抖阴社区

66 - Conselhos

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Sou testemunha de um crime. 

Olho para frente e tudo que vejo é a cena de um crime.   

Bem, deveria ser um crime a pessoa que você ama estar com outra pessoa que não seja você.

As pessoas sorriem ao meu redor, conversam sobre assuntos pessoais; como foi a faculdade? Como anda a vida? O que irá fazer no domingo? Vamos sair! Tantas e tantas perguntas, conversas banais dais quais eu deveria estar prestando atenção e também participando. O sorriso no meu rosto afirma o que mais eu temia: falta pouco pra nos tornamos menos que dois estranhos.

Sorrio, mas dentro de mim, algo acontece. Saudades. Muitas saudades.

— Um fim de semana na casa na beira do rio é tudo o que precisamos. O que acham? Podemos passar três dias lá. — sugere Sra. Louise. Ela tem tanta facilidade para nos envolver em seus assuntos.

— Eu gostaria disso. — Sofia diz. É claro que gostaria.

Kent abraça Sra. Louise por trás. Um abraço de urso. Ela é como uma mãe para ele, e o relacionamento dos dois não se abalou por culpa do Connor.

— Por que não nesse final de semana? Hoje é quinta, podemos ir na sexta e voltar na segunda. — Daniel sugere. Dá de ombros. — Posso pedir para que alguém cuide da empresa na minha ausência.

Daniel está abrindo um escritório de advocacia, após rejeitar às inúmeras propostas que o Sr. Peter fez a ele.

De soslaio observo Connor e Raquel se aproximarem. Ela ri de algo que o Connor diz. É tão bom vê-lo sorrir, ver o brilho nas suas órbitas e sentir a intensidade do seu corpo na mesma atmosfera que eu. Analisando-os de perto, me questiono se realmente estão noivos. Diria que a relação entre os dois se parece mais com amizade. Eles conversam e riem, mas raramente se tocam.

— Ah... Oi. — saúda, assim que todos se silenciam com sua chegada. A tensão entre todos é perceptível.

Percebo Kent rolar os olhos, ele não disfarça em momento algum o desconforto.

— Connor! Está se divertindo, filho? — Sr. Peter pergunta. O mesmo dá de ombros, aparentemente envergonhado com os olhares que recebe.

— Queria apresentar a Raquel. Creio que ainda não tive a oportunidade.

Se eu devo odiá-lo?

Não sei... Talvez. Muitos em meu lugar odiariam.

Mas confesso que não me sinto capaz de nutrir tal sentimento por ele ou qualquer outra pessoa. Por um lado eu entendo seu desespero em seguir em frente, ter uma pessoa com quem compartilhar experiências. Eu mesma tentei muito isso. Obviamente não consegui. O fato de não ter obtido sucesso não me torna melhor.

Não é como estalar os dedos, ou fazer um pedido a lâmpada do gênio. Não dá pra simplesmente pedir por um novo amor como se faz um pedido ao papai Noel. Até porque papai Noel não existe.

Estrelas se acendem aqui dentro quando os meus olhos encontram os seus. Eu nem consigo disfarçar, é sufocante não poder expressar minhas verdadeiras intenções. Nossa, e pensar que um dia fui boa em camuflar meus sentimentos e sufocar meus pensamentos.

Intenso e sedutor. Continua apaixonante, mesmo sendo detestável.

— Ah, muito prazer, Raquel. Eu sou o... — Sr. Peter inicia, na tentativa inútil de acabar com a tensão.

Ela o interrompe, visivelmente empolgada. É tão sorridente e cativante. Odiá-la parece tão errado.

— O pai! Sim, eu sei. Ele me falou muito de você, de todos vocês. — conta, olhando para todos, para o olhar em mim. Franze o cenho. — Você. Ame Brooks! Lembra de mim? Nós nos conhecemos no museu de artes em uma de suas exposições há uns meses.

Como N?o Te Amar?  Onde histórias criam vida. Descubra agora