Todos começaram a se afastar, deixando a tensão no ar ainda mais palpável. Atlas, Josh, Mark e Tigrinha desapareceram entre as árvores, cada um com seu próprio olhar uns de diversão, outros de preocupação.
- Boa sorte, Galadriel. - Tigrinha disse, ao sair, virou a cabeça para mim com uma expressão resignada. Não houve ironia em sua voz, apenas um reconhecimento amargo de que eu precisaria de mais do que coragem para enfrentar o que viria.
Peter ainda estava no mesmo lugar, pressionando o ferimento em seu braço, o sangue manchando sua camisa, mas ele parecia não se importar. Seus olhos estavam fixos no corte, o semblante duro, como se estivesse calculando algo. O silêncio entre nós era sufocante, mas eu sabia que não podia deixar isso assim.
Respirei fundo e me aproximei, as mãos trêmulas, mas a determinação me impulsionando.
- Peter, - chamei, tentando soar firme, mas minha voz saiu hesitante. - Eu... eu só estava tentando...
Antes que pudesse terminar a frase, ele se levantou de uma vez, avançando em minha direção com uma rapidez que me fez dar um passo para trás. Seus dedos se fecharam ao redor do meu pescoço com uma força bruta, me puxando para mais perto. A raiva em seus olhos era feroz, algo quase animalesco.
- O que caralho você estava pensando? - Ele rosnou, a voz baixa e ameaçadora, apertando ainda mais minha garganta. - Enfrentar Atlas? Você tem ideia do que acabou de fazer?
Eu lutei para respirar, meus olhos arregalados, mas mesmo assim, algo em mim se recusava a ceder. Mesmo com a pressão esmagadora em minha garganta, encontrei forças para responder, embora a voz saísse ofegante.
- Eu não... eu não vou deixar vocês me controlarem. Não tenho medo de você, Peter, e nem dele. - A provocação, mesmo que dita com dificuldade, fez os olhos dele brilharem ainda mais de raiva. Ele apertou o meu pescoço com mais força, a respiração dele saindo pesada e descontrolada.
- Você é mais estúpida do que eu pensei, - ele murmurou entre dentes, claramente no limite.
Mas eu não podia parar. Algo em mim insistia em desafiá-lo, mesmo que a lógica gritasse o contrário.
- Você acha que pode me quebrar, mas não pode, - eu continuei, minha visão ficando turva, mas a coragem teimosa me mantinha falando. - Eu sou mais forte do que você imagina.
Peter bufou com força, seus olhos queimando de fúria. Então, com um movimento brusco, ele me empurrou contra uma árvore próxima, com tanta força que o impacto me deixou sem ar por um instante. A dor se espalhou pelas minhas costas, mas eu me mantive de pé, mesmo que mal conseguisse respirar.
- Você não faz ideia do que está fazendo, - ele disse, a voz um misto de raiva e frustração. - E eu vou te ensinar o que realmente significa sobreviver aqui.
Eu sabia que tinha passado dos limites, mas o medo não me dominava mais. A adrenalina corria nas minhas veias, e mesmo sabendo que estava à beira de uma punição severa, eu não me arrependeria. Se Peter queria me dobrar, ele precisaria se esforçar muito mais.
Peter se aproximou novamente, seus olhos brilhando com algo mais sombrio do que apenas raiva. Ele ficou em silêncio por um momento, me encarando, a sombra dele se agitando de forma sinistra ao redor.
- Corra. - Ele falou com uma frieza cortante, eu sabia que a tempestade ainda estava por vir.
Eu franzi o cenho, confusa, tentando entender o que ele estava planejando.
- Eu disse… corra, - ele repetiu, a voz fria e baixa. - Porque quem vai te caçar não sou eu... vai ser minha sombra. - Ele deu um passo para trás, a escuridão ao redor dele se tornando mais densa, como se estivesse se preparando para se desprender de sua forma. - Reze, Galadriel. Reze muito. Porque se ela te pegar, não vai ser nem um pouco gentil.
Meu coração disparou no peito. Eu sabia o que ele queria dizer. A sombra dele... era cruel, descontrolada, um reflexo puro da escuridão dentro de Peter. O tipo de punição que ele me reservava não era uma briga direta com ele. Ele estava liberando algo muito pior. Eu não podia hesitar.
Com um impulso repentino, virei-me e corri. Minhas pernas se moveram por pura adrenalina enquanto eu disparava em direção à floresta, o som do vento e o pulsar do meu coração preenchendo meus ouvidos.
