Dia 25 de Dezembro, Quarta-Feira, 7:00 da Manhã.
Bem, era natal.
As avós e mães trabalhavam logo cedo, querendo que todo o resto ficasse longe da cozinha, então acabamos nos instalando no quiosque.
- Já tem uma carreira a seguir se caso tudo der errado. - Meu avô paterno fica impressionado.
- Não acho que eu vou falhar, até agora tudo está dando certo. - Deixo escapar um riso.
- Não precisa pressionar ele tanto Howdy, os jovens de hoje pensam muito mais do que nós.
Os avôs ficavam vidrados nas bebidas e meu pai estava na dele.
- O natal desse ano sim vai ser digno de ser chamado de natal, toda a família reunida. - Meu avô materno parecia contente.
- Nessa eu concordo com você amigo.
Eu chutava que era questão de tempo até os velhos ficarem bêbados e alguém se estressar com isso.
Claro que eu, um intelectual iria cair na risada, só apanharia junto, mas por uma boa causa.
- Me passaram que é aqui o nosso castigo de hoje. - Robert chega com algo em mãos.
- O John foi inventar de começar a roubar ingredientes como complemento pras bebidas, ai as nossas queridas mulheres nos expulsaram da casa.
- Por isso que quando chegamos já arrastaram a Mia e me disseram pra vir aqui.
- Deve ser por isso.
- Senta ai amigo, nosso barman já vai largar a próxima. - Meu pai puxa uma cadeira.
- Barman? Achava que você só era artista mesmo.
- Sou uma caixa de surpresas sogro.
- Já chegamos nesse nível de intimidade então?
- Sim, chegamos.
- Pois bem, vamos ver até onde mais você vai me surpreender.
- Mas você não tem seus remédios pra tomar?
- Um diazinho não vai matar ninguém.
- Melhor se lembrar bem disso quando precisar dos seus remédios de noite.
- Aquilo foi só um mal estar por fome, eu tomo os remédios certinho.
- Vamos ver se era mesmo...
11:45 da Manhã.
Infelizmente ninguém ficou bêbado logo cedo.
- O que os adultos andam aprontando por aqui? - Minha mãe entra no quiosque.
- Nada demais mãe, fomos desbanidos da cozinha?
Enquanto eu fofocava com a minha mãe, o resto estava jogando baralho como se fosse vida ou morte.
- É bom você me jogar a carta certa Robert. - Meu avô materno estava empolgado demais com o jogo.
- Não leio mentes Endrich, apenas o jogo.
- Eu sei que você vai jogar a carta certa e eu vou ganhar de novo.
- Esse velho tá muito convencido já, jogue a carta errada Robert. - Meu pai torcia pelo caos.
Acho de um jeito ou de outro ele ia apanhar.
- Falta muito pra acabar o jogo ai? - Minha mãe se enfia no meio.
- Não filha, está nas mãos do Robert jogar a carta para a vitória.
- Sua próxima vitória vai ter que esperar.
- Ahhhhhh! - Os velhos resmungavam.
- Deixo pra ganhar de vocês mais tarde.
- Ele vai ver só, o karma sempre volta. - Robert resmungava.
11:50 da Manhã.
Tudo parecia do mesmo jeito que antes, só tinha uma enorme mesa estendida no centro.
- Eu até estranho podermos sentar assim sem nenhuma exigência. - Howard estranhava.
- Melhor não comemorar antes da hora. - Meu pai se senta ao meu lado.
- O que vocês 5 estão fazendo ai?! Alguém disse que poderiam sentar?! - Minha mãe gritava da cozinha.
- Eu avisei...
- Sua mãe mesmo velha ainda tem um timbre...
- Eu ouvi isso!
- Contanto que ela não comece a gritar na mesa acho que vai ficar tudo bem...
A família do meu pai era bem mais divergente, na maior parte do tempo eram quietos, mas as vezes mudavam de humor bruscamente.
Só tenho memórias com a minha tia mesmo, mas essa ai é sempre escandalosa...
- Quanto tempo ainda vamos precisar ficar se olhando? Meus olhos já estão começando a arder. - Brinco.
- É só piscar genro, não é uma competição.
- Posso ficar perto de você sobrinho? Estou bastante curiosa sobre o que você ficou fazendo todo esse tempo longe da sua tia!
É pedir muito ela ser menos eufórica?
- Nada demais... só estudando.
- Com certeza você deve ter feito algo mais....
- Isso não vem ao caso...
- Oh! Então realmente rolou algo...
- Com a minha namorada. - Minto.
- Ei! Não vai pensar besteira! - Mia gritava ao longe.
