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Sentimentos - Parte 1

Come?ar do início
                                    

Ela estava prestes a se casar com um homem que era conhecido por seu comportamento promíscuo, alguém que nunca veria em Gael apenas uma esposa, mas uma entre muitas. E mesmo que ela jamais admitisse em palavras, Jaime podia sentir que o que ela mais temia era não ser desejada. Não ser especial para alguém. O pedido que ela fizera a ele foi um ato de desespero silencioso — uma busca para entender como seria ser desejada, pelo menos uma vez, antes de se perder em uma vida de compromissos e aparências.

Jaime caminhou até a janela, parando ao lado da penteadeira onde a serva trabalhava em silêncio. Ele olhou para Gael, que ainda não havia falado nada, os dedos dela continuando a roçar os anéis e a ponta dos dedos. O movimento, repetitivo e quase imperceptível, falava mais do que suas palavras poderiam dizer.

"Você está ansiosa" ele comentou, sua voz baixa, quase um sussurro. Não era uma pergunta, era uma constatação.

Ela não respondeu de imediato, mas a maneira como sua mão parou de se mover, os dedos agora imóveis sobre o colo, confirmou o que ele já sabia. A serva terminou de ajeitar os cabelos de Gael, penteando os fios prateados até que brilhassem à luz da lareira. Quando a mulher se retirou, deixando-os sozinhos, o silêncio entre eles se estendeu por mais alguns momentos.

"Eu não tenho medo de Oberyn" Gael finalmente disse, quebrando o silêncio, sem olhar para ele. Seus olhos permaneciam fixos na escuridão do lado de fora da janela. "Tenho medo de me tornar uma sombra, de ficar sozinha".

Jaime, agora compreendendo a profundidade das palavras dela, suspirou. Ele sabia o que ela estava sentindo. Sabia que a vida que ela havia levado até aquele momento sempre fora pautada pelo controle de outros, pela sobrevivência. Ela sempre fora isolada, escondida, protegida, mas nunca verdadeiramente desejada. Não da maneira que ela queria.

"Você não é uma sombra, Gael. E nunca será... "disse ele, finalmente, aproximando-se um pouco mais. "Não para mim,eu jamais a deixaria sozinha ".

Ela virou-se lentamente para ele, seus olhos azuis agora encontrando os dele. Havia uma mistura de dureza e fragilidade em seu olhar que sempre o intrigava. Mesmo agora, com todas as camadas de gelo que ela havia construído ao redor de si, ele conseguia enxergar as rachaduras.

"Então por que sinto que sou? " Ela perguntou, quase como se estivesse perguntando a si mesma. Seus dedos voltaram a tocar as pontas uns dos outros, um movimento pequeno, mas revelador.

O loiro se ajoelhou diante dela, sem hesitar, pegando suas mãos delicadamente entre as dele. Ele sentiu a tensão nos dedos dela, o nervosismo que ela tentava disfarçar. E então, com a calma e o cuidado que sempre reservava para ela, ele falou:

"Porque você está acostumada com isso, tenho certeza que esses anos que passou aqui não foram fáceis para você." Ele segurou os anéis em seus dedos, girando-os suavemente, como se estivesse tentando acalmar sua ansiedade. "Você é especial, Princesa. E você sempre será. Não importa onde esteja ou com quem se case. Eu sempre vou te ver assim".

Gael o observou em silêncio, seus olhos cheios de algo que ela tentava esconder — talvez gratidão, talvez alívio. Ela não sorriu, mas Jaime sabia que aquelas palavras haviam feito algo dentro dela. Talvez, por uma vez, ela pudesse acreditar que era mais do que uma peça ou uma sombra, que havia alguém no mundo que a via por quem ela realmente era.

Ele soltou suas mãos, ficando de pé novamente, e se afastou lentamente, sabendo que havia dito o que precisava. Enquanto se preparava para sair, olhou para ela uma última vez, sabendo que, mesmo que Gael nunca o admitisse, aquela noite mudaria algo entre eles. Algo que ele sempre carregaria consigo, mesmo que seus caminhos os levassem para direções opostas.

Dorne

Já havia passado muito tempo, desde sua saída de Pedra do Dragão, a viagem para Dorne se aproximava do fim, e Gael sabia que seu destino já estava traçado. Casar-se com Oberyn Martell era inevitável, parte de um plano maior para garantir sua segurança e o nome de sua família. Porém, enquanto o navio cortava as águas tranquilas, sua mente permanecia inquieta. Ela não queria chegar em Dorne sem ao menos ter se permitido sentir algo além da frieza que havia cultivado. O vazio dentro dela clamava por algo mais. Por Jaime.

The Last Dragon - Jaime LannisterOnde histórias criam vida. Descubra agora