UNKNOWN - Jikook | Mpreg

JIMIN

Tudo o que eu sentia era medo.

Na verdade, o medo me preencheu desde o primeiro teste positivo em que segurei com minhas mãos.

Senti um misto louco de medo, insegurança e renovação. O que, de fato, era o que minha relação com Jungkook estava começando a ter, renovação.

Nunca pensamos passar por todas as coisas que passamos e estamos passando. Sequer pensei que poderia mesmo ter uma vida a dois junto com o garoto com rosto de adolescente que me ajudou aquele dia no centro.

Mas eu estava tão enganado...

Enganado por dois pontos. Um: Jungkook não é nem um pouco irresponsável como achei que fosse. Sua idade não empata em nada em suas decisões e ele é simplesmente a melhor pessoa que poderia estar ao meu lado. O segundo ponto é que no começo eu não imaginei mesmo viver algo com ele, mas que bom que me enganei. A vida a dois, três e quantos mais forem com ele é ótima. Ter uma família recheada com Jungkook é ótimo, e ter a força e o apoio dele é tudo.

Eu vejo, percebo e sinto, toda a força que ele me passa. Alisha nasceu há alguns dias, e isso fez com que nossa dor e medo somente aumentassem. Já havíamos perdido tanto, não queríamos e não suportaríamos perder mais nada. Jungkook, com quase nove meses completos, não deixou sequer um dia que eu fosse sozinho visitá-la. E mesmo que nossa casa estivesse preenchida de familiares e amigos, era sempre eu e ele.

Foram dias dolorosos. Há primeira semana com Alisha na UTI, vendo-a somente através de uma janela, doeu. Era lindo a forma em como ela lutava sozinha lá, mas era realmente doloroso porque eu queria ter o que foi parte minha em meus braços.

E quando enfim o dia de tê-la chegou, com minha criança forte e beirando os dois quilos, estávamos lá, juntos.

Eu via a forma em como Jungkook estava cansado. Não somente fisicamente, já que seu peso era absurdo para sua musculatura aguentar sem que doesse, mas sim por toda a tensão de não saber como seria o próximo dia, principalmente para nossa pequena.

Ele parecia uma enorme maça, redondinho e rosado, mas sorria tanto que me preenchia. Segurando em minha mão para que eu o seguisse e chegasse até o berçário onde nossa garotinha havia sido transferida, eu me sentia seguro.

A recuperação em casa estava sendo ótima. Tinham tantas pessoas para me ajudar, que não me deixavam ficar sozinho por um só segundo, mas, no fundo do meu âmago, alma, coração... Eu estava sozinho.

Precisava ter em meus braços o que era realmente meu. Precisava segurá-la e alimentá-la, dar-lhe o mamar enquanto recebia a vida outra vez, e foi isso que a instigou a acordar cedo, mais cedo do que o habitual, sorrindo e até mesmo suando de nervoso, apenas porque teria o que esperava há dias para ter.

Jungkook também sorria, e mesmo que na noite anterior ele tenha tido uma noite ruim, com dores e contrações mais frequentes, ele estava animado.

ㅡ Fiz seu suco de laranja. ㅡ ele disse quando estávamos apenas nós na cozinha.

Eu aceito, e senti o cheiro da fruta que há meses não bebia de seu suco.

ㅡ É com mel? ㅡ perguntei e sorri ao vê-lo assentir.

Há quanto tempo não tomava meu suco favorito?

Foi estranho, porque no começo da gestação de Alisha eu não senti tanta vontade de bebê-lo, e até mesmo vomitei após tomá-lo numa das vezes em que tentei, mas hoje, minha boca saliva e anseia o gosto doce que logo é preenchido lá.

ㅡ Como está? ㅡ pergunto a ele, sentando-me a seu lado. ㅡ ainda dói?

Ele nega.

ㅡ Não, estou bem. ㅡ sorri.