Segredos - ViewJune

O motorista da moto que atingiu View geme no asfalto. Duas ambulâncias chegam e os paramédicos iniciam os atendimentos. O rapaz não resiste e falece ali no local. View é levada em uma das ambulâncias e é internada no Hospital Piyavate, um dos melhores em trauma e em recuperação ortopédica. Benyapa não mede esforços para que sua filha se recupere.

Passam-se 15 dias de internação. A perna quebrada precisaria de fisioterapia. A ferida na cabeça, por sorte, causou apenas uma concussão. O problema era o rim, havia sido comprometido quando bateu no guidão da bicicleta. Precisaria de cuidados extras. Durante sua estadia no hospital, estava sem telefone e sem receber visitas. Não sabia nada do que acontecia ao redor de seus amigos, faculdade e até mesmo do trabalho. O pai a sufocava tanto, que seu comportamento conseguia ser de um ser que merecia desprezo e nojo.

Com o poder financeiro que possuía, Benyapa conseguiu que o banco executasse a hipoteca e em menos de uma semana, após o acidente, a família Wanwimol estava despejada da casa em que viveram anos.

Os Wanwimol foram morar num bairro mais simples, numa casa simples com dois quartos e uma cozinha minúscula, que mal cabia à mãe de June.

Para que June não saísse da faculdade, a mãe trabalhava em dois empregos e o pai se entregou à bebida, trabalhando esporadicamente quando o vício o deixava são.

No entanto, as dificuldades eram ainda maiores quando a mãe adoecia. Então, June toma a decisão de sair da Faculdade e vai conversar com a professora Bambam Kittipat que exercia a função de diretora do Curso de Fotografia.

- Entre June, entre! - diz a diretora em seu vestido cheio de renda branca como se fosse casar naquele dia. - Como posso ajudar?

- Diretora.

- Sem formalidades. Por favor! Eu conheço você desde pequena. Mesmo com aquela situação do cigarro, eu prefiro crer que foi algo inoportuno. - Me chame de Bambam.

- Professora Bambam, eu quero trancar a faculdade.

A diretora a olha sem entender.

- Por causa da situação de seus pais?

- Sim! Meu pai se entregou à bebida, minha mãe está adoecendo trabalhando em dois empregos. Eu preciso trabalhar. Pagamos aluguel agora. Perdemos nossa casa.

- June! June. Respire! - Eu não tenho filhos. Eu acredito em seu potencial. Façamos assim. Você e Ear são minhas melhores alunas. Eu já queria investir em vocês duas há muito tempo, mas fui adiando achando que não estariam interessadas. Eu já conversei com Ear e ela topou.

Respira e continua olhando para June, que está sentada à sua frente.

- Eu pago seus estudos. Você só precisa fazer uma coisa por mim.

June perde a voz. Está tão emocionada que não consegue se expressar. Quando iria abrir a boca, a professora Bambam continuou.

- Eu tenho um negócio na França. É um estúdio de fotografia, uma empresa que abri há anos. Tem dois anos que está fechada e preciso que seja reaberta e volte ao funcionamento, pois tenho alguns contratos importantes no próximo ano. Eu pago seus estudos, mas preciso que vá para França, reorganize a administração do estúdio junto com Ear. Consiga contratos e firme parcerias. Se conseguir isso, você não precisa me devolver um centavo e eu garanto a estabilidade de sua família aqui em Bangkok até você se instalar e se estabelecer financeiramente. O que acha?

Lágrimas correm dos olhos e ela agradece, aceitando o convite. A professora Bambam dá a volta na mesa e levanta June, a abraçando carinhosamente.

- É um prazer ajudar vocês! Fora que o meu negócio só tem a crescer com duas fotógrafas talentosas como vocês duas.