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Capítulo 8: Chapeuzinho Vermelho.

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Sai do meu quarto de fininho, segurando meu skate enquanto caminhava até a sala. Minha mãe estava andando de um lado para o outro da cozinha, com os cabelos vermelhos presos em um coque todo bagunçado. Sobre a ilha da cozinha havia um vaso enorme de rosas vermelhas, o que me fez abrir um sorriso porque sabia o que elas significavam.

—Ei, eu estou indo. —Falei, me dirigindo até a porta.

—Espera, espera... —Ela pegou uma cesta que estava perto da geladeira, erguendo o pano sobre ela antes de assentir e abrir um sorriso, vindo até mim. —Quero que leve para a Natalie, está bem? Nada de comer no caminho.

Ergui o pano xadrez quando a segurei, sentindo o cheiro delicioso de biscoitos. Levei a mão para pegar um, ouvindo minha mãe estalar a língua perto de mim quando enfiei um na boca.

—Eu disse pra não comer! —Ela tampou os biscoitos de novo, me lançando um olhar afiado e ao mesmo tempo carinhoso. —É pra Natalie. Tenho certeza que ela vai gostar.

—Por que ela se mudou pra cá? O que ela faz? —Indaguei, vendo minha mãe me olhar com os olhos cerrados.

—Ela é professora. Recebeu uma oferta de emprego aqui e se mudou. —Minha mãe ajeitou o paninho sobre a cesta, parecendo incomodada com o assunto. —Agora vá, ela já deve estar esperando.

—Tudo bem. Até mais tarde. —Dei um beijo na bochecha dela, abrindo a porta enquanto ela me observava com um sorriso. —Te amo.

—Não coma os biscoitos, Victor. —Lembrou, como se soubesse que eu fosse roubar mais alguns pelo caminho. —Te amo. Toma cuidado na rua.

Entrei no elevador, roubando mais um biscoito, fazendo uma promessa mental que aquele seria o último. Mas no caminho até a casa de Natalie eu roubei mais alguns, porque ela morava longe demais e a caminhada até lá me deixava com fome.

Entrei de novo naquele bosque, com a música explodindo dos meus fones, enquanto eu olhava para aquele mar de árvores. Roubei um último biscoito, checando a cesta para ter certeza que não daria para notar a diferença. Mas uma parte de mim tinha quase certeza que minha mãe havia colocado um número maior ali sabendo que eu iria comer. Ela sempre pensava em tudo.

Tirei o fone quando pensei ter ouvido algo, olhando ao redor com uma careta no rosto. Aquele bosque não parecia tão esquisito ontem, mas hoje estava me dando arrepios. Quando me virei pra frente para continuar a andar, quase tive uma parada cardíaca ao ver o homem escorado em uma das árvores.

—Caramba, cara, você me assustou. —Falei, levando a mão ao peito, sentindo meu coração disparado. Quase pude sentir minha alma saindo e voltando pro meu corpo.

—Tá perdido, rapaz? —Indagou, soltando uma risada. Estava usando uma farda da polícia, com uma aparência de uns 35 anos, além de estar segurando um cigarro entre os dedos. Parecia tranquilo escorado naquela árvore, provavelmente dando um tempo para fumar antes de voltar ao trabalho. —Ou fazendo alguma coisa ilegal?

—Não. Estou indo na casa de uma conhecida. —Falei, indicando o final do bosque. —Só peguei um atalho por aqui.

—Não é um bom lugar para se pegar um atalho. —O policial jogou o cigarro no chão e pisou nele.

—Já prendeu alguém aqui? —Indaguei, voltando a andar, sentindo os olhos dele em mim.

—Não, mas estou sempre de olho. —Eu ergui as sobrancelhas e ele deu de ombros. —Cuidado por onde anda.

Ele se afastou, indo na direção oposta que ele. O observei por cima do ombro, balançando a cabeça negativamente antes de seguir a diante. Talvez eu devesse repensar minhas rotas, apesar de atravessar o bosque me corte metade do tempo.

Natalie estava tentando ligar o cortador de grama quando cheguei, parecendo levar um susto quando passei a cerca e pisei no jardim. Não pude deixar de notar que ela pareceu aliviada ao erguer os olhos e me ver.

—Ah, olá, Victor. —Ela abriu um sorriso, descendo os olhos para a cesta nas minhas mãos. —Pelo visto a Chapeuzinho Vermelho resolveu trazer doces pra vovozinha.

—Você não tem idade pra ser minha mãe, imagine minha avó. —Afirmei, observando ela soltar uma risada que iluminou todo seu rosto e então pegar a cesta, dando uma boa olhada nos biscoitos.

—Vou levar isso como um elogio.

—Foi um elogio. —Falei, ganhando um apertão na bochecha dela. —Quer que eu corte a grama?

—Por favor. —Ela entrou em casa, enquanto eu deixava minha mochila e meu skate ao lado da porta e então começava a trabalhar.

Eu passei a tarde toda cortando grama, mas no final aquilo finalmente estava parecendo um jardim de novo. Natalie se ocupou em plantar algumas coisas ao redor da cerca, enquanto olhava uma vez ou outra para o bosque. Não sabia se ela era desconfiada ou só não gostava do lugar, mas tinha certeza que havia algo de errado ali.

—Minha mãe disse que você é professora. —Comentei, me sentando nos degraus da varanda enquanto observava ela plantar uma roseira.

—Sim. Eu fiz algumas entrevistas nas primeiras semanas depois que cheguei. Consegui um emprego em um estúdio de dança. —Ela abriu um sorriso, soltando um suspiro feliz enquanto eu processava aquela informação, porque não tinha sido aquilo que minha mãe tinha falado. —Já dei algumas aulas, mas acho que vou pegar definitivamente na próxima semana.

—Você da aula de dança? —Questionei, vendo ela balançar a cabeça que sim. —Do que, especificamente?

—Balé. —Ela continuou o que estava fazendo, enquanto eu pensava na possibilidade de ela estar trabalhando exatamente no mesmo estúdio de dança que Millie trabalhava e tinha aula.

—Então... —Eu fiquei de pé, passando as mãos nos meus cabelos enquanto Natalie ficava de pé e olhava pra mim. —Que estúdio é esse que você trabalha?

[...]

Eu descobri algumas coisas interessantes essa tarde enquanto conversava com Natalie. A primeira é que ela dava aula de balé para crianças, então não havia chance de ela ser professora de Millie. A segunda é que ela havia arrumado um emprego justamente no estúdio de dança que Millie frequenta. Não consigo decidir se isso é coincidência ou o destino querendo me dar um toque.

Enquanto caminhava na direção do estúdio de dança para espionar Millie de novo, entrei no sistema do colégio, soltando uma risada ao imaginar o que o diretor pensaria sobre isso se soubesse. Quando consegui o que queria, sai e apaguei qualquer rastro meu, não querendo ser pego de novo. Eu não havia mexido nas notas de ninguém, então não tinha como eles sequer desconfiarem.

Passei pela frente do estúdio, até entrar naquela construção abandonada. Guardei meu skate na mochila e enfiei meu celular no bolso, caminhando até aquelas caixas empilhadas no muro onde eu sempre pulava. Percebi tarde demais que deveria checar o outro lado antes de pular, porque quando meus pés tocaram o outro lado e me virei, dei de cara com o motivo de eu ir até ali.

—Oi. —Abri um sorriso inocente, vendo a porta se fechar atrás de Millie enquanto ela erguia as sobrancelhas.




Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora