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Um mês se passou desde aquele dia no prédio abandonado.

A Yoru no Kage só cresceu.
Mais forte. Mais temida.
Cada noite conquistávamos novos territórios, enquanto meu nome ecoava como uma lenda urbana... ou um pesadelo.

Mas, mesmo com tudo isso, minha mente estava sempre... nele.
Em Mikey.

Estávamos na cola dele, seguindo seus rastros, analisando cada movimento que fazia como líder da Bonten. A cidade estava dividida, as gangues cada vez mais violentas e sem regras.

E então, soubemos...

Uma luta estava marcada.

Não era qualquer briga.
Seria um confronto decisivo entre as gangues que controlavam a cidade.
De um lado: a Bonten de Mikey.
Do outro: grupos aliados, liderados por outros antigos membros da Toman... inclusive meu irmão, Takemichi.

Eu não sabia se ele já tinha se recuperado do tiro, mas, como sempre, ele não desistia.
Ele nunca desistia.

Mas eu... eu não podia me envolver. Ainda não.

Ainda não era hora.

⸻

[Noite da Luta – 23h17]

Me sentei num monte de caixas velhas, num depósito afastado, a poucos metros do local da batalha.
O cheiro de sangue e fumaça já pairava no ar.

Ao meu lado, Wakasa, com aquele olhar tranquilo e experiente, mexia distraidamente no isqueiro.

— Vai mesmo só observar? — ele perguntou, quebrando o silêncio.

Assenti, olhando ao longe.

— Ainda não é o momento. Quero entender como ele se move... como pensa. Não posso agir por impulso.

Do outro lado, sentado numa das caixas mais altas, nosso novo aliado — Kaito, um ex-líder de gangue que se juntou a nós — ria baixo, enquanto assistia à confusão que se armava no horizonte.

— Eles vão se matar... — disse ele, quase divertido.

De onde estávamos, dava para ver tudo.

A confusão generalizada.
Correntes, bastões, gritos e o barulho de carne sendo atingida.
Era um caos.

E lá, no meio daquele turbilhão...
Ele.

Mikey.

Parado, no centro de tudo, como um rei sombrio.
O olhar frio, sem vida, derrubando um a um quem se colocava à sua frente.

Mesmo à distância... meu coração apertou.

— Ele tá... pior do que imaginei... — murmurei, apertando os punhos sobre os joelhos.

Wakasa me lançou um olhar de canto, percebendo a tensão no meu semblante.

— Você ainda quer salvá-lo?

Respirei fundo, sem responder de imediato.

— Quero. Mas não posso fazer isso agora. Ele não aceitaria... não nesse estado.

Observei então outro movimento.

Meu irmão.

Takemichi surgiu, mancando levemente, mas com a mesma determinação de sempre, correndo em direção ao centro da luta.

— Droga... — murmurei.

Kaito riu.

— Esse cara é doido.

Me inclinei um pouco mais para frente, analisando tudo com frieza, tentando ignorar o aperto no peito.

— Se ele morrer ali... tudo vai desmoronar...