Negociante me presenteou, e eu aceitei por educação. Ela é bonita, mas não me sinto bem vestindo uma dessas... ainda prefiro o meu verde normal.
— Se não quiser, dê ela para mim. O que foi que o Negociante te contou?
— Sem problemas — Alan disse enquanto desabotava a túnica branca, ele ainda usava o traje verde por baixo.
Então, após Alan contar uma longa história a respeito de quem ele era e deixar Carter sentir uma mistura de emoções como tremor e tristeza, ele revelou que agora que soube da sua causa de morte e que por isso poderia retornar quando quisesse depois de cumprir o pedido do Negociante.
— Para onde estamos indo, capitão?
— Sem essa de capitão. Vamos recrutar algumas pessoas para a batalha contra o Leviatã, e também levar mais suprimentos. E quanto a você? O que fará após isso?
— Eu não... não sei. Acho que irei fazer o que o Negociante me pediu que fizesse.
— E o que ele pediu?
— "Permaneça com seus amigos."
Carter engoliu em seco e apertou sua túnica presenteada firmemente, enquanto as fendas do traje voavam pela ação do vento.
— Antes que eu me esqueça... O que aconteceu naquele dia? Sobre o envenamento?
— Aquele Jonas... ele tentou envenanar uma das garrafas de vinho, provavelmente tentando matar o capitão e tomar o navio. Eu percebi a sutileza pelo cheiro e quebrei a garrafa, após isso fingi passar mal para ele se revelar de alguma forma.
— Às vezes sua inteligência me surpreende. E quanto a faxineira Jéssica? Ela atacou Jonas. Não foi ela que envenenou a garrafa?
— Talvez ela tenha se defendido de uma ameaça. Mas isso nunca saberemos, e é bom que nem pensemos nisso, me traz más recordações...
— Talvez ele tenha sido um enviado de Genetíldes.
— Talvez.
Depois de uma longa viagem de quatro dias e meio, eles chegaram na Cidade Feliz. Carter constantemente revisava com Alan para assumir o comando do timão, enquanto Clara quase sempre ficava com os trabalhos adicionais como guiar o navio ou racionar a comida. Durante a noite, uma gaivota derrubou um peixe no navio, e houve uma pequena briga pra ver quem iria ficar com o peixe, mas no fim, Alan teve por iniciativa própria a ideia de pescar. Pegou um cobertor e enrolou como rede na popa, esperando que algum peixe desavisado ficasse preso; nesse processo, apenas dois peixes foram pegos, e Alan não comeu nenhum, pois o peixe anterior havia ficado com ele. Foi Clara quem também cozeu com o auxílio de um fogão à lenha improvisado, e em questão de horas, ela foi a principal responsável pela limpeza completa do navio, quase novo, com exceção das estruturas de madeira irreparáveis.

VOC? EST? LENDO
HAGIOS
AdventureUm jovem estudante embarca em uma estranha jornada para descobrir nada mais, nada menos, como ele morreu.