Mal termino de trancar a porta, escuto o barulho inconfundível da caminhonete estacionando em frente. Suspiro, ajeito a alça da bolsa no ombro e caminho até o carro. Lucas já estava no volante, com os óculos escuros no rosto e o braço apoiado na janela.
Abro a porta, entro e fecho com cuidado. Um "oi" baixo escapa da minha boca. Ele responde com um aceno de cabeça, também contido. O clima, por alguns minutos, fica... estranho. Um silêncio quase ensurdecedor toma conta do carro. A estrada até a fazenda nunca pareceu tão longa.Mas, pra minha surpresa, ele decide quebrar o gelo.
— Aquela caixinha ontem... foi especial, né? — ele comenta, os olhos ainda na estrada. — Eu não tava esperando. Fiquei feliz de verdade.
Dou um leve sorriso.— Também não esperava. Mas foi muito lindo mesmo. A Maria Antônia vai ter sorte com tantos padrinhos babões.
Ele solta um risinho leve, como quem concorda.
Depois disso, o silêncio volta, mas de um jeito diferente. menos desconfortável. É mais calmo.
Assim que a caminhonete para, vejo a Antonella já de longe acenando animada, de biquíni e saída de praia, com a Maria Antônia no colo. O barulho da água, as risadas vindo da piscina, e o cheiro de churrasco no ar entregam que o domingo por ali já começou faz tempo.
Desço do carro e sou recebida com um sorrisão da minha amiga.— Até que enfim, hein? — ela brinca. — Trouxe tudo?
— Trouxe, senhora! Roupa, caderno, livro, tudo que mandou — respondo rindo, e dou um beijo na bochecha da Maria Antônia, que logo estica os bracinhos pra mim.
Lucas pega minha bolsa no carro e entrega sem dizer muita coisa. Antonella olha a cena com uma sobrancelha arqueada, mas disfarça e me puxa pela mão.
— Vai lá trocar e já vem pra piscina, a água tá uma delícia!
— Vou sim! — respondo animada.
Entro na casa, já familiarizada, como se fosse minha, e vou direto pro quarto de hóspedes trocar de roupa.
Lucas Laerda Gutierrez Dias
Tava com meu pai e o Matheus na área da churrasqueira, em frente à piscina, naquele clima típico de domingo: cheiro de carne assando, cerveja gelada e conversa jogada fora.
Minha mãe e a Antonella estavam um pouco mais à frente, sentadas nas cadeiras de praia, batendo papo sob o sol.
Tô ali, virando a carne, quando meu olhar se desvia ao ver a porta de vidro se abrindo. Maria Cecília sai com a Maria Antônia no colo. Ela tá com um biquíni marrom e uma saída de praia esvoaçante, que cobre só até a metade da coxa. Por um instante, fico ali, olhando demais, distraído.
— Baba mais que tá pouco — Matheus provoca, me dando um leve empurrão com o ombro.
Meu pai entra na onda, rindo
— Seria a "Norinha dos sonhos", hein?
— Porra, vocês são muito chatos, cara — resmungo, tentando disfarçar e voltando minha atenção pra churrasqueira.
Os dois caem na risada enquanto finjo que tô mais interessado na carne do que realmente tô.

VOC? EST? LENDO
A ?ltima Pessoa Que Eu Amaria
Teen Fiction[+16] Lucas Lacerda tem quase 30 anos e uma vida que parece ter tudo no lugar. Mas, por trás da fachada de sucesso, ele vive empurrando um relacionamento fracassado, sem coragem de terminar o que já acabou há muito tempo. Ele tenta ignorar, tenta se...