The Last Dragon - Jaime Lannister

Sentimentos - Parte 1

Mas ela não se afastou.

Gael se manteve ali, imóvel por um breve instante, antes de finalmente ceder ao toque. Seus lábios se moveram contra os dele, desajeitados no início, como se estivesse tentando entender como aquilo funcionava. Ela não sabia como ser desejada, mas queria aprender. Havia algo dentro dela que ansiava por aquele momento, algo que ela não conseguia mais ignorar.

Jaime, sentindo a entrega gradual dela, a puxou mais para si, aprofundando o beijo com uma ternura que contrastava com sua natureza de guerreiro. Ele era firme, mas cuidadoso, respeitando os limites dela enquanto a guiava. Ela sentiu o calor do corpo dele contra o seu, e pela primeira vez em muito tempo, deixou-se levar pelo momento, sem pensar nas consequências, sem pensar no que o futuro reservava. Apenas sentindo.

Quando o beijo terminou, os dois ficaram ali, próximos, respirando juntos no frio da noite. Gael manteve os olhos fechados por mais um instante, lutando contra a tempestade de emoções que sentia, antes de finalmente abrir os olhos e encará-lo.

"Agora eu sei" murmurou, sua voz suave, mas carregada de algo mais profundo.

O Lannister a observou, ainda segurando o rosto dela, e então assentiu lentamente, com um misto de tristeza e desejo. Ele sabia que aquele momento seria apenas uma memória, algo que ela levaria com ela para Dorne, para um casamento que ele não podia impedir. Mas por agora, era o suficiente.

**

O cavaleiro dourado caminhava em silêncio pelos corredores de Pedra do Dragão, com Gael ao seu lado, a cada passo ecoando suavemente pelas pedras antigas da fortaleza. Ele a escoltava de volta aos aposentos, mas sua mente estava distante, fixada no pedido que ela lhe fizera mais cedo naquela noite. O beijo ainda estava fresco em sua memória, e a lembrança da frieza habitual dela sendo momentaneamente substituída por algo mais suave e vulnerável o deixava inquieto.

Por que ela havia pedido aquilo?

Jaime conhecia Gael o suficiente para saber que ela não fazia nada sem uma razão. Cada palavra, cada gesto dela sempre fora meticulosamente calculado, uma defesa contra o mundo que a havia traído tantas vezes. Ele sabia que por trás daquela fachada fria havia uma mulher que, embora raramente admitisse, ainda sentia. Ainda desejava. Mas pedir para ser beijada... aquilo era algo que ele não esperava.

Quando chegaram à porta de seus aposentos, ele a abriu com cuidado, permitindo que ela entrasse primeiro. O ambiente já estava preparado para recebê-la, com a lareira acesa e uma serva à espera para ajudá-la a se preparar para a noite. Jaime permaneceu à porta, observando-a enquanto ela se movia lentamente pelo quarto, o olhar fixo em algum ponto distante da janela.

A jovem serva, silenciosa e eficiente, começou a soltar as tranças de Gael, penteando seus longos cabelos prateados com cuidado. Enquanto isso, ela continuava com os olhos fixos no lado de fora, mas Jaime notou um detalhe que lhe chamou a atenção: o jeito como seus dedos se moviam discretamente, tocando as pontas uns dos outros, e como seus anéis giravam levemente em seus dedos.

Ele reconhecia aquele gesto. Sabia que ela fazia isso quando estava perdida em pensamentos, quando sua mente estava repleta de preocupações que ela não conseguia expressar. Aquilo sempre fora um sinal sutil de sua ansiedade, algo que poucos percebiam, mas Jaime sempre fora atento a cada nuance do comportamento dela.

E então, enquanto a observava à distância, a verdade começou a se formar em sua mente. Talvez Gael não tenha pedido o beijo apenas por curiosidade ou desejo. Havia algo mais profundo. Ele percebeu que o casamento com Oberyn a deixava insegura — não sobre o futuro político ou as consequências do matrimônio, mas sobre ela mesma. A solidão que ela tanto negava parecia estar começando a alcançá-la.