Realmente não entendia o sentido em trocar socos com alguém por pura diversão, assim como também não queria estar ali vendo isso, era uma total perca de tempo.
Sentada em um dos bancos fora da arena, balançando as pernas de modo inquieto enquanto tinha as mãos dentro do bolso do moletom que vestia, observava os homens ali brigando sem camisa e com as mãos cobertas por faixas, parecia uma espécie de treinamento e após perceber isso, relaxou mais. Todos do lado de fora te olhavam demonstrando muita curiosidade e interesse, chegava a ser constrangedor ter tantos olhares desse tipo para você, e nem disfarçavam.
A cada minuto que passava e os olhares continuavam, você se encolhia o máximo que podia, sabia que esse mundo era violento, mas nunca cresceu metida nessas coisas, ficava desconfortável assistindo, e mais ainda com aquele tanto de homem olhando pra você, mesmo muitos ali estando afastados, ainda sim olhavam.
Incomodada com toda a situação, se levantou e saiu daquela sala, e se lembrou de toda a discussão que teve com Kazutora antes, sobre querer aprender e poder o ajudar naqueles momentos, e entrou em uma discussão com si mesma. Jamais teria coragem de ver isso quase todos os dias, não foi criada pra isso, mesmo nos últimos meses vendo atos de violência com frequência, nunca quis isso, sempre admirou uma vida pacata e segura.
Apertando o próprio corpo vendo que mesmo sendo tarde, o tempo continuava muito frio e aparentava chover em breve, andou até o estacionamento onde se apoiou no carro de Kazutora e ficou ali.
Mesmo estando frio, não iria aguentar mais nem um segundo vendo aquilo.
Dispersa de tudo em sua volta ainda discutindo com si mesma mentalmente, não notou que alguém se aproximava, se assustou com o toque em sem ombro se virando com tudo e dando passos para trás.
Suspirando mais aliviada ao ver um rosto familiar.
— O que tá fazendo? - questionou o rapaz ainda assustada.
— Vim ver se tá tudo bem. - murmurou.
— Não precisava, eu estou bem, Chifuyu. - forçou um sorriso.
Ele vestia apenas um jaqueta e estava com o rosto bem suado, alguns hematomas pelo fato de estar brigando antes, e um leve corte nos lábios.
— Você não gosta, né? - ele perguntou rindo e se apoiando no carro também.
— Quem gosta? - retrucou em tom de humor. — Não sei porque ele me trouxe aqui, deve me odiar muito.
— Você que estava falando que queria aprender mais, não tava?
— Até você sabe disso? - ele assentiu balançando a cabeça. — É, eu disse.
Um suspiro saiu dos lábios dele, e o mesmo ajeitou mais a postura se virando totalmente para você.
— Eu até diria o que penso, mas não vou falar pelo Kazu, vocês vão acabar tendo essa conversa de novo.
Ele riu enquanto se alongava novamente e se afastava do carro.
— Eu sei que você tem esse pensamento de que só porque é uma médica, salva vidas, não deveria ajudar ele e nem essas coisas, mas eu também trabalho na área da saúde. - ele falou o que te deixou surpresa tirando mais um riso do mesmo. — Sou um veterinário durante o dia.
— Uau. - sorriu. — É um trabalho incrível, parabéns.
— Obrigado, você é muito simpática, espero ver você outras vezes!
— Igualmente.
Ele se despediu acenando enquanto voltava pro ginásio, te deixando sozinha novamente, ainda se encolhendo e remoendo os próprios pensamentos, que dessa vez tinham muitas perguntas que você não sabia responder. Não muito depois que ele saiu, Kazutora vinha correndo até você, com um corte também na boca, sem camiseta e mais umas marcas roxas, vendo ele desse jeito, pensou em como ele era um idiota em sair com o corpo quente no frio, se lembrando de todas as broncas que você tinha que dar nele.
— Você não tem medo de morrer?!
Bradou assim que ele esteve mais próximo, colocando as mãos no joelho enquanto respirava ofegante. Iria continuar disparando mais algumas broncas, mas não fez, respirou fundo e continuou o encarando até ele se recompor, ficando cara a cara com você, e logo ia se preparando para finalmente brigar com ele.
— Você-
— Tá, tá. - ele te cortou. — Sei que você é minha médica particular, mas nunca vou morrer de maneira tosca como um choque térmico.
— Seus ferimentos nem estão cicatrizados, e você continua fazendo mais machucados.
— Precisa parar de ser tão certinha.
— Me contratou porque quis. - revirou os olhos e esticou as mãos pedindo as chaves.
De início ele não iria entregar as chaves nas suas mãos, mas o mesmo não estava afim de discutir com você também, por isso apenas entregou e se locomoveu até o banco do carona, onde colocou o cinto na mesma hora.
— Eu não sou uma motorista ruim, que pressa pra colocar um cinto. - reclamou enquanto ligava o carro.
— Duvido muito, dirija com calma.
Riu ao ouvir tal frase saindo dos lábios dele, ele também tinha um sorriso fraco enquanto estava todo jogado no banco, de olhos fechados.
— Sentou no meu lugar uma vez e já está falando que nem eu? - brincou fazendo ele te olhar do modo mais engraçado possível. — Já posso começar a atirar enquanto dirijo também?
— Sua mira deve ser horrível. - ele rebateu fechando os olhos novamente, antes de você começar a dirigir ajeitou o banco o qual ele estava, o deitando assim como ele fez outra vez para você.
— Agora agradeça!
— Me recuso.
— Um dia você vai ter que parar de ser tão insensível assim. - resmungou.
Começou a dirigir na velocidade permitida, o trajeto todo foi bem tranquilo, e demoraram até chegar no apartamento, ainda era tarde, então sua avó deveria estar pela cozinha fazendo alguma receita nova. Quando chegaram realmente ela estava na cozinha preparando uma refeição pós almoço, pediu para Kazutora ir se banhar que você iria cuidar dos ferimentos, e assim ele fez sem nem te contestar, trocou de roupa se vestindo de modo mais adequado para o frio e voltando para ajudar sua avó com a refeição.
— Sabe, o delinquente não é tão ruim, meu docinho. - ela falou enquanto te olhava com as sobrancelhas arqueadas, insinuando tal relação. — Já podem casar!
— Meu Deus, vó! Não!
— Mas por que não?
— Basta olhar e você verá, nunca que isso vai acontecer.
O assunto morreu quando percebeu que Kazutora já te esperava na sala para cuidar dos ferimentos. Pegou tudo que iria usar e se aproximou do homem, que estava de costas para você, tratou todo o ferimento novamente e com mais delicadeza, assim fez com os outros, passando pomada e indicando detalhadamente os cuidados que deveriam ser tomados.
— [Nome]. - ele te chamou baixinho quando já estava mais afastado no corredor dos quartos.
— Hm? - se aproximou para o ouvir melhor e ver.
— Se tiver mesmo querendo aprender, amanhã vou no prédio oficial da Toman, resolver assuntos a parte, e posso pedir para alguém te ajudar quanto a isso.
— Sério?
— Eu já menti?
— Com certeza já. - ele riu.
— Mas estou falando sério, esteja arrumada antes das 10h, e leve roupas.
— Pode deixar. - sorriu. — Obrigada, Kazutora.
— Não precisa agradecer.
— É, eu sei, você odeia essas coisas.

VOC? EST? LENDO
EXPLOSIVE ENCOUNTER
FanfictionUm encontro caótico faz uma boa mulher se apaixonar por um cara mal, levando a confus?es e desentendimentos problemáticos.