- Johanna, não seja tão inconveniente.
- Ah pai! Eu só estava querendo conhecer mais do meu sobrinho...
- Licença. - Mia chega calmamente.
Mia a empurra com gentileza para uma cadeira de distância de mim, ficando entre nós dois.
- Melhorou.
- Chega de suspense e fome pessoal, nossa ceia já vai começar!
Não me lembrava que minha mãe era tão festiva.
Cada pouco as comidas mais diferenciadas iam aparecendo, até formar uma mesa completa.
- Agora sim, vocês podem sentar...
- Ei amor, poderia fazer um incrível favor a sua namorada de me passar um pedaço desse peru? - Mia sorria.
- Pega esse que eu tenho.
Passo o meu pedaço para o prato dela e depois corto outro para mim.
- Vocês capricharam nesse ano hein? - Comento.
- É tudo coisa da sua mãe, nós eramos só o suporte. - Mia sorri.
- Talvez ela faça isso apenas pra ensinar bem sua futura nora.
- Nem começa.
- Eu não disse nada demais.
- Eu não consigo nem fazer metade daqueles truques, parece até mágica nas mãos dela.
- Não ligo se você aprendeu do jeito dela e por isso não consegue replicar, eu comeria sabendo que foi você que fez com muito orgulho. - Encosto minha cabeça em seu ombro.
- Deixa esse papo romântico pra mais tarde.
- Ah sério é? Logo você que curte falar do nosso clima.
- Agora só não é o clima.
- Tudo bem.
Depois disso, eu e ela não falamos mais uma palavra diretamente relacionada um ao outro pelo restante daque almoço.
1:00 da Tarde.
- Mas já rolou coisas mais... românticas entre vocês?
- Johanna! Isso lá é pergunta de se fazer. - Meu pai acaba por acertar um soco na mesa.
- Eu só quero saber mais sobre esse casal irmão...
- Não percebe que você está os deixando desconfortáveis?
- Tudo bem...
- Mas respondendo sua pergunta, não, não rolou nada. Apesar da cara não parecer muito, ele me disse que não vai acelerar as coisas. - Mia responde rindo.
- Isso é tão fofo...
- John se deu uma segunda chance para amar e ser amado, talvez ele esteja tentando usar isso como uma forma de conseguir seguir seu velho desejo de infância.
- Ouvi algo sobre isso vindo da minha querida cunhadinha. - Johanna estava gostando da história.
- Eu acredito que ele depois de tudo acabou mudando muita coisa dentro e fora de si. Por isso que eu o amo tanto, ele se esforça pra mostrar o quanto vai seguir em frente mesmo com seus problemas.
- Se vai uma dica, nunca vi um relacionamento tão bonito quanto o de vocês.
- Isso é uma dica ou um elogio?
- Geralmente relacionamentos bonitos geram crianças bonitas.
- Hãn?!
Com o susto, Mia derruba o prato que estava em suas mãos, que cai entre seus pés.
- O que caiu ai embaixo? - Desço rapidamente as escadas.
- Acho que ela deixou um prato cair.
- É, eu só me assustei e acabei derrubando o prato.
- Se cortou?
- Não...
- Ótimo, pode deixar que eu limpo isso pra você, parece nervosa.
- Você vê muitas coisas onde não tem.
- As vezes vejo mesmo.
- Já volto te ajudar!
Ela sai correndo até o andar de cima e logo volta com uma pázinha e um pequeno balde, me deixando terminar o trabalho.
- Que gentil da sua parte meu bem, não sabia que você curtia ver eu limpar as coisas.
Ela não responde, só continuava a observar.
"Geralmente relacionamentos bonitos geram crianças bonitas."
- é tão estranho essa frase ficar na minha cabeça? Por quê?! - Mia surtava por dentro.
- Já limpei tudinho.
- Já?!
- Era um prato não muito grande, acho que minha mãe não vai sentir falta desse.
- Tem certeza?
- Claro que não.
Acho que eu deveria ter mentido.
2:30 da Tarde.
Agora estavamos a sós no meu quarto, ela estava sentada na cama e eu organizava os papéis nas estantes.
Mia parecia mais quieta do que o normal.
- O que foi amor?
- Nada.
- Você geralmente sempre vive tão falante, o que houve agora?
- Só fiquei pensando em uma coisa...
- E o que era?
- Caso a gente se casasse, você gostaria de ter filhos comigo?
- E você ainda pergunta? - Pego em sua mão.
Ela tenta sorrir sem chorar.
- Eu adoraria ter filhos com você, só acho que eles podem esperar, quero aproveitar muito tempo ainda só nós dois.
