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(Renan)
— Espero que esteja pronto Romeu —. Violeta disse-me, ela estava ao meu lado, seríamos o casal de protagonistas. Quase nunca nos falávamos, durante os ensaios tivemos nosso primeiros contatos.
— Mais pronto impossível Mon chéri — Digo um pouco nervoso, respiro fundo — Você está linda aliás, bem linda —.
— E você nervoso, pelo o que eu percebi —.
— Talvez, um pouco —. Na verdade eu estava bem nervoso.
— Olha, eu não muito fã de homem, não é minha praia, mas se você não pisar no meu pé, podemos ser amigos —.
— É uma oferta bem tentadora —. Ri.
— Violeta é sua deixa Mon chéri —. O diretor da peça disse. Violeta respirou fundo e entrou no palco.
— Vou adorar ver você no chão, girafa —. Cassiano diz ao meu ouvido. Olho para trás e aquele minúsculo ser ardiloso e horroroso falava comigo.
— No dia que você chegar aos meus pés, lhe dou minha atenção, então agora fique satisfeito com meu desprezo, figurante —. Ele bufou, se esperneou, e foi descontar tudo no seu capacho. Xingando-o dos piores nomes possíveis.
Eu estava tão sozinho, ao esperar meu momento de brilhar, não sei muito bem como nasce uma estrela, mas espero que o brilho dure bastante e seja suficiente para chegar a todos.
Quando meu momento chegou, respirei fundo e pensei em algo qualquer, algo que fosse belo e pudesse prender minha atenção. Pensei em rosas, rosas sendo jogadas do palco em minha direção.
Meu corpo moveu-se independentemente de minha razão, com muito cuidado dancei como era necessário. Sendo cauteloso em cada passo, em cada salto, em cada giro.
"— Estou indo bem —". Pensei e enfim fiquei aliviado. Pude dançar em paz, sem toda preocupação de errar, sem o medo de todos os olhares em minha direção.
Ao sair de cena, meus olhos se encontram com os do estúpido bombeiro, ele me olhava bem concentrado. Ao que parece até um troglodita como ele aprecia uma boa peça de Ballet.
"— Talvez isso sirva para se tornar civilizado —". Pensei e fui me hidratar.
(Heitor)
— Esse bailarino é bom —. Diz Adamastor baixinho para minha avó, ela concorda balançando a cabeça.
Agora eu entendi porque ele ficou tão irritado por ontem, ele era dedicado ao extremo em sua carreira, não um amador, não um qualquer, mas alguém que tenta a todo custo ser o melhor. Mas por quê?
Quando ele entrou, meus olhos não conseguiram desviar nem um segundo sequer de seu corpo. Seu cabelo castanho e longo estava penteadonpara trás, ele vestia um collant apertado, que mostrava muito bem os contornos de seu corpo.
— Seu neto parece estar gostando da apresentação —. Adamastor, esse velho encherido, cochichou. Minha vó apenas riu, acho que ela estava dando atenção demais àquele velhote. Mas aquilo no momento era insignificante.
Agora os olhos do bailarino me transmitiam outros sentimentos, qualquer sentimento, menos raiva. Sinto a frieza de seu olhar, como se a plateia fosse algo inexistente.
(Renan)
Por que aqueles olhos eram assim? Tão calmos e cheios de paz, como se me convidassem para chegar mais perto. Durante toda a apresentação, ele não tirou os olhos de mim, eu senti isso, mesmo quando meus olhos não viam.
Conforme a trama se desenvolvia, e rapidamente nosso olhares se encontravam, minha mente enchia-se de curiosidade.
"— Ele é tão bonito —".
Ao cair no chão, eu pude respirar aliviado, fingindo-me de morto, olhei para o belo teto daquele teatro, a sinfonia ainda soava ao fundo, se antes mais romântica e alegre, agora fúnebre.
— Eu consegui —. Sussurrei e dei um leve sorriso, eu havia acabado minha parte na peça, naturalmente com a morte de Romeu.
Meu primeiro protagonista e nem um erro sequer havia ocorrido, a plateia em total silêncio prestava atenção a mim. Violeta foi um espetáculo, de todas as bailarinas de nossa companhia, ela era a melhor.
Quando ouvi a salva de palmas chorei de felicidade, quando vi todos de pé, lembrei que eu ainda estava ali. Me levantei, dei passos firmes em direção ao limite do palco. Vi toda a plateia de pé. Fiz minha saudação, fui ovacionado.
As luzes fortes, envolveram as rosas lançadas em nossa direção, Violeta veio para perto de mim, segurou minha mão e a levantou.
— E não é que não pisou no meu pé —.
— Acho que somos amigos agora —.
Olhei quase que intencionalmente para o bombeiro e ele me olhava fixamente, não esboçou uma reação sequer. Desviei rapidamente o olhar.
— Mas que lindos, que espetaculares — O prefeito apareceu no palco com um microfone — Renan e Violeta, meus parabéns, todos os outros meus parabéns. É realmente uma noite muito especial, relembro-me...
Ele fez aquele seu discurso de sempre, sobre como a cultura e o patrimônio histórico é importante. É chato, porém certo muito certo.
Minha mãe olhava para mim, depois de muito tempo a encontrei, ao lado de meu pai. Ao me ver ele acenou, ela apenas acenou com a cabeça, mas um pouco séria.
— E é com mais alegria ainda, que o Sr Adamastor Klaus, oferece um jantar em seu restaurante a todo os bailarinos, além de seus convidados de honra —.
(Heitor)
— Minha dama, gostaria de juntar-se a nós, seria uma ofensa recusar-se —. Falou com minha vó. Ela ficou um pouco surpresa com o convite, olhou para mim um pouco em dúvida, como se me perguntasse o que responder.
— E você rapaz, esteja convidado, não aceito não como resposta —.
— Você quer ir vó? —.
— Ele insiste querido, minha mãe disse que é falta de educação recusar um convite —.
— Mulher sábia —. O velhote falou.
— Tudo bem então, vamos —. Digo, fazia tempo que eu não via minha vó se divertir tanto em uma noite. Ela riu é se emocionou no momento da apresentação.
Olhei uma última vez para o bailarino no palco, ele estaria lá, com certeza estaria lá. De alguma maneira, minha mente ocupava-se em saber se estaria ou não lá.
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.
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