- Merda, merda, merda, - murmurei repetidamente, o pânico crescendo a cada passo. As árvores altas pareciam se fechar ao meu redor, e eu sabia que precisava ir o mais longe possível.
Ofegante, meu corpo inteiro tremia de exaustão, mas o medo era maior. A escuridão atrás de mim se movia, algo inumano e predatório. A sombra de Peter não era apenas uma extensão dele. Era um ser com uma vontade própria, mais selvagem e voraz do que o próprio Peter.
E eu sabia... ele não tocaria em mim diretamente, pelo menos não naquela vez. Ele estava testando os limites, pra só então me tocar novamente, acho, ele queria que eu sentisse o terror que ele sentiu enquanto lutava com Atlas. Ele queria me quebrar psicologicamente, antes de qualquer coisa física.
Mas eu não ia parar de correr. Mesmo sabendo que a sombra estava próxima, e que minha sorte estava por um fio, eu me recusava a ser presa fácil.
Corri o mais rápido que minhas pernas permitiam, o som dos meus passos ecoando na terra úmida da floresta. Cada respiração que eu tomava era curta, rasgada, enquanto o pânico martelava na minha cabeça. O vento era denso entre as árvores, mas então, de repente, senti algo diferente. Uma brisa gelada, pesada, como se o ar ao meu redor tivesse mudado de direção. Era como um sussurro vindo da escuridão, um aviso.
A sombra tinha sido liberada.
Meu coração saltou no peito. Eu sabia que ela estava vindo, se movendo com uma velocidade que eu não conseguia sequer imaginar. Não era o tipo de sombra que se esconde sob os raios de luz era viva, faminta, e eu era o alvo. Senti a temperatura cair ainda mais, e a brisa se intensificou, chicoteando as folhas e fazendo o som da floresta morrer ao meu redor.
- Puta que pariu - sussurrei novamente, tentando acelerar, mas o medo estava começando a me dominar. Não importava o quanto eu corresse, sabia que a sombra era mais rápida. Eu precisava encontrar um abrigo, qualquer lugar para me esconder, mas o desespero estava me cegando. As árvores ao redor se misturavam em borrões, e o som do vento uivava em meus ouvidos, um aviso constante de que ela estava cada vez mais próxima.
Olhei rapidamente por sobre o ombro e, entre as sombras da floresta, vi o movimento dela: densa e pulsante, como uma entidade viva, se moldando entre os troncos e ramos, avançando com uma intenção clara. Ela vinha na minha direção, e eu podia sentir sua malícia, como se Peter estivesse lá, controlando cada passo dela. Mas essa sombra era diferente. Era mais cruel, mais violenta. Ele havia dito que ela não seria gentil, e eu acreditava.
Meu corpo gritava de cansaço, mas eu não podia parar. Não agora. Meus pés tropeçaram nas raízes expostas, e, antes que eu pudesse reagir, senti o chão desaparecer sob mim.
Caí bruscamente em um buraco, o impacto fazendo meu corpo inteiro estremecer de dor. A queda cortou minha respiração, mas antes que pudesse sequer gemer, uma mão forte tampou minha boca.
Meu primeiro instinto foi lutar. Com um movimento desesperado, tentei chutar a pessoa, meu corpo ainda em pânico por causa da sombra que me perseguia. Porém, antes que eu pudesse acertar, outra mão segurou minha perna com firmeza, impedindo meu movimento. Meu coração quase saiu pela boca, mas então, vi o rosto da pessoa.
Henry.
Eu pisquei, a realidade demorando um segundo para se encaixar. Lá estava ele, o meu irmão, de olhos arregalados e com uma expressão de urgência. O medo ainda estava claro em seu rosto, mas havia também determinação. Sem pensar duas vezes, me joguei nos braços dele, o abraçando com força, como se ele fosse a única âncora em meio ao caos. Meus braços se apertaram ao redor dele, e senti o calor do corpo dele contra o meu, uma sensação tão familiar que quase me fez desmoronar.
- Shhh, - Henry sussurrou, os lábios próximos ao meu ouvido. - Não faça barulho.
Meu corpo inteiro estava tremendo, mas eu tentei acatar as palavras dele. Tentei controlar minha respiração, ainda acelerada e errática, enquanto me segurava ao fato de que Henry estava ali. Ele estava vivo. Eu não sabia como, nem por que ele estava naquele buraco, mas nada disso importava agora.