- Seu bobo...
- Eu tô falando sério! Depois você vai se esquecer de mim e viver apenas pelas crianças...
- Para de ser dramático...
- Não funcionou?
- Não, relaxa, ainda não vou esquecer do meu homem.
- Você diz isso com tanta confiança... nem parece a garota preocupada de antes.
- Você as vezes consegue estragar tudo não é?
- Faz parte do meu gênio.
- Já terminou de organizar essa sua bagunça? Parece que nunca vai acabar mais...
- Claro que eu estou acabando, só eu olhei pra esse rostinho de princesa e me distrai.
- Ah para...
- Mas eu nem comecei ainda.
- Melhor eu te ajudar com isso, você demora demais.
- Mas que chata...
- Repete. - Ela tinha uma caneta em mãos.
- Uma ajudinha sempre cai bem não é?
- Ah tá... achei que você tinha dito outra coisa sabe...
- Pois você deve ter se enganado.
- Meu faro de namorada nunca se engana.
- Mas não tem nada pra você sentir.
- Tem sim... sempre tem...
- Agora acho que eu que estou com medo...
- Ah não precisa amor! Sou sempre tão fofa com você.
- Nem sempre...
- A vida nem sempre é o morango que você quer seu bobão. Melhor a gente descer antes que sua mãe já ache que estamos produzindo os futuros netos dela.
- Ela não vai pensar isso...
- É que não foi você que ficou a manhã toda com ela!
- Não foi por falta de tentativa...
- Você não parava de roubar os ingredientes como complementos pra suas bebidas.
- Bebidas não se fazem só com mágica meu bem.
- Logo eu vou te mostrar uma mágica que eu aprendi desde pequena com a minha mãe. Ela faz as coisas desaparecerem.
- Prefiro desaparecer com a minha mágica.
- Pois eu quero que você nunca desapareça de perto de mim. - Ela me abraça antes de passarmos pela escada.
- Eu não vou, fica tranquila.
- Que bom.
- Afinal preciso ver muita coisa rolar ainda.
- Ah é? Tipo quais?
- Uma delas envolve você ir a um altar usando um vestido branco e eu te esperando de terno.
- Seu bobo!
- Já não é óbvio que você é a mulher da minha vida?
- Claro que é, nós dois aos olhos de todo mundo somos tão óbvios...
- Achei que já tinha esquecido disso.
- Logo eu ter esquecido disso? Jamais! Ouvi muito essa frase e suas variações.
- Nem me fale.
- Poderia me levar no colo só pra ser romântico?
- Acho hoje vou considerar meu bem.
Ela encosta sua cabeça em meu ombro e se segura em meu pescoço só por garantia.
- "Meu bem", gostei desse.
- Vou te chamar assim para todo o sempre.
- Acho que no momento você deveria se concentrar na escada.
- É difícil se concentrar na escada com você no meu colo.
- Desculpe se sou linda demais amor.
- A mais linda de todas.
- Que convencido.
- Nunquinha.
- Ah não?
- Chegamos ao seu destino madame, espero que tenha curtido a sua viagem.
- Claro que curti, mas só porque foi com você.
- Fico lisonjeado.
- Minha meta de relacionamento é como a de vocês. - Johanna nos observava.
- Quem sabe um dia você vai conseguir o seu John.
- talvez exista um maluco igual ela por ai.
- Preferi não dizer isso em voz alta.
6:00 da Tarde.
A neve continuava a cair, deixava o dia com um clima mais natalino ainda.
- O que você tanto olha nessa janela meu amor?
- A neve cair.
- Vou ficar preocupada se você começar a se inspirar nessa neve.
- Relaxa... quero aproveitar meu fim de ano com você.
- E ainda tem a coragem de me dizer que não é romântico....
Apenas rio.
10:00 da Noite.
Todos estavam próximos um do outro, ai minha mãe puxa a atenção de todos com um sininho.
- Deve ser a hora dos presentes. - Sorrio.
A hora dos presentes era um jeito fofo de chamar o amigo secreto.
- Ui...
Dava um baita nervosismo ver todos também nervosos.
Já te contando um spoiler, esses eram os sorteados:
John pegou Mia (Eliza trapaceou no sorteio)
Mark pegou Robert
Eliza pegou John
Mia pegou Johanna
Robert pegou Howard
Aurora pegou Rey
Endrich pegou Eliza
Johanna pegou Endrich
Howard pegou Aurora
Rey pegou Mark
Eu tive a honra de ser o primeiro. Na hora em que vi os olhos da minha mãe brilhar, imaginei que ela sabia quem era (mas não suspeitei da trapaça)
- Meu amigo ou amiga secreto é uma pessoa que apesar de mesmo ter passado tantos anos, meu sentimento nunca mudou.
