Assenti. — Sim. O que você quer com tudo isso? O que te motiva a continuar?
Percy ficou em silêncio por um momento, parecendo pensar na resposta. Finalmente, ele deu de ombros. — Eu acho que quero o mesmo que todo mundo. Quero proteger quem eu amo, quero fazer a diferença. Mas, acima de tudo, quero descobrir o que é meu lugar nisso tudo.
A sinceridade na voz dele me pegou de surpresa. Percy sempre foi irritante, sempre cheio de piadas e provocações, mas, naquele momento, ele parecia mais vulnerável do que eu jamais o tinha visto.
— E você? — ele perguntou, virando o jogo. — O que você espera?
Eu abri a boca para responder, mas percebi que não sabia a resposta. O que eu queria? Por tanto tempo, minha vida foi guiada pelas escolhas que outras pessoas fizeram por mim — meu pai, Afrodite, o destino. Eu nunca parei para pensar no que eu queria.
— Eu não sei — admiti, sentindo um nó se formar na garganta. — Talvez eu só queira ser livre. Livre da maldita deusa do amor, livre das expectativas... livre de mim mesma, às vezes.
Percy me olhou com aquela intensidade de novo, como se estivesse tentando entender algo que eu ainda não conseguia explicar.
— Aurora, você é muito mais do que as expectativas dos outros. E se tem uma coisa que eu aprendi, é que você pode escolher quem você quer ser. Não precisa ser definida pelos deuses ou pelas suas circunstâncias.
Houve um silêncio entre nós depois disso, mas dessa vez, não era desconfortável. Talvez, pela primeira vez, eu sentisse que Percy realmente me entendia, de um jeito que ninguém mais conseguia.
(…)
A noite se estendeu à nossa frente como um manto estrelado, iluminando nossas faces com um brilho suave e misterioso. Eu e Percy continuamos a caminhar pela estrada antiga, o som de nossos passos ecoando no silêncio profundo da noite. Embora o caminho estivesse livre, a tensão no ar era palpável, como se o próprio destino estivesse se preparando para nos colocar à prova.
Enquanto caminhávamos, minha mente estava cheia de perguntas e medos. O que nos esperava em frente? O que significava a entrada no submundo? O peso da missão continuava a me pressionar, e a escuridão ao nosso redor parecia refletir a escuridão que eu sentia dentro de mim.
— Você se lembra da última vez que competimos naquelas provas de resistência? — perguntei, tentando reavivar as memórias dos dias mais simples. — As gincanas da Yancy eram terríveis!
Percy sorriu, seu olhar perdido em recordações. — Ah, como eu poderia esquecer? Você quase me deixou no chão depois daquela corrida de obstáculos. Eu ainda não consigo acreditar que você passou por mim como se eu fosse uma tartaruga.
— E você se esqueceu de que eu já era uma esgrimista experiente antes de saber quem eu realmente era? — respondi, dando-lhe um olhar desafiador. — Você estava lutando contra uma espada enquanto eu já estava dançando no campo de batalha.
Ele riu, o som leve quebrando a tensão que pairava entre nós. — Verdade, verdade. Mas, você sabe, eu sempre admirei sua determinação. Você nunca se deixou abater, mesmo quando as coisas ficavam difíceis.
Ri, lembrando-me da adrenalina e da camaradagem que compartilhamos naquela época, antes de tudo se tornar tão complicado. — Você só estava tentando mostrar que era um bom lutador. Mas vamos ser sinceros: eu sempre soube que você tinha um certo medo de lâminas.
— Medo? Eu não tinha medo! — Ele riu, batendo levemente no meu braço. — Era estratégia. Sempre que você pegava sua espada, eu só queria garantir que estivesse a uma distância segura.
— E você ainda está se perguntando por que nos colocaram nas aulas de esgrima. — Eu rolei os olhos, mas havia um calor nas nossas memórias compartilhadas. — Foi um bom tempo, apesar de tudo.
Percy olhou para o horizonte, e algo em seu olhar parecia mais pesado. — É engraçado como tudo mudou depois que descobrimos quem realmente éramos. Às vezes, eu sinto falta da simplicidade daqueles dias, quando nossas maiores preocupações eram sobre as notas nas provas e quem tinha a melhor lancheira.
Seus olhos se perderam nas estrelas, e eu o observei, sentindo um impulso de perguntar o que ele realmente queria dizer. Mas antes que eu pudesse abrir a boca, ele se virou para mim novamente.
— E você? Como se sente sobre tudo isso? — ele perguntou, a voz séria.
Eu hesitei, as palavras não saindo tão facilmente. Era mais fácil criticar Percy ou brincar com ele do que confrontar meus próprios sentimentos. No entanto, a sinceridade no olhar dele me desarmou.
— Eu... — comecei, mas as palavras pareciam falhar. — Eu estou com medo, Percy. Medo de falhar, medo de repetir os erros do passado. O que se eu deixar você na mão?
Percy deu um passo mais perto, como se quisesse me encorajar a continuar. — Você não vai. Você é forte, Aurora. Você enfrentou muito mais do que muitos heróis.
O olhar dele era intenso e cheio de compreensão, e eu senti a verdade daquelas palavras se infiltrando em mim. Um pequeno fogo se acendeu no meu interior, mas logo fui tomada por um novo pensamento.
— E se o que eu sou não for suficiente? O que eu quero, o que eu desejo, parece sempre tão distante.
Percy balançou a cabeça. — Você não precisa ser perfeita. Ninguém é. O que importa é que você está aqui agora, fazendo o que pode. Não é sobre alcançar algo grandioso; é sobre ser verdadeira consigo mesma.
As palavras dele reverberaram em minha mente. Eu passei tanto tempo me definindo pelos padrões de outros — de Afrodite, dos meus pais, das expectativas que pesavam sobre mim. O peso que eu carregava estava se tornando mais leve, e eu não sabia se isso era real ou apenas uma ilusão temporária.
— Obrigada, Percy. Para alguém que parece tão despreocupado, você dá ótimos conselhos — eu disse, tentando desviar a conversa para algo mais leve.
Ele sorriu de volta, mas algo no seu olhar mudou. Era como se, por um instante, estivéssemos mais conectados do que nunca. Havia uma compreensão que transcendeu as palavras e as provocações. E ali, sob o céu estrelado, percebi que talvez eu não estivesse tão sozinha assim.
Nosso caminho se estendia à nossa frente, e embora não soubéssemos o que viria a seguir, havia uma nova determinação dentro de mim. Estávamos juntos nessa jornada, e eu não podia deixar que os medos e as expectativas de outros me impedissem de lutar pelo que era certo.
Com um último olhar para o céu, respirei fundo e avancei, pronta para enfrentar o desconhecido ao lado de Percy, não apenas como uma parceira de missão, mas como alguém que estava começando a descobrir seu verdadeiro eu.

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