DN/ALEXANDRE
Quando o Victor nasceu, minha mãe fazia de tudo pra eu ficar com a Raquel, eu to ligado que aos olhos dela, eu só sairia do crime assim. Não é novidade pra ninguém que não adiantou de porra nenhuma, continuei nessa vida.
Viemos pra cá vai fazer mó tempão e eu só espero que no meio desses planos malucos deles, não tenham ideia de que vou voltar pra Raquel, nem nada parecido. Quero que fique bem claro pra eles que ela é a mãe do filho e acabou, po. Eu respeito ela, ela me respeita e fim. Acabou, irmão!
Todo dia eu penso numa forma de ir atrás da Mariane, eu não consigo imaginar como ele deve estar e como ela passou por esses meses, tá ligado?
Sabe o que me mata? Carregar a culpa de ter causado mais sofrimento à ela, logo depois da morte da tia lá, que pra ela, era uma mãe. Mas, não dava pra esperar...
Outra coisa que me deixa puto é ter que viver como se eu tivesse 10 anos de idade novamente, tudo eu tenho que pedir permissão, tudo tem que passar pelo aval dos velhos, sem neurose, bagulho escroto do caralho.
Outro dia, fui no mercado com eles, parei num corredor, eles foram pra outro e depois minha mãe veio correndo, desesperada, como se eu fosse um menininho perdido. Que raiva!
Meu pai e eu temos batido de frente direto, ele acha que eu tenho que esperar mais pra botar a cara, já falou até que eu tenho que fazer umas sessão de laser pra tirar as tatuagens, mexer uns treco na cara. Ele tá de marola, né? Só pode.
No fim das contas, to vivendo em prisão domiciliar, tá ligado? Orando todos os dias pra essa merda acabar e pensando se um dia a mulher que eu amo vai me perdoar. Luto pra não enlouquecer, mas tem dia que é foda.
Quero muito ver meu moleque, quero muito reconstruir minha vida. Essa história de trazer ele e a mãe pra cá é maneira, mas eu espero que não seja mais uma tramoia da minha mãe. Se não, o bicho vai pegar, sou capaz de fazer uma merda.