Um vento violento passou por cima do buraco, tão forte que fez as folhas secas se agitarem e pequenos fragmentos de terra caírem sobre nós. O ar estava gelado, carregado com a mesma sensação de perigo que eu sentira antes. A sombra de Peter estava próxima, e o peso da escuridão parecia se arrastar por cima de nós, como se estivesse farejando o medo no ar.
Henry me apertou mais contra ele, e eu fiquei imóvel, tentando não fazer nenhum movimento brusco. Meus músculos estavam tensos, e o som do vento uivando me deixava mais alerta, como se a sombra pudesse nos encontrar a qualquer segundo.
Depois de alguns momentos, o vento começou a enfraquecer, e a atmosfera pesada que envolvia o buraco finalmente começou a dissipar. Eu soltei o ar que nem sabia estar prendendo e me afastei de Henry o suficiente para olhar em seus olhos.
- Como você saiu da gaiola? - perguntei, minha voz saindo como um sussurro baixo, com o coração ainda acelerado. Henry sorriu de lado, apesar da situação.
- Chutei Noah entre as pernas... com toda a força que eu tinha. - Ele encolheu os ombros, como se fosse óbvio. - Enquanto ele estava caído no chão gemendo, eu corri. Vim me esconder aqui faz alguns dias.
Eu arregalei os olhos, tentando processar tudo.
- E Peter? Ele não foi atrás de você? - Perguntei, e Henry apenas balançou a cabeça.
- Se Peter soubesse, ele teria vindo me procurar pessoalmente, ou mandado a sombra dele atrás de mim também. Acho que Noah ainda não teve coragem de contar. - Eu suspirei, esfregando a testa enquanto a adrenalina ainda pulsava em minhas veias.
- Então Noah está com medo de Peter descobrir... - E fazia total sentido, Peter odiava erros, e Henry já tinha sido uma dor de cabeça para ele.
- Com certeza. Peter não perdoaria algo assim. Se Noah contar, é o fim pra ele. Então, ele deve estar tentando esconder o quanto pode. - A ideia de Noah temendo Peter me deu uma sensação estranha.
Eu sabia como Peter era implacável, mas isso me fez perceber que até aqueles mais próximos dele não estavam seguros de sua ira. Noah estava jogando um jogo perigoso, e Henry tinha aproveitado a oportunidade para escapar.
Olhei para o meu irmão, ainda incrédula por ele estar aqui, seguro, mesmo que apenas por enquanto.
- E agora? - perguntei, a voz falhando um pouco. - O que a gente faz?
Henry me olhou com a mesma intensidade que sempre teve, e, por um segundo, eu vi nele o garoto que eu conhecia antes de Neverland. Mas ele não respondeu. Ele estava pensando, assim como eu, sobre o que viria a seguir.
Henry me olhou com uma expressão carregada de preocupação.
- Eu queria te tirar daqui, Galadriel. Levar você pra casa, de volta ao lugar onde pertencemos. Mas... só temos um feijão mágico. - Ele deu uma pausa, franzindo a testa. - E Sininho desapareceu.
Eu fechei os olhos por um momento, sentindo um aperto no peito ao lembrar da última vez que vi a pequena fada. A verdade era amarga e difícil de engolir.
- Peter... ele matou ela, - sussurrei, com a voz fraca, mas firme. Quando abri os olhos novamente, vi a decepção e a tristeza que cruzaram o rosto de Henry. Ele balançou a cabeça, como se estivesse processando a notícia.
- Merda, Galadriel. - Ele fechou os olhos por um instante, respirando fundo. - Você vai ter que ficar. Pelo menos por enquanto. Vou usar o feijão e voltar com Killian, a nossa mãe... e os outros. A gente vai te tirar daqui, eu prometo.
Eu assenti, sabendo que não havia outra opção. Ficar em Neverland significava continuar naquele jogo mortal com Peter, mas eu confiava em Henry. Se ele dizia que voltaria, eu sabia que ele faria o impossível para cumprir a promessa.
- Me promete que vai voltar, - pedi, a voz falhando um pouco.
Henry ergueu uma sobrancelha, esboçando um sorriso suave.
- Quando foi que eu te deixei pra trás alguma vez? - Ele me puxou para um último abraço, apertado e cheio de promessas silenciosas. Eu segurei o choro, sabendo que, por mais difícil que fosse, eu precisava deixar ele ir. Esse era o único jeito.