- Oh eu sei! Eu sei! Sou eu né?!
Ela foi rápida.
- É, É você. Espero que goste.
A entrego uma caixa não muito grande.
Com cuidado Mia a abre, espiando por dentro da caixa.
- Você não tem vergonha não é?! Sua mãe sabe que você compra esses tipos de coisas?!
- A graça seria se você mostrasse pra todo mundo.
- Essa imagem vai ficar só na sua cabeça mesmo.
Acho que depois do fim do jogo, ela me bateria.
- Voltando ao jogo, meu amigo ou amiga secreto é uma pessoa que mal conheço e nunca vi na vida até o dia de hoje. - Mia disfarçava o olhar.
Silêncio.
- Acho que eu sei. Sou eu. - O vovô Howard parecia confiante.
- Não.
- Pode ser euzinha? - Tia Johanna forçava um sorriso esticando os lábios.
- É você sim, espero que curta.
- Você sabe como atiçar minha curiosidade.
Tia Johanna ganhou um vaso de flores falsas.
Vovô Endrich ganhou uma garrafa de bebida, o que certamente ia acabar em briga.
Eliza ganhou mais materiais de crochê, o que já a animou.
Eu ganhei um tablet de desenho, Mia começou a se preocupar um pouco mais.
Como eu já havia jogado, o próximo acabou sendo meu pai.
- Meu amigo ou amiga secreto é alguém com quem tivemos alguns problemas, mas agora não deixam apenas de ser passado.
- Que gentil da sua parte me citar dessa forma amigo. - Robert vai se levantando.
- O passado se deixa pra trás certo?
- Claro.
- Tenho certeza que vai gostar desse.
- Espero que sim.
Robert ganhou um livro sobre jardinagem.
- As plantas não se cuidam sozinhas amigo.
- É. Tem razão.
Ele pareceu animado com o presente.
Howard ganhou uma gravata nova, era vermelha com listras em relevo.
Aurora ganhou também uma bebida, meu avô parecia bem contente.
Rey ganhou um avental, que a animou bastante.
E por último, Mark ganhou um quadro antigo dele.
No fim, todos rimos e alguns até já aproveitaram os presentes. (Não me incluo nessa)
11:00 da Noite.
- Seu pai achou tudo bem você dormir aqui?
- Claro, ou você achou mesmo que eu não ia testar meu presente hoje?
- C-Como assim?!
- Você me dá de presente de natal uma langerie e não quer que eu a teste? Que bobinho...
- Ei amor a gente devia ir com calma...
- Shhhhh.... relaxa amor, eu tô com tudo sob controle! Aliás qual seu fetiche em me ver usando uma langerie?
- Nenhum! Eu só... achei que seria engraçado te ver usar isso.
- Pode falar, tô perfeita nesse troço não é?
Talvez eu tenha acertado demais nas proporções e na cor... sabia que eu devia ter pego a cor verde, era mais difícil de encarar do que a vermelha.
- E ai? Tô esperando sua resposta.
Já vi que fingir um desligue não vai funcionar.
- Você não tá só linda ou perfeita, você tá irrestível nisso.
- Agora eu gostei, elogia mais que eu gosto.
- Quer mais? Que exigente.
- Você já foi melhor elogiando sabia?
- Sei muito bem, e não sei se alguma vez eu te chamei de gostosa, ou chamei?
- Uau... você me deixou até sem jeito.
- É que... eu acertei demais no presente.
- Bobão. Vamos ao que interessa logo, você enrola demais nas coisas.
Do espelho ela pula ao meu colo, tirando seu saltos altos.
- Espero que sua opinião sobre mim não mude depois dessa noite.
- Teria um motivo pra mudar?
- Caralho você é fofo demais! Bebe isso logo!
- Não precisava ser ousada assim amor.
- Você adora me ver ousada, consigo ver esses seus olhinhos brilhando ao me ver desse jeito.
- Não vou negar que a visão é linda.
- Pois ela só vai melhorar.
- Que confiante... vamos ver se consegue manter toda essa confiança até o climax.
- Isso é um desafio?!
- Claro.
- Que grande erro o seu me desafiar. - Ela se aproxima mais do meu rosto.
- Eu diria mais para... o erro ser seu de me desafiar.
A puxo com seu queixo até mim, a beijando com mais força do que o normal enquanto que com a outra mão eu retirava sua langerie.
- Quase me esqueci amor. - Mia dizia ofegante.
- O que foi?
- Feliz natal. - Ela sorri perversamente.