抖阴社区

67 - Atmosfera pesada

Come?ar do início
                                        

E está doendo... muito.

— Não devia estar aqui, Connor. — declaro por fim. Ele suspira. Sinto pena. Pena por ele estar tão frustrado com sua vida. É notável o descontentamento. Ele não está feliz. Percebo então que entre nós dois, fui a que mais se saiu bem.

— Eu sei que não. Mas não consegui evitar. — sorri, pensativo. — Queria conversar com você. Precisava te ver.

— Não temos o que conversar, tudo foi dito na última vez em que estivemos juntos. Não precisa dizer mais nada.

— Você não entendeu, Ame! Eu não vim aqui me explicar ou tentar me redimir, sei que não é tão simples. Vim aqui porque quero conversar sobre sua vida; sobre como foi em Moscou, se se divertiu enquanto esteve lá, como foi a primeira exposição que participou. Assuntos que conversaria com qualquer outra pessoa.

A saudade irá me causar problemas. Muitos problemas. Afinal, não se pode brincar com fogo sem se queimar.

— Mas você não é qualquer pessoa. — replico.

— Só hoje... me deixa ser?

Com o passar do tempo você irá aprender que o passado está sempre presente, esperando o momento certo para te fazer fracassar no futuro. Não permita. Por mais que te doa, N Ã O deixe.

Eu o amo, mas isso não significa que eu tenha que deixá-lo me destruir outra vez, pela segunda, ou terceira, na verdade, pela quarta vez. Foram tantas.

— Eu cai, e... você não estava lá para me erguer. Foi duro a queda. — lamento. — Não pode fazer isso. Não pode entrar aqui, pedir pra conversar e depois agir como se fôssemos dois amigos. Não faça isso comigo! Não somos amigos e provavelmente nunca seremos.

Leva o polegar a minha bochecha e a acaricia, algo que costumava fazer quando caíamos cansados na cama após uma longa noite.

— Quantas burradas preciso fazer para que finalmente entenda que nunca precisou de mim? Todas às vezes que se ergueu, foi por mérito próprio, e não por eu estar lá. — Connor suspira. — Sempre deu a volta por cima sozinha.

Abstinência. É a abstinência da droga do seu cheiro que faz com que eu o afaste de mim. Seu toque me causa inúmeras sensações. Trás lembranças de um tempo que não pode voltar.

— Talvez tenha razão. Deixou isso bem claro nas últimas vezes, não é?

— Te deixar significava te perder, mas não podia me escolher ao invés de você. Sempre fui egoísta, e quando me encontrou com Hayla no banheiro da escola e saiu tão transtornada... Só consegui pensar no efeito colateral que eu tinha sobre as pessoas. Errei com todos a minha volta.

Um disco arranhado. Connor e eu nos tornamos isso.

— Você fez certo. Obrigada por me deixar. Você fez algo que eu não teria sido capaz. — digo, sincera. Meu coração, se pudesse pensar, ele pararia. Dizer isso é... Como dizem? Libertador.

Ele arrisca outro passo. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

— Você me conhece, eu não sei dizer tudo o que sinto. Nunca soube. Mas te digo uma coisa: Você foi a minha pessoa. A única.

Essa facilidade inacreditável que ele tem de fazer com que eu me apaixone por ele me ferrava por dias. Ele não pode - simplesmente - entrar na minha vida de novo todo mudado e fazer com que eu goste da sua companhia outra vez.

Vou dormir pensando no que podia ter acontecido se nós dois tivéssemos dado certo.

[...]

Na manhã seguinte, quando o sol nasce no horizonte e os primeiros raios solares invadem o quarto sem nem pedir licença, é quando desperto. Me sinto renovada. Apesar das turbulências da minha ''conversa" com Connor, consegui ter uma noite tranquila. Pra falar a verdade, não me lembro da última vez em que tive uma noite de sono tão boa.

Como N?o Te Amar?  Onde histórias criam vida. Descubra agora