Fred me soltou assim que estávamos longe o suficiente do grupo.
Ele se virou para mim com um sorriso vitorioso e bateu no meu ombro.
— Viu? Foi moleza, Agora só falta você não dar pra trás no encontro.
— Moleza pra você que nem precisou abrir a boca. — Retruquei, guardando o papel com o número de Apolo no bolso.
Meu coração ainda estava batendo rápido, como se eu tivesse corrido uma maratona.
— Ei, sem desculpas agora, o difícil era conseguir o número. — Ele riu e apontou para mim. — A única coisa que você precisa fazer agora é não estragar.
— Obrigado pela confiança, amigo. — Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso.
Fred riu e me deu mais um empurrão, antes de desaparecer pelo corredor da escola. Fiquei ali por alguns segundos, tentando processar o que tinha acabado de acontecer.
Eu, Arthur, o cara que sempre preferia os bastidores, agora tinha um encontro marcado com Apolo.
O garoto que parecia inalcançável, como uma estrela brilhando sozinha no céu.
Peguei o papel novamente, relendo o número como se ele pudesse desaparecer a qualquer momento. Sorri, mesmo que ninguém estivesse por perto para ver.
À Noite
Cheguei em casa ainda pensando em Apolo.
O jardim estava quieto, apenas o som suave das folhas balançando com o vento.
Decidi cuidar das plantas para tentar organizar os pensamentos.
Enquanto regava os vasos e removia algumas folhas secas, Rafael apareceu novamente, como sempre, sem aviso.
— E aí, romeu? Como foi? — Ele cruzou os braços e se encostou no batente da porta com aquele sorriso travesso que só ele sabia fazer.
— Nem sei, pra ser honesto, consegui o número dele.
— Já é um avanço, maninho, agora só falta dar o próximo passo. — Ele veio até onde eu estava e começou a mexer nos vasos. — E aí? Pra onde vai levar o cara?
— Nem pensei nisso ainda, talvez algo simples, tipo um café ou sorveteria.
— Café é de adulto responsável, sorvete é legal. — Ele riu e deu de ombros. — Mas se for seguir meu conselho, faz algo que mostre quem você é.
— Tipo o quê?
— Sei lá, leva ele pra algum lugar tranquilo, um parque ou sei lá, o jardim aqui, mostra suas plantas.
— Mostrar meu jardim? Não é estranho?
— Só é estranho se você fizer parecer estranho. — Ele deu uma piscadinha e saiu, me deixando sozinho com meus pensamentos.
Fiquei ali, olhando para o jardim que havia criado com tanto cuidado, talvez Rafael tivesse razão.
Talvez mostrar um pouco do meu mundo não fosse uma má ideia.
Agora me faltava criar coragem para chamá-lo.
Na manhã seguinte, acordei antes do despertador, ainda imerso nas lembranças do dia anterior. O papel com o número de Apolo ainda estava no meu criado-mudo, como se fosse um pequeno talismã de algo que eu ainda não compreendia completamente.
Me levantei e fui direto para o jardim, o único lugar onde minha mente conseguia se acalmar.
Aq
Enquanto regava as plantas, um pensamento persistente começou a crescer dentro de mim.Apolo.
Desde que o vi no palco, algo nele não me deixava em paz, todos viam apenas sua luz, seu sorriso tímido e meigo, a maneira como ele encantava as pessoas sem esforço, mas eu vi outra coisa.
Havia uma sombra ali.
Era algo sutil, quase imperceptível, escondido sob o brilho dourado que ele irradiava.
Talvez estivesse nas palavras do poema que ele recitou, na hesitação antes de começar a ler, no modo como seus olhos pareciam distantes, como se observassem o mundo através de um vidro embaçado.
Eu queria conhecê-lo.
Não apenas o garoto popular, o sorriso bonito e os olhos que todos elogiavam, eu queria conhecer o que estava por trás disso.
E se havia um lugar onde ele poderia baixar a guarda, talvez fosse aqui no meu jardim.
Peguei o celular e antes que minha ansiedade me fizesse desistir, digitei a mensagem:
"Oi, Apolo.
Pensei em um lugar para o nosso encontro, que tal algo diferente? Tenho um jardim aqui em casa, um cantinho tranquilo pra conversar.
Prometo que tem boas estrelas pra ver também, o que acha?"
Respirei fundo antes de apertar "enviar" e a resposta veio mais rápido do que eu esperava.
"Isso parece… especial. Eu adoraria."
Sorri para a tela.
Talvez, só talvez, eu estivesse começando a entender um pouco mais desse enigma chamado Apolo.

VOC? EST? LENDO
O enigma de Apolo
RomanceArthur está fascinado por Apolo, seu colega de classe, um garoto cuja beleza angelical e do?ura s?o lendárias entre os alunos, com seus cabelos dourados e um rosto delicado, ele ganhou o apelido de "Apolo". Mas, como todos os deuses, até o mais enc...