抖阴社区

44

24.7K 1.7K 330
                                        

Barão

Me arrumei, eu e o meu menor, e depois nós partiu pra ir buscar a Isabela. A moça tava toda arrumada esperando, e eu fiquei com mó vergonha de falar pra ela que nós ia ter que ficar pelo morro mesmo.

Barão: Isabela - chamei ela, que me olhou, enquanto colocava o cinto - Foi mal, aí. Mas eu não vou conseguir te levar em um lugar muito maneiro. Vai ter que ser aqui pelo morro, eu não tô podendo dar pinta fora da quebrada.

Isabela: Ah, não esquenta... por mim tá tranquilo. Só não sei onde podemos ir, não tenho muito o hábito de sair na rua aqui.

Barão: Por que? - perguntei, dando partida no carro.

Ela franziu o cenho e me olhou, bem sugestiva.

Isabela: Porque todo mundo me olha estranho, e porque antes de eu quase morrer pela primeira vez, você colocava no mínimo duas pessoas na minha cola pra espionar tudo o que eu fazia.

Eu senti a alfinetada e fiquei quieto na minha, dirigindo pra um lugar maneiro que eu curtia pra caralho. O Davi ficou cantando a música que tocava no rádio, até a gente chegar no restaurante, mas dava pra ver que ele já tava caindo de sono, e eu quase dei meia volta e pra largar ele na casa da Júlia e ir pra um canto sozinho com a Isabela.

Estacionei a nave no cantinho, e nós saiu do carro praticamente juntos. Tive que pegar o gordinho no colo, de tanto sono que o moleque tava.

Foi só pisar na rua que geral já tava olhando, cumprimentando e fofocando também. Vi que a Isabela tava toda sem gracinha no canto dela, então nem cheguei muito perto, pra não render mais motivo pro povo falar.

Entramos no restaurante e escolhemos uma mesa, tava bem cheio e assim que a gente pisou dentro, uma galera virou o pescoço pra olhar. Só levantei a mão em forma de cumprimento e fui sentar na mesa com os dois.

Barão: Não fica com vergonha - falei pra ela, enquanto acomodava melhor o Davi no meu colo - Tu tá em casa, tá suave.

Isabela: Você tá em casa. Eu não - rebateu, falando baixo - Todo mundo olha pra você, fala com você... isso é estranho.

Barão: Rei deles - brinquei e ela soltou uma risada debochadinha - Nem mandei o papo pro menor, mas tava querendo saber como foi o primeiro dia do PT. Ele falou alguma coisa?

O sorriso sumiu do rosto dela e eu percebi que tinha b.o. Já fiquei nervosão.

Isabela: Ele chegou em casa bem bravo, fiquei preocupada.

Barão: Na moral? - ela concordou.

Isabela: Demorou um tempo de conversa até eu entender o que tinha acontecido. Ele me contou que estava tentando ler, parece que leu errado e uns meninos riram. Fiquei chateada, sabe?

O Davi levantou a cabeça do meu ombros, e saiu do meu colo pra pedir colo pra Isa, que colocou um sorrisinho no rosto só pra ele.

Meu menor se ajeitou no colo dela, e fechou os olhos, quase cochilando.

Barão: Tu acha que nós tem que se meter? - perguntei, sem sabe o que fazer - Ninguém nunca foi maluco de fazer qualquer bagulho com os meus filhos, porque tavam ligados que eles eram meus. Mas o PT...

Isabela: Você acabou de falar dele como se fosse o seu filho também - falou, me fazendo parar pra pensar nesse bagulho pela primeira vez.

Eu dei de ombros.

Barão: Não é nem como se fosse meu filho, mas tá na minha responsa, né?!

Isabela: Não acho que precisemos fazer algo agora. Porque, se a gente fizer, ele pode se sentir pior - eu concordei - Quando você não tem ninguém por você e isso muda, é um pouco complicado de aceitar.

Barão: É... eu sei.

Isabela: Então, a gente apoia, incentiva e é isso.

Concordei, e fiquei quieto, porque vi o garçom se aproximando. Fizemos o nosso pedido e ficamos conversando por um tempo, no maior clima gostosinho. Ela me contou que a Júlia tinha convidado pra ir na igreja amanhã, e que iria. Eu não falei nada que ela também tinha me convidado, até porque, eu não sabia se eu ia no bagulho não.

O Davizinho foi acordar só pra comer uma ou duas batatas fritas e depois voltou a dormir. Tentei pegar o menor no colo, mas ele nem me quis, falou que queria o colo da "Pêta". Mó tiração.

Nós comeu de boa, e eu pedi a conta começando a sentir tristeza indo embora do meu corpo pra dar lugar pra alegria que ia ser transar de novo. Tava numa seca fodida, na moral.

Dez minutos até a casa da Júlia, e uns vinte até um motel. Em menos de uma hora eu ia estar metendo pra caralho.

Barão: Eu pego ele - falei pra Isabela, que ia se levantar com o Davi no colo.

Me aproximei deles e puxei o menor pro meu colo, segurando a chave do carro com uma mão e o meu filho com outra. A Isabela veio andando do meu lado, mas antes que eu pudesse colocar o Davi no lugar dele, o meu celular radinho começou a tocar.

Fiquei puto, todo mundo tava ligado que eu não gostava de ninguém me enchendo o saco naquela merda.

Barão: Fala.

- Chefe, tá rolando treta no campinho e teus menor tão envolvido no bagulho.

Fechei os olhos, buscando todo o ar que consegui para os meus pulmões.

Filhos da puta.

Sem caô, irmão. Segunda feira eu tava marcando médico pra não fazer mais filho!

Barão: Marca dez.

Desliguei o aparelho e coloquei o Davi deitado dentro do carro, a Isabela ficou me olhando, mas eu nem tive coragem de olhar pra ela.

Isabela: Barão! - ela me chamou, assim que entrou no carro, sentando do meu lado. Tava nervosa pra caralho - O que tá rolando?

Barão: Filhos... - resmunguei, apertando o volante com força e sai voando em direção ao campinho.

Eu só queria transar nessa porra.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora