O silêncio da casa era quase ensurdecedor.Fazia alguns dias desde a sua mudança, Jimin despertou com a luz natural invadindo o quarto por entre as cortinas semiabertas. Por um breve instante, teve a ilusão de estar em seu antigo apartamento - onde o som da rua o embalava e o cheiro do café da padaria vizinha preenchia o ar. Mas, ao abrir os olhos e encarar o teto alto e as paredes de tons neutros, a realidade caiu como um balde de água gelada: ele estava na casa de Jungkook.
No quarto de hóspedes.
Na prisão de luxo que havia assinado voluntariamente.
Se levantou devagar, ainda meio zonzo pela noite maldormida, e seguiu até o banheiro anexo. O espelho refletiu o rosto cansado, olheiras fundas e a expressão abatida de quem dormira com o peso de um contrato amarrado ao coração.
Desceu para a cozinha no andar térreo, onde foi recebido por uma empregada simpática - ou pelo menos treinada para parecer. O café da manhã já estava posto: frutas cortadas com precisão cirúrgica, pão fresco e suco natural. Luxo demais para um estômago revirado de ansiedade.
JungKook não estava ali.
Claro que não.
Ele provavelmente já havia saído para mais uma rodada de reuniões ou para manter a fachada do herdeiro perfeito diante do pai implacável.
Jimin sentou à mesa, mas pouco comeu. Só então percebeu que sua presença ali, mesmo contratualmente validada, parecia deslocada. Como uma mancha discreta em uma tela perfeitamente branca.
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Mais tarde naquele dia, Jimin decidiu explorar a casa.
Era um lugar vasto, quase impessoal demais para se chamar de lar. Escadas em mármore, corredores silenciosos, quadros modernos pendurados como quem tenta fingir que tem bom gosto. Ele passou por uma sala de música - com um piano de cauda branco - e por uma biblioteca que parecia ter sido montada por uma empresa de design, e não por alguém que realmente gostasse de ler.
Subiu ao terraço e ficou ali por um tempo, observando a cidade lá embaixo, tentando se lembrar de por que mesmo havia aceitado tudo aquilo.
Ah, sim. O bebê.
Seu bebê.
Jimin levou a mão à barriga ainda discreta, mas já sensível. Era por ele que estava ali. Por ele que aceitaria esse circo, as aparências, o desprezo velado e os olhares frios.
Mas isso não significava que aceitaria calado.
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À noite, Jungkook voltou tarde.
Como se estivesse ensaiado, apareceu no final do corredor, os passos firmes ecoando pelos azulejos. Jimin estava na sala de estar, lendo um livro só para não ter que encarar a própria inquietação.
- Você já está ambientado? - perguntou Jungkook sem preâmbulo, enquanto soltava o relógio de pulso e se livrava do paletó com uma naturalidade irritante.
- Estou tentando - respondeu Jimin, sem levantar os olhos.
Jungkook se jogou no sofá oposto, afrouxando a gravata. O silêncio entre eles era quase físico.
- Amanhã teremos um jantar - disse de repente.
Jimin ergueu o olhar.
- Jantar?
- De negócios. Meu pai virá pra cá. Vai ser a primeira vez que ele vai ver a gente juntos desde que anunciei o noivado.
Jimin arqueou uma sobrancelha.

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INESPERADAMENTE N?S
Fanfiction(CONCLU?DA) Jimin sempre sonhou em ser pai. Passou anos economizando para realizar a insemina??o artificial, planejando cada detalhe com carinho. Mas seu mundo desaba quando descobre que um erro no hospital trocou os frascos de esperma. Agora, ele c...