E está doendo... muito.
— Não devia estar aqui, Connor. — declaro por fim. Ele suspira. Sinto pena. Pena por ele estar tão frustrado com sua vida. É notável o descontentamento. Ele não está feliz. Percebo então que entre nós dois, fui a que mais se saiu bem.
— Eu sei que não. Mas não consegui evitar. — sorri, pensativo. — Queria conversar com você. Precisava te ver.
— Não temos o que conversar, tudo foi dito na última vez em que estivemos juntos. Não precisa dizer mais nada.
— Você não entendeu, Ame! Eu não vim aqui me explicar ou tentar me redimir, sei que não é tão simples. Vim aqui porque quero conversar sobre sua vida; sobre como foi em Moscou, se se divertiu enquanto esteve lá, como foi a primeira exposição que participou. Assuntos que conversaria com qualquer outra pessoa.
A saudade irá me causar problemas. Muitos problemas. Afinal, não se pode brincar com fogo sem se queimar.
— Mas você não é qualquer pessoa. — replico.
— Só hoje... me deixa ser?
Com o passar do tempo você irá aprender que o passado está sempre presente, esperando o momento certo para te fazer fracassar no futuro. Não permita. Por mais que te doa, N Ã O deixe.
Eu o amo, mas isso não significa que eu tenha que deixá-lo me destruir outra vez, pela segunda, ou terceira, na verdade, pela quarta vez. Foram tantas.
— Eu cai, e... você não estava lá para me erguer. Foi duro a queda. — lamento. — Não pode fazer isso. Não pode entrar aqui, pedir pra conversar e depois agir como se fôssemos dois amigos. Não faça isso comigo! Não somos amigos e provavelmente nunca seremos.
Leva o polegar a minha bochecha e a acaricia, algo que costumava fazer quando caíamos cansados na cama após uma longa noite.
— Quantas burradas preciso fazer para que finalmente entenda que nunca precisou de mim? Todas às vezes que se ergueu, foi por mérito próprio, e não por eu estar lá. — Connor suspira. — Sempre deu a volta por cima sozinha.
Abstinência. É a abstinência da droga do seu cheiro que faz com que eu o afaste de mim. Seu toque me causa inúmeras sensações. Trás lembranças de um tempo que não pode voltar.
— Talvez tenha razão. Deixou isso bem claro nas últimas vezes, não é?
— Te deixar significava te perder, mas não podia me escolher ao invés de você. Sempre fui egoísta, e quando me encontrou com Hayla no banheiro da escola e saiu tão transtornada... Só consegui pensar no efeito colateral que eu tinha sobre as pessoas. Errei com todos a minha volta.
Um disco arranhado. Connor e eu nos tornamos isso.
— Você fez certo. Obrigada por me deixar. Você fez algo que eu não teria sido capaz. — digo, sincera. Meu coração, se pudesse pensar, ele pararia. Dizer isso é... Como dizem? Libertador.
Ele arrisca outro passo. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe.
— Você me conhece, eu não sei dizer tudo o que sinto. Nunca soube. Mas te digo uma coisa: Você foi a minha pessoa. A única.
Essa facilidade inacreditável que ele tem de fazer com que eu me apaixone por ele me ferrava por dias. Ele não pode - simplesmente - entrar na minha vida de novo todo mudado e fazer com que eu goste da sua companhia outra vez.
Vou dormir pensando no que podia ter acontecido se nós dois tivéssemos dado certo.
[...]
Na manhã seguinte, quando o sol nasce no horizonte e os primeiros raios solares invadem o quarto sem nem pedir licença, é quando desperto. Me sinto renovada. Apesar das turbulências da minha ''conversa" com Connor, consegui ter uma noite tranquila. Pra falar a verdade, não me lembro da última vez em que tive uma noite de sono tão boa.

VOC? EST? LENDO
Como N?o Te Amar?
RomanceRomance/Drama. Ame Brooks é uma garota de 17 anos que passou boa parte da sua vida sofrendo nas m?os de Connor Rivers, um garoto da sua escola que sempre fez quest?o de humilhá-la em público. Mas tudo passa a mudar quando Ame conhece Scott, um recé...
67 - Atmosfera pesada
Come?ar do início