The Last Dragon - Jaime Lannister

A chegada de Gael Martell à Fortaleza Vermelha deveria ter sido um evento de mera formalidade, um cumprimento das obrigações diplomáticas antes do casamento real. Tywin Lannister havia estendido o convite em nome do rei, um gesto de respeito para com Dorne e sua aliança com a coroa. Mas desde o momento em que os Martell atravessaram os portões de Red Keep, ficou claro que aquilo não seria apenas uma simples visita.

Jaime havia passado anos sem notícias de Gael. Desde o momento em que a viu em seu casamento com Oberyn Martell, ele a considerou perdida para sempre. Primeiro veio sua captura por Robb Stark, depois a jornada com Brienne, e quando finalmente retornou a Porto Real, seu mundo já havia mudado. Mas nada poderia prepará-lo para o momento em que viu Gael novamente—não apenas ao lado de Oberyn, mas acompanhada por dois filhos de aparência valiriana e, para sua surpresa, carregando outra vida em seu ventre.

Aegon e Aerys eram gêmeos, mas distintos em sua constituição. Aegon, mais alto e robusto, parecia um verdadeiro guerreiro desde jovem, enquanto Aerys, esguio e de olhos astutos, possuía uma frieza calculista que perturbava até os mais experientes cortesãos. Ambos herdaram traços martellianos e valirianos, com cabelos prateados salpicados por fios dourados, uma herança que não passou despercebida em meio à corte de Porto Real. Suas presenças eram magnéticas, e sua lealdade à mãe e ao pai era inquestionável. Mas Jaime percebeu algo mais neles: uma escuridão silenciosa, uma promessa de vingança por qualquer afronta feita à sua família.

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Na manhã que antecedia o casamento, um infortúnio acometeu Gael. O trabalho de parto começou inesperadamente, e, em meio à dor, ela deu à luz a um filho saudável. Oberyn Martell permaneceu ao seu lado, seu olhar oscilando entre alívio e fúria contida. Ele já pressentia que aquilo não passaria despercebido pelo Rei mimado Joffrey.

A notícia do nascimento se espalhou depressa, chegando aos ouvidos do rei. No entanto, ao invés de enviar felicitações ou permitir que a mãe descansasse, Joffrey impôs uma exigência cruel. Com um sorrisinho perverso, ordenou que Gael comparecesse à sala do Pequeno Conselho, carregando nos braços o bebê recém-nascido. As criadas que lhe trouxeram a mensagem hesitavam em repeti-la em voz alta, mas Gael compreendeu o recado. Aquilo era uma humilhação planejada, um espetáculo para a corte assistir.

Oberyn estava furioso. "Isso é um insulto, um ultraje! Você não irá." Mas Gael, ainda exausta, pediu que as criadas a ajudassem a se vestir. "Se eu recusar, ele encontrará outra maneira de nos humilhar. Vamos acabar com isso logo."

Vestida com um traje simples, descalça, ainda sangrando, ela foi escoltada pelos corredores da Fortaleza Vermelha. O peso do bebê nos braços lhe dava forças para continuar, mas cada degrau que subia parecia um tormento. Oberyn caminhava ao seu lado, segurando-a pelo braço, os olhos faiscando de ódio. Guardas e membros da corte se aglomeravam ao longo do caminho, observando em silêncio aquela cena degradante.

Quando finalmente chegaram à sala do Pequeno Conselho, a humilhação se completou. Joffrey estava recostado no trono, satisfeito como um predador que observa sua presa. Cersei estava ao seu lado, o rosto impassível, enquanto Tywin mantinha sua expressão austera. Jaime Lannister, de pé ao fundo, observava a cena com olhos duros.

"Que espetáculo tocante," Joffrey zombou, inclinando-se para frente. "Que visão adorável para o dia anterior ao meu casamento. Diga-me, lady Gael, como se sente?"

Gael, apesar da dor, manteve a cabeça erguida. "Sinto-me como qualquer mãe se sentiria ao segurar seu filho pela primeira vez."

"Sim, sim, um milagre da vida e todas essas tolices," Joffrey riu, erguendo uma taça de vinho. "Espero que a criança seja pelo menos mais agradável de se olhar do que aqueles dois meninos pálidos de cabelo prateado que trouxe consigo."