As luzes do auditório começavam a ser apagadas, uma a uma, o som de passos e vozes distantes ecoava nos corredores ao redor. Blandine e Daniel ainda estavam ali, sozinhos.
Ela ergueu o objeto contra a luz de um dos refletores que ainda estava aceso. Daniel se inclinou ao lado dela, observando em silêncio.
- Você acha que dá pra ver alguma coisa? - murmurou ele.
- Há impressões, sim - respondeu Blandine, analisando o vidro com atenção. - Ela segurou com a mão esquerda enquanto palestrava, a mesma mão que ela utilizou para liberar o elevador no dia em que estivemos na Sky System, provavelmente é canhota.
Daniel franziu o cenho.
- E como vamos extrair digitais disso? Você pretende levar pra análise?
- Não podemos, não estamos aqui oficialmente e de qualquer forma, enviar para uma análise poderia demorar dias. Vamos fazer da mesma forma que se faz numa cena de crime - disse Blandine, com naturalidade. - Um pouco de pó de carvão e fita adesiva.
Daniel arqueou uma sobrancelha, olhando para ela com ironia.
- Certo... mas por acaso você carrega pó de carvão na bolsa?
Blandine soltou um suspiro exasperado.
- Droga... - murmurou, claramente irritada por não ter pensado nisso antes.
Ela guardou o copo cuidadosamente dentro da bolsa e olhou em volta para ter certeza de que ninguém mais estava no local. E com a cabeça fez sinal para que saíssem.
- Vamos até a casa do Marcus. Talvez ele tenha um pouco de carvão que possamos usar. Se não, daremos um jeito, essa digital é nossa única chance de acessar aquele laboratório.
Daniel a seguiu pelo corredor enquanto deixavam o auditório para trás. Do lado de fora do campus, o vento frio os envolveu fazendo o corpo de Blandine se arrepiar.
- E se conseguirmos extrair a digital? - perguntou ele, apertando o passo ao lado dela.
- Então... - disse Blandine, apertando a bolsa junto ao corpo - vamos fazer uma visita à Sky System.
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Jones ainda estava no prédio da delegacia sentado em sua mesa com os pé apoiados sobre ela. Como de costume ele jogava sua bola de tênis para o alto na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido.
Passando pelo corredor lateral, o delegado viu Jones e se aproximou.
- Jones, o que faz aqui até esta hora? - perguntou ele.
- Esperando...
- Esperando o que exatamente?
-Você! - respondeu Jones se endireitando na cadeira - Escuta que história é essa de arquivar a investigação?
- Você sabe que não há uma investigação sem uma queixa formal, não é, Jones? - respondeu o delegado puxando uma cadeira para se sentar.
- Nós estamos perto de descobrir algo, o computador usado para os ataques foi furtado. E nele havia uma espécie de programa de inteligência artificial, estamos prestes a receber as imagens do departamento de trânsito com a placa do carro do suspeito.
O delegado se recostou na cadeira, cruzando os braços. Seus olhos fixaram-se por um momento nos de Jones, ponderando o que acabara de ouvir.

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BOT: A sinfonia das máquinas
Science FictionEm um mundo onde a tecnologia avan?a a passos largos e a inteligência artificial come?a a moldar a própria essência da humanidade, uma sombra se ergue sobre a cidade. Alex, um brilhante programador, trabalhava incansavelmente em um algoritmo de inte...