Acordo neste domingo um pouco mais cedo do que esperado e com uma baita dor de cabeça, ter pensado tanto nos acontecimentos de sábado quase me deixa maluca. Decido me levantar e começar a arrumar minhas coisas, afinal vamos embora amanhã.Eu separo um vestido para passar o dia, ele é todo lilás e bem soltinho muito agradável para o dia de hoje que parece está lindo. Prendo o cabelo em um coque solto e desço para tomar o café da manhã.
Tem poucas pessoas acordadas a essa hora e dou graças a Deus por não encontrar nem Paula nem Lurdes por perto. Caminho até o grupo de meninas que sorriem empolgadas por causa da conversa.
- Bom dia meninas. - sorrio ao me sentar ao lado de Sofia que me dá um beijo na bochecha.
-Bom dia Nathy. - Maria Comprimenta colocando um pedaço generoso de mamão na boca. Sorrio para a garota e começo a comer.
- Sabe onde está Miguel? - Pergunto baixinho apenas para Sofia. As meninas continuam falando sobre coisas aleatórias e não percebem nossa conversa.
- Saiu. Foi até a Vila com Bruno, Bento e Luan. Não sei bem o que foram fazer... porque?
- É que vamos embora hoje e queria saber com ele que horas para está pronta.
-Ah não Nathy! Não acredito que você vai embora hoje! - Sofia me abraça e sorrio para ela.
- Não se preocupe baixinha, vamos manter contato!
-Vou sentir sua falta, gosto muito de você! - Sofia me solta e sorri tristemente.
Mudo de assunto para tirar de seu rosto esse olhar triste.
Decido aproveitar a manhã com ela sem pensar em Paula, ou Lurdes, ou a ex namorada de Miguel nem nada do tipo que tenha tirado meu sossego nos últimos dois dias. Toda essa história com Miguel me deixa assustada, sinto medo de está gostando tanto dele e ele não retribuir o sentimento, ou até ainda gostar da ex afinal quase três anos é muito tempo, um sentimento verdadeiro é construído, laços são formados.
- Bom dia querida. - diz a mãe de Miguel colocando a mão sobre meu ombro me assustando e me tirando de meus pensamentos.
-Oi bom dia dona Luiza! Como a senhora está? -Respondo ficando de pé a abraçando.
- Ah minha querida me chame de Luzia por favor... - Ela se senta na cadeira a meu lado e volto a me sentar. - Estou muito bem. E você como está?
- Estou bem.
Ela sorri pegando um prato e cumprimentando as meninas. Ficamos em silêncio por vários minutos até que ela volta a falar.
- Sabe, nos meus 48 anos de idade já vivi muita coisa. E sei identificar uma jovem apaixonada a quilômetros! - diz rindo e fico vermelha na hora, mas a deixo continuar. - sei que sente algo muito especial pelo meu filho!
- E..eu, eu não, não...
- Calma calma. - Ela toca meu ombro enquanto sorri. - Sei que gosta dele e fico muito feliz por isso. Não estou dizendo que irão se casar amanhã fique tranquila, só vejo que ele também sente algo por você. Ele não sorri dessa maneira tem tantos anos. - continua ela. - Desde a morte de meu marido. Eu pensei que não voltaria a ver esse sorriso.
Respiro fundo com um sorriso nos lábios, é a segunda vez que ouço de como Miguel tem estado feliz comigo aqui, de como seu sorriso tem sido verdadeiro e isso me conforta.
Mas ao mesmo tempo me apavora, está no escuro sem saber a verdade sobre os sentimentos de Miguel é muito ruim, tudo que sei é que sinto algo por ele que não senti por ninguém antes, mas, tudo que sei sobre ele é o que sua mãe e irmã falam para mim.
Não tivemos como sentar para que ele me falasse as coisas que preciso saber e ao mesmo tempo não me sinto no direito de cobrar dele alguma explicação.
- Mas ele está diferente Sabe? Um diferente bom! Eu amo a maneira feliz que meu filho voltou para mim depois de tudo que vivemos, depois do que ele passou. - Ela me olha com carinho e me dedica um sorriso lindo.
Sou surpreendida por seu abraço repentino e seguro a vontade de chorar que veio do nada! Retribuo o carinho querendo fazer esse momento durar. É tão bom receber tanto carinho de alguém que você conheceu a pouco tempo.
-Mas, vamos, você tem que aproveitar o dia. - diz ao me soltar.
- Sim...
- quero que curta cada segundo e aproveite bastante e por favor não suma. Amei conhecer você e não quero perder contato.
- Não sumirei. - sorrio vendo ela se afastar.
- Promessa é dívida heim! Irei cobrar!- Dona Luiza comenta sorrindo.
Continuamos comendo e ao terminar Sofia e Sarah decidem que um bom jogo de cartas seria divertido para ajudar a passar o tempo. Caminhamos até umas mesas perto da piscina e percebo que a casa está ainda mais cheia do que ontem.
- Parece que chegou mais gente... -Comento com Sofia.
- E chegou mesmo. Bruno quer prolongar o final de semana. - responde rindo. - Homens.
- Por quanto tempo mais? - pergunto enquanto Maria separa as cartas.
- Acho que até amanhã, não sei. Tia Marta aprovou porque primo Dan chega hoje. Então é meio que uma forma dele aproveitar a festa também, nem que seja um pouco.
- Ele não vem muito aqui né? Sua tia fala dele com saudade. - pego minhas cartas analisando o jogo e continuo a conversa para passar o tempo.
- Não vem não. Por causa do trabalho dele quase não vem aqui, acaba viajando muito. Depois que se mudou pra São Paulo então... Tia Marta sente falta dele. Todos sentimos. Crescemos juntos, ele é um irmão pra mim. - Sofia inicia a partida e me direciona um sorriso lindo. - vai gostar de conhecê-lo.
Concordo com a cabeça e começamos a jogar. Decido não prolongar a conversa por mais que de alguma forma quisesse chegar no tópico "Quem é Vitória, porque sua prima a defende, o que aconteceu?" Entre outros tópicos, mas prefiro não continuar. Não sei bem até onde posso ir sem parecer uma maluca perseguidora.
