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POV Chaeyoung

Meu corpo congela ao ver a mulher se aproximando e, automaticamente, aperto a mão da Mommy.

-Oi, filha! Você podia ter me avisado que estaria aqui, eu tava te procurando! - Ela reclama. - Cadê a Nay?

-Agora que você já parou de me fazer passar vergonha, deixa eu te apresentar a Chaeyoung e a Mina -A mais velha finalmente nos olha, percebendo nossa presença. - A Chaeyoung trabalha comigo, mãe. Essa é minha mãe, Sunmi - A mulher estende a mão, nos cumprimentando educadamente sem, aparentemente, me reconhecer, o que faz com que eu respire aliviada. - E a Nayeon foi comprar água com o Yonnie, que mora com elas. - A mulher se senta com a gente, sorrindo sem graça.

-Vocês me desculpem, eu não sou essa louca mal educada. É que essa pessoa disse que já voltava e desapareceu.

-Tudo bem, não se preocupa. - Mommy diz simpática.

-Oi, tia Sunmi! - Nayeon chega sorridente.

- Yonnie, essa é minha mãe, Sunmi - O sorriso que tinha no rosto de Yonnie se desfaz lentamente, enquanto ele me encara, mas ele recupera, tentando ser simpático com a mulher.

-Pra... Prazer.

-Como vai? - Ela pergunta sorridente e ele murmura um "bem".

Percebo que, em algum momento, comecei a pressionar minhas pernas. Mommy também reparou, já que eu sinto suas mãos, entrando entre minhas pernas para afastá-las. Me forço a relaxar meus músculos.

Apesar da conversa estar fluindo normalmente entre todos, eu não consigo nem saber o que está sendo conversado. Apenas sinto minhas mãos suando e meu estômago se revirando.

- Minari, eu vou no banheiro, já venho. - Digo baixo.

-Você tá bem, Chae? - Ela pergunta preocupada e eu aceno.

-Número um. - Digo sorrindo, ou tentando, pelo menos.

Me levanto e sigo para o banheiro, paro em frente à pia, molho minhas mãos e as levo ao meu rosto e minha nuca, tentando me acalmar, enquanto tento regularizar minha respiração.

-Eu gostaria de saber pra quem você mentiu. - Me viro rapidamente e vejo Sunmi no banheiro, abrindo espaço para a uma mulher sair -  Seu nome é Chaeyoung  - Eu a encaro sem saber o que fazer. - Pelo jeito que Mina te chamou, arrisco um palpite e digo que seu nome e  Chaeyoung certo? - Meu corpo todo vira pedra e eu não consigo nem me mexer, apenas fico ali, encarando a mulher que me confronta e sem ter ideia de como fugir. Ela se aproxima suavemente, se encostando na pia ao meu lado - Eu realmente quero saber o motivo. Não sei... Por acaso pareceu que eu sou uma psicopata ou algo do tipo? - Ao ver que não respondo ou sequer tenho uma reação, ela sorri. - Sabe, era pra eu ter uma filha chamada Chaeyoung . Alias  Son Chaeyoung  Irmā gêmea da Jihyo, mas, quando nasceu, descobrimos que era um menino, o que nos pegou desprevenidos, já que a gente tinha certeza que os dois eram meninas, mas acho que só Jihyo que ficou se exibindo e ele era mais tímido. Colocamos o nome de Taeyang, mas ele começou a ter uma série de problemas de saúde, até que um dia, meu marido levou ele pra fazer um exame, já que eu tinha quebrado o braço e, voltou de braços vazios, chorando e dizendo que meu pequeno tinha morrido. - Seus olhos começam a ficar vermelhos e uma lágrima escorre- Ela sorri em deboche. - Meu bebê e eu não consegui me despedir. - Ela respira fundo, se acalmando - No final, meu marido cuidou de tudo e fizemos todos os exames em Jihyo por medo de ela nos deixar também. - Ela retorce os lábios e retira os óculos de seu rosto - Eu entrei em depressão depois, nunca mais tentei ter outro filho, me recusava a mexer com nada que me lembrasse meu pequeno. Me dediquei a cuidar da Jihyo, como se estivesse cuidando dos dois ao mesmo tempo.

-Você tá me falando tudo isso por qual motivo? - Consigo me forçar a perguntar e ela dá um meio sorriso.

-Sabia que você é muito parecida com Jihyo? Eu reparei isso no dia que te vi lá no shopping. Enfim... Ano passado, Min-seok  , meu marido, morreu. Não quero entrar em detalhes da morte dele, já que foi bem feia, mas um dia ele começou a ter alucinações e, em uma dessas alucinações, ele disse que a " Chaeyoung  está viva". Aquilo foi uma faca em mim, eu odiei ele por ter revivido aquela dor, mas, por ele ter falado " Chaeyoung " não " Taeyang", me perturbou. E eu comecei a revirar todos os papéis que eu nunca tinha tido coragem de mexer . Agora imagine quando eu achei um papel onde estava escrito "Orfanato Santa Luzia" e o nome " Son Chaeyoung" juntos, no mesmo papel. - Eu arregalo os olhos quando ela diz o nome do orfanato que passei minha vida inteira, mas ela não vê, está ocupada demais olhando para o nada, mergulhada num passado tão distante. - Sabe... Nada daquilo fazia sentido, era um menino. Eu vi! E, então, os exames me disseram: "Síndrome De La Chapelle" -  Ela esfrega as costas da mão pelas bochechas para recolher as lágrimas. - Já fazia tanto tempo, mas... Eu fui até esse orfanato, Conversei com a diretora , que, coincidentemente, trabalha lá há mais de vinte anos e ela disse que tinha uma menina com esse nome, Son Chaeyoung, mas que ela já tinha saído de lá por causa da idade e ela não tinha a menor ideia de onde eu poderia achar ela. Meu marido morreu e eu tava sozinha com Jihyo, que não sabia de nada. - Ela vira o rosto manchado por lágrimas em minha direção. - Eu soube. No momento que eu te vi, eu soube! Não sei como, mas eu soube. Eu fiquei esperando que você aparecesse lá na loja e, talvez, com minha neta... Mas você nunca apareceu - Ela segura minhas mãos entre as dela. - Me desculpa pelo que Min -seok fez. Eu não sabia! Eu sei que é dificil de acreditar, mas eu não sabia. Eu jamais teria permitido ele fazer isso, nem que isso tivesse custado meu casamento. Eu jamais te abandonaria, Chaeyoung. Só peço o beneficio da dúvida, por favor.

Meu corpo começa a virar gelatina, meu pulmão grita por ar, minha visão fica embaçada e eu só sinto meu corpo cair.