抖阴社区

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DN/ALEXANDRE

Quando a Mariane disse que queria ir embora, fiquei sem saber o que fazer. Essa é a minha única chance de mudar tudo isso, eu só preciso que ela me entenda. E papo reto, eu sou capaz de tudo pra essa mulher voltar pra minha vida.

Não posso ser egoísta e fingir não saber o quanto ela sofreu com tudo isso, afinal, ela viveu dois lutos em seguida e eu nunca saberei exatamente como ela passou por isso, só ela sabe o tamanho da sua dor, só ela viveu isso.

— Não vai embora não, Mari. Por favor! — tentei segurar em seu rosto, mas ela afastou a minha mão. — Você sabe como é a vida do crime, você sabe que não é só pedir demissão e sair, fazer acordo e sair. Eu sei que não foi certo te deixar todo esse tempo sem notícias, sem uma explicação e sei também que não posso exigir que você aceite as paradas numa boa. Mas, por favor, me deixa tentar te fazer entender.

— Eu já entendi o que tinha pra entender, Danilo.

— As pessoas não me chama mais de Danilo aqui. — alertei ela. — E isso faz parte do plano todo. Enfim... Fica aqui, pelo menos hoje, vamos tentar organizar as nossas ideias. Eu te dou um tempo pra você relaxar, tomar um banho, comer, descansar da viagem, enfim... Não vai não.

Ela, que antes só encarava o chão, passou a olhar nos meus olhos. Eu posso estar enganado, mas acho que a partir desse momento, as coisas começaram a mudar, mesmo que minimamente.

— Tá! Mas amanhã, eu vou embora cedo. — disse firme, mas ainda me olhava nos olhos.

— Tá bom, Mariane.

Ela se levantou e foi em direção as malas dela, pegou o celular, digitou alguma coisa, guardou no bolso e segurou nas alças, andando sem rumo pra dentro de casa.

Eu ainda fiquei um tempo na varanda, sentado, na mesma posição. Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse num jeito de convencê-la a ficar, a me ouvir e me entender. Conquistá-la foi difícil, mas reconquistar, parece que vai ser dez vezes pior.

Depois de um tempo, também entrei. Passei pela sala de televisão e estavam todos lá, exceto a Mariane e a Raquel. Sentei perto do Victor, que olhava super atento à televisão.

— Conversaram? — meu pai perguntou.

— Tentei, mas ela não tá muito afim de ideia. E eu sabia que ia ser assim, po... Falei com vocês, não falei?

— Mas ela tem que entender, filho. Tudo o que nós fizemos, foi pensando em vocês.

— Pensando em mim... Momento nenhum pensamos nela e no que ela iria passar. Mas tá maneiro, pelo menos convenci de não ir embora hoje mesmo.

Dei um beijo na cabeça do meu filho e levantei, saí pelo quintal e fui fumar mais um. Enquanto fumava, olhei pra janela do quarto onde ela estava, e a via andar de um lado pro outro, gesticulando, do mesmo jeito que ela fazia quando estava puta com alguém ou alguma parada no serviço e vinha me pedir pra ajudá-la.

Ao mesmo tempo que me sinto culpado, sei que fiz a coisa certa, sei que se não fosse desse jeito, nós não teríamos nem a chance de viver esse estresse todo aqui. Mas seja o que Deus quiser...

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