Boa tarde, como vocês estão?
As coisas ficaram dolorosamente estranhas e tensas depois da nossa briga.
Estava mais do que claro que ela estava pronta para terminar tudo entre nós, mas o que não fazia sentido pra mim era o quão triste ela estava com isso. No começo, ela demonstrava uma amargura indiferente em relação a tudo, mas depois que eu a confrontei sobre tudo, ela começou a desmoronar.
Nunca ficou realmente estabelecido onde a gente ficou depois daquilo. Ela queria que eu terminasse com ela e eu disse que, se ela queria tanto isso, então que ela mesma terminasse. Mas nenhuma de nós disse mais nada sobre o assunto. Ela precisava chorar e eu precisava de ar, então saí para caminhar e a deixei no nosso quarto.
Quando voltei, ela estava dormindo, e eu não quis acordá-la para discutir de novo.
Depois disso, tudo ficou estranho.
Era como se fôssemos um casal velho, casado, com preguiça de se divorciar. Eu queria que a gente conversasse e trabalhasse nos nossos problemas, quaisquer que fossem. Mas ela não cedia. Tudo o que ela dizia era que não conseguia fazer isso mais.
Eu nem sabia o que isso queria dizer.
Tipo, o que eu poderia ter feito de tão ruim para ela não querer mais estar comigo? Eu perguntava, mas ela virava a situação e dizia que eu não tinha feito nada. E isso só me fazia pensar no que ela poderia ter feito.
Tentei conversar com ela sobre tudo. Vai que a gente conseguisse salvar o que restava de nós. Mas ela sempre inventava uma desculpa. Às vezes, ela simplesmente me negava a chance de discutir qualquer coisa que estivesse errada.
Mas a parte mais estranha acontecia toda quinta à noite.
Quando a faculdade começou, quando Lauren e eu éramos apenas calouras, ainda jovens e empolgadas com uma nova faculdade em outra parte de Nova York, eu estava mais confortável com a minha música. Eu costumava tocar só para mim, para minha família, para Dinah e... claro... para a Lauren.
E ela sempre foi minha maior fã. Sempre foi, e sempre será.
Desde o momento em que me ouviu tocar – até mesmo a primeira vez que descobriu que eu sabia tocar – ela ficou completamente encantada com a ideia de mim e do meu violão. Eu passei a levá-lo para a escola com mais frequência e, nos dias em que a gente se encontrava por acaso, sentávamos do lado de fora, eu tocava, ela ouvia, eu ficava envergonhada, e ela sorria.
Depois de um tempo, a gente se acostumou com aquilo, uma com a outra, com a nossa companhia. Um dia, ela me perguntou se eu também cantava. Ela sabia que eu escrevia e tocava, mas estava tão curiosa. Os olhos dela praticamente brilharam quando perguntou:
— Quer dizer... não sei. Acho que não sou muito de cantar. — eu disse.
— Qualquer um pode ser cantor. — foi a resposta dela. — Quando um artista ama o que está fazendo, você consegue ouvir isso na voz. É isso que falta em muitos dos músicos por aí hoje em dia. Os famosos, pelo menos.
— Ainda posso cantar mal.
— Se você escreve ou toca algo que significa alguma coisa, algo que você realmente sente, então não pode ser ruim.
Fiquei um momento só sentada ali, com o violão no colo e os dedos ainda na escala, pensando no que ela tinha dito. Eu estava longe do nível de alguns dos grandes – até mesmo dos artistas medianos – que realmente conseguiam fazer as pessoas sentirem algo. Eu queria conseguir, um dia, mas naquela época eu sabia que ainda não era o caso.

VOC? EST? LENDO
For Me This is Heaven - Português (Camren)
FanfictionO amor pode n?o ser o suficiente para vencer tudo o que a vida te imp?e.