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02 | bayonet attack, 9 to g4

Come?ar do início
                                        

Então os seus pensamentos se voltaram para a dança. Para os dias em que a única coisa que importava era o ritmo que pulsava em seu peito, guiando cada movimento, cada giro, cada salto. Dançar era sua essência, uma extensão de quem era.

Han So-yeon sempre acreditou que a dança era mais do que arte. Para ela, era instinto, algo que fluía em seu sangue tanto quanto a própria vida. Desde pequena, expressava sentimentos que não conseguia traduzir em palavras através dos movimentos do corpo. Cada um deles continha histórias que nem mesmo seus lábios ousavam contar.

Foi assim que, aos sete anos, encontrou na patinação uma extensão da dança. Sobre rodas, a gravidade parecia perder sua força. O vento cortando sua pele, o som rítmico das rodinhas contra o chão, a sensação de liberdade em cada deslize, era como se estivesse voando. Patinar não era apenas um passatempo ou um talento. Era onde se sentia mais viva. Mais livre.

Mas, por mais que seu coração pulsasse no compasso da música, nada no mundo era mais precioso para So-yeon do que sua família. Seus pais, sempre tão presentes, eram sua força motriz. E sua irmã mais nova… Bom, So-yeon faria qualquer coisa por ela. Como irmã mais velha, sentia que tinha o dever de protegê-la, mesmo que, muitas vezes, isso significasse sacrificar seus próprios sonhos.

Reservada e tímida, nunca gostou de multidões. Tinha poucos amigos, mas os valorizava como um tesouro. Chamavam-na de Soso, um apelido que apenas os mais próximos ousavam usar. Era uma jovem de fé, acreditava em Deus e na força do destino. Tudo tinha um propósito. Até mesmo o sofrimento.

E então, diante da morte, ela orou. Não por si mesma, mas por eles.

Fechou os olhos e clamou para que Deus protegesse aqueles que amava, para que os livrasse do sofrimento que sua ausência causaria. E, por mais cruel que fosse, por mais imperdoável que sua alma pudesse julgar, So-yeon perdoou seu assassino.

— Senhor, perdoa meus pecados… Aceita-me ao teu lado… Permite-me tocar teu manto sagrado…

A voz de So-yeon era um fio suave no silêncio sufocante. As palavras, murmuradas com devoção, pareciam se perder no vazio ao seu redor. Quando abriu os olhos, encontrou o olhar fixo de Yung-gi sobre si. O brilho cruel e costumeiro ainda estava lá, mas por um instante, um instante ínfimo, algo diferente cruzou suas feições. Um vestígio de desconforto. Um incômodo que sumiu tão rápido que qualquer um poderia duvidar se esteve ali de verdade.

— Já chega dessa ladainha — sua voz cortou o silêncio com impaciência, carregada de tédio e irritação.

So-yeon não se encolheu, não desviou o olhar, não demonstrou medo. Apenas continuou a encará-lo, observando-o com uma curiosidade silenciosa, como se procurasse enxergar além da monstruosidade evidente.

Yung-gi, por outro lado, esperava pavor, lágrimas, súplicas desesperadas. Talvez até uma tentativa desajeitada de fuga. Mas tudo o que recebeu foi aquele olhar sereno, resignado.

Como se ela já soubesse o que a aguardava. Como se já tivesse aceitado seu fim.

E aquilo o irritou profundamente.

— Vamos nos despedir de um jeito mais harmonioso.

A voz de Yung-gi soou quase melancólica, como se estivesse tentando transformar aquele momento em algo poético, um desfecho digno da cena que ele mesmo idealizara. Seus dedos deslizaram preguiçosamente pelo metal frio da maca antes de se afastar, cruzando o espaço estreito da sala com a tranquilidade de quem tem todo o tempo do mundo.

Seu destino era uma mesa simples, encostada contra a parede descascada. Sobre ela, um aparelho de som antigo descansava, um objeto deslocado naquele ambiente estéril. O silêncio espesso foi quebrado pelo clique do botão ao ser pressionado. Com um movimento deliberadamente lento, Yung-gi girou o botão de volume. Um instante depois, a batida gélida e arrastada de Sad Bitch, do Ic3peak, começou a se espalhar pelo cômodo. A melodia sombria parecia pulsar nas paredes, os versos em russo carregados de algo ao mesmo tempo melancólico e apático, um reflexo perfeito do momento.

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