Querida Babá

— Você não precisa ficar com ciúmes de outras mulheres — McVay dizia enquanto colocava as coisas do carrinho no balcão. A mulher do caixa estava tão entediada que sua postura evidenciava isso. O dia estava bonito, e Matthew decidiu fazer um cachorro-quente para almoçarmos. Então, como não havia nada em casa, minha mãe o mandou para o mercado.

— Ciúmes? O que é isso? Você é um marmanjo e eu sou sua babá — começo a rir, vendo de relance que ele revira os olhos.

— Não sabia que babá beijava na boca — provoca.

— Sou paga pra isso — minto, mas ele continua na brincadeira.

— Então vou ter que falar com a dona Katherine para aumentar seu salário, assim posso passar dos beijos — fala, enquanto a mulher desengonçada deixa cair um pacote de extrato de tomate.

Com certeza, ela estava ouvindo a conversa. Com um homem lindo desses, até eu ficaria atenta. Comecei a colocar nossas compras dentro da sacola plástica, pois não havia nenhum funcionário disponível para isso.

Quando chegamos em casa, Savannah estava usando um avental escrito: "Ajudante Número 1".

Matt estava atrapalhado, deixando cair talheres no chão e panos, chorando enquanto cortava cebola e até rindo enquanto Savannah o imitava. Parecíamos uma família feliz.

— Nossa, esse molho está uma delícia — mamãe dizia de boca cheia.

— Tempero especial: lágrimas — concluiu Matt.

— O que vamos fazer à tarde? — Savannah sorri.

— Tem um parque de diversões aqui perto. Pensei em irmos dar uma volta — sorrimos de alegria.

— Eu quero ir no elefantinho — Savannah disse, já colocando seu prato na pia. Seu sorriso mostrava até sua gengiva.

— Savannah, vai se arrumar — Frida ordena enquanto me levanto da mesa. — Eu adoro parque de diversões! — Mamãe continuou falando. — Foi em um parque que conheci seu pai. Ele estava na fila da montanha-russa. Depois de alguns dias, entrei para sua escola e estudávamos na mesma sala. — Ela falava com um brilho nos olhos. Será que ela realmente sentia falta dele, como parecia?

— A única coisa que me lembro dele é na escola, chovendo. O frio era imenso, e meu pai passou por mim sem me dar carona. A nova mulher idiota estava ao seu lado — fui sincera. Não queria que mamãe sentisse falta de alguém que eu considerava inútil, embora eu sentisse saudades.

***

O parque estava cheio; crianças corriam por todos os lados, e pais enlouqueciam por perderem seus filhos. Savannah estava com as botas que havia ganhado de Matthew. Mamãe me pediu para aproveitar com Matt, pois ela ficaria com a pequenina.

— Então, começaremos por onde? — pergunto a Matt, que estava maravilhoso.

— Carrinho de choque — ele agarra minha mão e me puxa para a fila, que estava um pouco longa. Não demorou muito para ser nossa vez.

— Vou no rosa — coloco o cinto para prevenir algum tipo de incidente.

— É melhor você se esconder, porque vou atrás de você — seu sorriso maligno tornou-se meu preferido.

Quando o barulho deu início à partida, acelerei o quanto pude. Olhava para Matt, que vinha cada vez mais próximo. Senti duas batidas na traseira do carrinho.

— Te peguei.

Logo depois, fomos no trem-fantasma, que estava vazio. Sentamos em um carrinho pintado de joaninha, que não combinava com o lugar.

— Está com medo? — ele pergunta.

— Só se for de você, Matthew — digo, tremendo de medo. Ele passa o braço direito pelo meu pescoço, arrepiando minha pele. Me ajeito para mais perto dele.

Cada percurso me dava um susto, enquanto ele apenas ria. Quando passamos por algumas múmias e uma delas se mexeu, agi por impulso e coloquei minha mão na parte de cima da sua coxa. Logo tirei a mão, mas ele a pegou e a colocou de volta no mesmo lugar. Não protestei e apertei com força. Minha respiração rápida ritmava com a dele. A passagem de saída estava tão próxima que consegui me controlar.

Na montanha-russa, ficamos de mãos dadas, e no final, ele acabou ficando com a foto. Fomos para a roda-gigante, e ele havia comprado um algodão-doce para comer e aproveitar a vista do entardecer.

— Eu adorei essa tarde — digo, agradecendo.

— Sua companhia é importante para mim — ele disse, e um turbilhão de emoções se espalhou por todo o meu corpo.

— Você também é importante para mim — coloco um pouco de algodão-doce na boca, e Matt tira um pacotinho de presente rosa.

— Eu realmente gosto muito de você, até demais. Você foi tão insistente comigo e me fazia rir com esse beiço de brabinha. Seu sorriso é tão bonito que eu faço de tudo para vê-la sempre assim. Eu queria realmente esquecer o que aconteceu com Rommy no ano passado, mas infelizmente não posso tão cedo. Eu só quero continuar a ser feliz, e pelo menos estou sendo feliz. Espero que você também esteja. Pois eu realmente estou gostando de você e vou apostar tudo em nós. Você é a única coisa que eu tenho. — Verdade ou não, ele já estava me beijando.

Era um colar de ouro. Oh, meu Deus. Tinha strass de diamante rosa, e eu me senti tão feliz, não apenas pelo presente, mas pelo simples fato de ser um símbolo do infinito com as letras M e E.

— Matt, isso é... — fui interrompida.

— Você quer namorar comigo?