Depois da perseguição de mais cedo, ele desapareceu. Foda-se! Vai voltar com alguma garota da cidade e transar com ela. Suspirei cansada.
Zelda estava fazendo uma grande quantidade de doces caseiros, a iguaria vai ser enviada para a casa de Afonso, é onde está a família pela qual não conheço bem, além dele, Patrícia e Camilo.
— Está ótimo! Vou pegar os potes — Zelda avisa, me estendendo a colher de pau. — Mexa sem parar. — Ela some no corredor que leva à despensa.
Sem deixar a tradição de lado, eu acumulo uma boa quantidade de saliva na boca e jogo no meio do doce. Zelda havia provado e nunca fica o doce que ela faz porque vai pimenta na receita, um gosto peculiar de Afonso.
Para não perder o costume e acrescentar acidez, dou mais uma bela cuspida e mexo calmamente.
— Ele é um tarado, filho da puta! — Uma das copeiras, Evelyn, entra na cozinha como furacão. — Camilo está com duas garotas no quarto. — Paro de mexer o doce para escutá-la. — Dá para escutar tapas, gemidos, gritos, uma verdadeira orgia.
— Você viu?
— Vi ele entrando com as meninas, quando percebeu que notei, fechou a porta mandando um beijinho para mim — ela contava, toda afobada. — Depois que terminei de limpar tudo, ele saiu correndo nu, com as duas meninas, pelo corredor.
Meus olhos estavam arregalados.
— Ele tem um pênis enorme — comentou a outra copeira, Marie, entrando com a roupa suja. — Uma serpente tatuada no próprio pênis! Ele é louco!
Engoli seco.
— O que mais?
— O doce, Ales! — Zelda volta para a cozinha sentindo o cheiro do doce pegar na panela. Não queimou, mas Zelda ficou irritada. — Parem de fofocar e não subam mais até que alguém seja chamada.
— Ele chamou — diz Evelyn, ainda com as bochechas vermelhas. — Pediu para Alessandra subir.
— Não vai! — Decretou Zelda, enfiando o doce nos potes. — Se você gosta da sua pele no seu corpo, vai me escutar e ficar aqui.
Ele quer me provocar, usar a canalhice para chamar a minha atenção. Talvez ele tenha visto em mim algo que não notei em minha natureza. Não sei dizer, mas Camilo mexe com coisas dentro de mim que me fazem se sentir menos medrosa, tão pouco cautelosa. Decerto, foi por esse motivo que desconsiderei qualquer conselho bom e corri para o andar de cima, escutando os gritos de Zelda e as risadas das copeiras.
Diante da porta do quarto dele, eu ergui a mão para bater, mas a porta se abriu antes. Uma garota apareceu, parece jovem como eu, os cabelos são parecidos, cor da pele, olhos...
— Oi — ela diz, meio empregada, tentando fechar o zíper da calça.
Logo em seguida, outra aparece, é idêntica à primeira. Irmãs gêmeas. Ambas com características idênticas a mim.
— Camilo — falei.
— Ele está no banho. — Disse a segunda menina que apareceu.
Elas pegaram bolsa e sapato e saíram, deixando a porta aberta.
Entrei no quarto e vi o que sobrou da festa. Camisinhas. Bebida. Cocaína. Calcinhas minúsculas rasgadas. Quase tudo estava quebrado ou revirado.
Escutei o chuveiro ser desligado. Após a porta abrir, lá estava ele. Molhado e nu. A história da tatuagem era verdade, o tamanho do membro também. Possivelmente esse seja o motivo do sucesso que ele faz com as garotas, porque valer alguma coisa, camilo vale menos o que eu defeco todas as manhãs.