Quando ele finalmente se afastou, seu olhar fixou-se no feijão mágico em sua mão. Com um aceno rápido, ele lançou o feijão ao chão, e um vórtice brilhou na minha frente. Em questão de segundos, Henry desapareceu no meio da magia, sumindo diante dos meus olhos. O silêncio tomou conta do buraco, e eu fiquei ali por um momento, encarando o vazio onde ele estava.
Suspirei, olhando para cima, sentindo o peso da responsabilidade e da luta que ainda estavam por vir. Mas eu precisava ser forte. Precisava sobreviver até que Henry voltasse com ajuda.
Com um último olhar para o lugar onde ele desapareceu, comecei a subir novamente, puxando-me pelas bordas do buraco, de volta à floresta de Neverland, sabendo que o pior ainda estava por vir.
Quando finalmente consegui escalar e sair da toca, a floresta de Neverland parecia mais densa e ameaçadora do que nunca. Mas, antes que eu pudesse sequer dar um passo à frente, algo implacável e invisível me derrubou. A sensação de ser arrastada e torturada pelo chão me fez gritar em agonia. Era a sombra de Peter, uma massa negra e viva que se movia com uma força predatória.
Senti as garras da sombra rasgando minha pele, me arranhando profundamente, e seus dedos frios puxando meu cabelo, cada movimento uma nova onda de dor. Desesperada, tentei socar a sombra, mas era como bater em uma parede sólida de escuridão. Por um breve instante, ela se afastou, me permitindo levantar. Mas a sensação de alívio foi efêmera.
A sombra voltou com uma fúria renovada, me empurrando com uma força brutal que me fez bater a cabeça contra o tronco de uma árvore. O impacto foi tão forte que uma explosão de dor e escuridão tomou conta de mim. Meu corpo fraquejou, e, com um último grito silencioso, as forças se esvairam e a escuridão se aprofundou ao meu redor.
Desmaiei ali, caindo inerte contra a árvore, enquanto a sombra continuava a vagar pela floresta, insaciável e ainda ameaçadora.
Quando finalmente acordei, uma dor latejante percorreu cada parte do meu corpo. Tigrinha estava ao meu lado, com um olhar preocupado enquanto aplicava alguma pomada nas minhas feridas, e Noah estava ao seu lado, colocando ervas em cima dos machucados. O cheiro das ervas era forte e um pouco ácido, misturando-se com a sensação de dor e desconforto que eu sentia.
- Não faça esforços, - Tigrinha disse com uma voz suave, mas firme, ao notar que eu estava tentando me mover. Eu gemi, a dor em meu corpo era quase insuportável.
Noah, que estava trabalhando com as ervas, olhou para mim com uma expressão misturada de desdém e preocupação.
- Se você não aprendeu a lição agora, então você está completamente louca, - ele disse, aplicando as ervas com um cuidado quase clínico. - Peter praticamente estraçalhou você com aquela sombra. Se você não ficar de repouso, vai acabar se matando.
Eu tentei me mover um pouco, mas a dor era esmagadora.
- Eu estava cansada de obedecer a todos vocês, - respondi, minha voz fraca e rouca. - Queria fazer algo por mim mesma, enfrentar o que eu achava que fosse uma forma de controle.
- Por que você teve que enfrentar Atlas? Não foi apenas perigoso, foi um ato de suicídio. - Tigrinha suspirou, sua expressão misturando preocupação com uma pitada de frustração, olhei para ela, tentando manter a clareza em meio à dor.
- Eu precisava de uma maneira de mostrar que não ia simplesmente me submeter a tudo o que me era imposto. Estava cansada de ser controlada. - Noah revirou os olhos, balançando a cabeça como se tivesse ouvido isso muitas vezes antes.
- E agora, olha onde isso te trouxe. Ferida e sem forças. A única escolha que você tem agora é ficar de repouso. Se continuar tentando lutar contra tudo, vai acabar piorando sua situação.
Eu sabia que ele estava certo. Olhei para os dois, sentindo uma mistura de raiva e gratidão. Eles estavam ali, me ajudando mesmo depois de tudo. Respirei fundo, tentando me acalmar, e fechei os olhos, me permitindo relaxar, mesmo que fosse difícil aceitar a derrota.
Quando Peter entrou no quarto, a atmosfera se tornou imediatamente carregada de uma tensão opressiva.
- Peter, por favor... - Tigrinha suspirou e tentou barrar seu caminho, sua voz tremendo de ansiedade.
