"Quando amamos alguém, precisamos sacrificar algumas coisas para que esse sentimento aconteça, mas as vezes também precisamos deixá-la ir".
Durante a minha infância, eu nunca tinha andado de avião. Meus pais não tinham dinheiro e quando tínhamos, nós usávamos o carro. Eu estava assustada com a altura, o barulho, o céu escuro, era tudo muito novo pra mim. Eu nunca pensei que um amor platônico fosse me levar para aquele tipo de situação onde eu era uma fugitiva da obsessão de alguém.
Eu só queria que eles gostassem de mim como eu gostava deles. Por que eles precisavam me machucar tanto? Quando me diziam que me amavam, eu sentia que o peso da frase era em parte mentira e em parte verdade. Eles até podiam me amar, mas não sabiam como cuidar de mim. Por mais que eles tivessem me machucado e me ferido, meu peito doía. Ele doía de saudades.
Aquilo era assustador. Como eu ainda os amava se eles me machucavam? Por que eu não conseguia odiá-los por completo? Eles eram como um veneno para mim, eram como um vício e eu era o vício deles. Talvez eu nunca conseguisse deixá-los ou talvez eu nunca deixasse de amá-los. Era estranho. Doentio. Obsessivo. Mas dentro disso, alguma coisa me atraía neles.
Após algumas horas, o avião pousou e os passageiros pegaram suas malas em direção ao aeroporto. Eu não sabia pra onde ir, eu nunca andava sozinha. Continuei andando até que vi uma senhora de cabelos grisalhos com uma placa escrito meu nome. Podia reconhecer aquele rosto á quilômetros: dona Francesca!
Corri até ela e a abraçei com muita força. Finalmente eu teria alguém comigo na minha jornada. Ela retribuiu o abraço e acariciou meus cabelos, me permitindo chorar em seu ombro de tanta emoção.
- Oi, querida. Estava com tanta saudades de você, menina.
- Dona Francesca, eu pensei que nunca mais veria a senhora! Eu estava morrendo de saudades da senhora, não me deixe mais por favor. Fique comigo.
- Eu estou com você, menina. Venha, temos muito o que conversar.
- Espera... você é a tal amiga da dona Eleonora?
- Em casa, irei te explicar tudo. Vamos pegar um táxi, venha.
Nós pegamos um táxi e dirigimos durante uns 40 min até a casa dela. Chegamos num pequeno prédio, com flores e várias janelas.
Subimos de elevador até o 5°andar e fomos até uma porta com o número 550, onde ela destrancou e entramos. Era um apartamento pequeno, mas bem aconchegante e artumado. A decoração era basicamente flores e pinturas, era rústico. Ela colocou minhas malas em um canto e nos sentamos no sofá de frente pra outra.- Precisamos conversar, querida.
- Eu sei.
- Eu soube dos seus pais. Sinto muito. Eu não queria que isso acontecesse.
- Tudo bem, eles foram para um lugar melhor eu acho.
- Gina, eu sinto muito mesmo. Eu nunca pensei que a obsessão deles por você fosse tão longe. Achei que estavam realmente gostando de você, querida, mas eu estou vendo que chegou num nível absurdo.
- Então a senhora sabia? Todos sabiam, menos eu? Sabia de tudo e mesmo assim deixou que eles me torturassem?
- Eles me garantiram que não iriam violar sua virgindade antes do casamento, Gina. Stefan tinha me dito que faria o possível pra impedí-los de te machucar. Quando ele me contou que foram pra casa da mãe, imaginei que talvez as coisas estivessem fluindo, mas quando Eleonora me ligou desesperada, eu pude ver que eles ultrapassaram um limite.
- A senhora sabia que tive que assistir á morte dos meus pais? Sabia que eu fui espancada? Que eu fui trancada num porão sujo e frio? Que eu quase morri estrangulada por causa de um surto de ciúmes?
- Querida, eu...
- Me deixe em paz.
- Gina...
- A senhora sabia de tudo! A senhora sabia que eu estava com eles o tempo todo! A senhora desde o início sabia da obsessão deles por mim e mesmo assim, não impediu. Eu fui tratada como um animal, eu fui domada á força como se fosse um bicho.
- Me perdoe, Gina. Por favor, me perdoe. Eu achei que eles realmente iriam fazer com que você os amasse, eu não sabia que estava sofrendo tanto assim. Mas assim que Eleonora me contou tudo, eu vim correndo para a França e ajudar você.
- Me ajudar? Como?
- Á fugir. Irei te ajudar á fugir, Gina. Você não conhece os Salazar. Eu sei do que são capazes e sei que quando te acharem, eles não irão ter piedade de você. Você precisa fugir e depressa.
- Eles sempre vão estar atrás de mim, eles nunca irão desistir de me tomarem como deles. Eu sou a propriedade deles, a jóia, a escrava, eu sou tudo deles. Não há escapatória.
- Até acharmos uma, você irá conhecer o mundo real, irá se tornar uma adulta forte e capaz.
- Eu aceito.

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Romance?Sicília - Itália Gina Pellegrine é uma menina doce e inocente criada sob educa??o religiosa, que conquista os olhares de todos aonde quer que passe. Possui uma beleza estondiante, é inteligente e bem curiosa, mas ás vezes sua beleza conquista olh...