"I know your eyes in the morning Sun
I feel you touch me in the pouring rain
And the moment that you wander far from me
I wanna feel you in my arms again." - Bee Gees*
O tempo parecia fluir em um compasso diferente desde que Lauren voltara ao trabalho. Os dias retomaram o ritmo frenético da ala cirúrgica, os plantões longos e os casos complexos voltaram a ocupar sua mente, mas nenhum bisturi, nenhuma sala de cirurgia, nenhuma adrenalina de salvar uma vida era capaz de abafar a ausência que ela sentia. Principalmente de Levi. E, claro, de Camila, embora ela evitasse admitir isso até para si mesma.
A viagem para o congresso foi marcada pouco antes do fim de sua licença, como uma exigência do hospital para manter sua posição de destaque. Seriam apenas sete dias fora, em outro estado, em um hotel luxuoso e com uma agenda lotada de palestras, workshops e almoços com colegas renomados. Normani a acompanharia como representante do mesmo hospital, mas apesar da amizade leal que compartilhavam, Lauren sabia que a companhia da amiga não preenchia o vazio que crescia em seu peito.
Durante a viagem, Lauren fazia questão de manter contato diário com Levi. As videochamadas eram sempre no fim da noite, horário em que Camila já estava em casa. A primeira ligação foi tranquila: Levi estava empolgado com um projeto da escola e falava sem parar, enquanto Camila assistia à conversa com um sorriso discreto ao fundo. Lauren aproveitou cada segundo, registrando mentalmente os detalhes do rosto do filho, o brilho nos olhos e o som de sua risada.
Na terceira noite, no entanto, algo mudou.
Lauren estava no quarto do hotel, cabelo solto, óculos na ponta do nariz e uma taça de vinho ao lado. Sentou-se na cama e iniciou a chamada. Levi atendeu imediatamente, com Camila aparecendo atrás dele, o rosto meio escondido pela luz fraca da sala.
— Mãe! — Levi sorriu, animado. — Tá vendo o que eu fiz hoje? A minha professora disse que meu trabalho estava impecável.
Lauren respondeu com empolgação, mas Camila manteve-se calada ao fundo, os braços cruzados. Ela estava prestes a sair do enquadro da câmera quando algo capturou sua atenção. No canto do vídeo, uma figura feminina surgiu no fundo do quarto de Lauren, visível apenas por alguns segundos: uma mulher bonita, de cabelos castanhos ondulados, que disse algo a Lauren com familiaridade antes de desaparecer.
Foi um detalhe. Um gesto breve. Mas suficiente.
Camila congelou. Seu peito apertou com força. O sorriso que ela esboçava desapareceu.
Lauren, que não percebeu a reação, continuou falando com Levi por alguns minutos, mas a ligação terminou com uma frieza atípica por parte de Camila, que sequer se despediu.
Durante o restante da semana, Camila se manteve distante. Respondeu às mensagens de Lauren com objetividade, evitou fazer parte das chamadas com Levi, e tentou — sem sucesso — convencer a si mesma de que a presença daquela mulher não tinha significado algum.
Quando Lauren retornou, no domingo seguinte, sentia-se exausta. Não pela viagem, mas pelo silêncio de Camila. Ela não sabia exatamente o que tinha acontecido, mas algo mudara. E profundamente.
Na segunda-feira pela manhã, o destino tratou de colocá-las frente a frente.
Lauren estava no hospital, revendo prontuários quando recebeu a notificação da consulta periódica de Levi. Camila o havia trazido, como sempre. Era uma daquelas manhãs em que tudo parecia no lugar errado: o ar-condicionado soprava com mais força, os corredores estavam mais cheios que o normal e o relógio demorava a se mover.

VOC? EST? LENDO
Second Skin
FanfictionDoze anos após ter sido abandonada grávida por seu namorado ainda na adolescência, Camila tem seu caminho cruzado com alguém muito especial que poderá salvar a vida do seu filho, mas que ela nem imagina que essa n?o é a primeira vez que esse alguém...