Peter a olhou com um olhar gélido, implacável, que fez com que Tigrinha imediatamente se calasse, seu rosto pálido de medo.
- Saiam - ele ordenou, sua voz cortante como uma lâmina afiada.
Noah, com um olhar de pesar, apertou minha mão uma última vez antes de sair do quarto com Tigrinha. A porta se fechou atrás deles com um estalo seco, e o silêncio que se seguiu parecia vibrar com uma tensão opressiva.
Peter se aproximou da cama com passos deliberados, sua presença dominadora e ameaçadora. Ele começou a acariciar meu rosto com uma das mãos, o toque frio e impiedoso.
- Então, Capitã... - ele murmurou, a voz carregada de um tom sombrio e predatório, - você finalmente aprendeu a lição?
Eu sentia uma onda de ódio e resistência queimando dentro de mim, mas minha voz saiu trêmula e desafiadora.
- Nunca vou me submeter a você. - O sorriso de Peter se alargou, uma mistura cruel de ironia e satisfação. Ele deslizou a outra mão pela minha coxa com um toque leve e malicioso, sua expressão cheia de um prazer sombrio.
- Ah, realmente? - ele disse, o sarcasmo impregnando cada palavra. - Sua teimosia é quase encantadora, mas também extremamente imprudente. Você ainda não compreendeu com quem está lidando.
A pressão da mão de Peter aumentou, o toque se tornando uma tortura sutil e calculada. Seu olhar era uma mistura de crueldade e poder, como se ele estivesse saboreando cada segundo da minha agonia.
Ele se inclinou para mais perto, seu rosto apenas a alguns centímetros do meu.
- Se você continuar me desafiando, a próxima lição será muito mais dolorosa, - ele sussurrou, sua voz carregada de uma ameaça velada. - E, acredite, eu sei exatamente como fazer você sofrer, e gritar.
Quando Peter se afastou, uma fúria cega tomou conta de mim.
- Vai se ferrar, Peter! - Com uma voz cheia de desgosto, eu o desafiei.
Peter soltou uma risada alta, cheia de um prazer cruel e debochado. Seus olhos brilharam com um brilho perverso enquanto ele me observava com um sorriso irônico.
- Ah, realmente? Isso é tudo que você tem? Que coragem... ou seria teimosia? - Ele começou a se aproximar novamente, sua presença dominadora e ameaçadora aumentando a cada passo.
A tensão no ar se tornou quase palpável. Eu tentei me erguer, mas a dor e o cansaço me enfraqueciam, fazendo com que eu parecesse ainda mais vulnerável.
Peter sabia exatamente como deixar alguém como eu em desespero. Ele entendia as fraquezas e os medos, e estava mais do que disposto a explorá-los.
Ele se inclinou sobre mim, sua proximidade criando uma sensação de claustrofobia, e sua mão desceu lentamente pela minha coxa. Seu toque era calculado e insidioso, projetando um medo sutil que era quase mais doloroso do que qualquer ferida física.
Eu tentei me afastar, mas a força de vontade não parecia suficiente contra o poder que ele exercia. A cada movimento, Peter me fazia sentir que estava completamente à mercê dele. Sua presença estava sobre mim, esmagadora e constante.
- Você realmente acha que pode me desafiar assim? - Peter sussurrou, sua voz um fio de veneno e crueldade. - Eu posso tocar em você a qualquer momento, Galadriel, e fazer você se sentir mais desesperada do que jamais imaginou.
A sensação de sua mão tocando minha pele era uma mistura de prazer perverso e terror absoluto. Ele sabia exatamente como me deixar em um estado de vulnerabilidade, e eu sabia que, enquanto ele estivesse perto, eu nunca estaria segura. Cada toque seu, cada palavra sussurrada, era uma tortura psicológica que me fazia sentir uma impotência esmagadora.
A briga se transformou em um jogo de dominação e medo, com Peter orquestrando cada movimento para garantir que eu estivesse constantemente em um estado de desespero e vulnerabilidade. Eu podia sentir a tensão e o terror crescendo dentro de mim, a sensação de que eu estava completamente indefesa contra a crueldade dele.
Com um último olhar de desdém e uma pressão final na minha coxa, Peter se afastou, deixando um rastro de tensão e medo no ar. A porta se fechou atrás dele com um estalo final, e eu fiquei sozinha, mergulhada na dor e no terror, sentindo que a escuridão que ele representava era algo contra o qual eu nunca poderia realmente lutar.